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Crítica

Diga Quem Sou – Crítica (Netflix)

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Diga Quem Sou

“Diga Quem Sou”, documentário de Ed Perkins, conta a história de Alex, de 18 anos, que perdeu sua memória após um acidente. Seu irmão gêmeo, Marcus, com a ajuda de fotos antigas, começa a narrar a infância compartilhada por ambos. No entanto, Alex não sabe que Marcus está omitindo e alterando diversos detalhes de sua vida, na tentativa de esconder uma terrível infância.

Ao invés de uma abordagem isenta e afastada, Perkins coloca o público na mesma situação de desnorteamento do protagonista. É uma câmera sem foco, pontos de vista subjetivos trêmulos e muitos planos completamente escuros e vazios, como a memória de Alex. Tudo isso em prol de uma experiência sensorial da amnésia.

Por mais que a revelação só ocorra na metade do filme, é um clima de desconfiança estabelecido muito bem através da montagem. Em paralelo a trama, flashes (como lapsos de memória) da casa de sua família são mostrados.

Ainda que inicialmente pareçam injustificados, estes passeios livres da câmera pela casa contribuem para essa sensorialidade e reforçam que a memória de Alex insiste em retornar para aquele ambiente, ainda que seu subconsciente lute contra isso.

É como se uma força magnética invisível o arrastasse. Perkins reforça tanto esse vínculo entre casa e memória que recorre a metáforas visuais, como quando filma uma árvore de galhos retorcidos que se cruzam exatamente como sinapses nervosas.

Por isso, é muito significativo quando “Diga Quem Sou” se encerra com a câmera, como um fantasma, atravessando o portão do terreno para fora da casa. É Alex finalmente se livrando das correntes de seu passado.

@universocritico

Acredito que o Cinema não é ciência, mas sentimento. Logo, o meu cinema não é o seu cinema, e vice-versa. Minha missão paradoxal é a de expressar objetivamente a minha relação subjetiva com o filme. Se quiser me conhecer, assista Two Lovers e I Killed My Mother.

Cinema

EO – O mundo visto pelos olhos de um burro

Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023

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Estreia neste dia 01/06, “EO” do diretor polonês Jerzy Skolimowski. O filme acompanha a incrível jornada de um burro, após ele ser tomado de um circo por autoridades locais em uma campanha contra maus tratos a animais.

Foi indicado ao Oscar de melhor filme internacional de 2023. “EO” é uma homenagem ao filme “A Grande Testemunha” (1966), de Robert Bresson. Segundo Jerzy, esse filme também centrado em um burro, foi o único que o fez chorar.

Acompanhamos a jornada de EO por meio de encontros e desencontros, enquanto ele observa um mundo totalmente novo. Sua visão inocente e passiva do mundo atua como a visão do próprio espectador. Um olhar sobre um mundo contemporâneo.

EO. (Imagem de divulgação).

A jornada de EO

O burro é um animal que costuma aparecer em algumas fábulas. E nesta fábula moderna, onde nem tudo é o que parece, embarcamos com EO em uma jornada perigosa com muitas descobertas e uma alternância entre momentos de angústia e outros sublimes.

O filme busca representar a percepção e a sensibilidade de EO em relação ao que ele vê e o que interage. A fotografia, a edição e a trilha musical funcionam nesse sentido de uma forma tão harmoniosa que dificilmente um espectador não se sentirá conectado ao simpático burrinho.

Kasandra (Sandra Drzymalska) e EO. (Imagem de divulgação).

A interpretação de EO

xistem alguns filmes estrelados por animais. Porém animais realmente interpretam ou simplesmente reagem a estímulos? No início do filme, EO é um artista, pois participa de um espetáculo circense-teatral com Magda. Ironicamente, após a ser libertado ele passa a ser um simples burro de carga.

Muitas vezes, EO não reage ao que acontece à sua volta no filme. Porém quando isso ocorre, é de forma surpreendente. Segundo o diretor, algumas cenas que pareciam ser complicadas sucediam de forma tranquila. Enquanto, outras que pareciam mais simples foram mais trabalhosas. 

EO. (Imagem de divulgação).

Algumas cenas também foram adaptadas de acordo com as reações e comportamento do burro. Aliás, dos burros, pois EO foi interpretado por seis burros: Tako, Ola, Marietta, Ettore, Rocco e Mela.

O poder e o mistério da natureza

Eventualmente, durante a jornada de EO vemos muitos cenários belos e solitários. Ou seja, o filme mobiliza o espectador por meio da articulação entre as locações, os sons e as cores. A natureza é exuberante. Essa exuberância é mostrada como um mundo, o qual nós humanos não paramos para prestar atenção. Um mundo que estamos despreparados para lidar ou que encaramos com descaso.

EO. (Imagem de divulgação).

Enfim, outro aspecto abordado é a comunicação. Afinal, nós, humanos, temos diversas barreiras de idiomas, presentes nos personagens dos filmes. Desse modo, essa barreira que também nos impede de entender os animais, parece inexistente para EO, inclusive quando ele se depara com outras espécies. Nesse sentido, o filme também funciona como uma defesa da causa animal.

Onde assistir EO

Em suma, o filme possui um ritmo agradável com uma trama cativante. Portanto, vale a pena conferir na tela grande!

Por último, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.

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