Cinema
Drive My Car | Um possível Oscar, espero
Publicado
1 ano atrásem
Por
Felipe Novoa
“Drive My Car” desafia a compreensão da audiência sobre o que pode se retirar de um filme. Ao contar a história do diretor de teatro Yūsuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), o diretor Ryusuke Hamaguchi brinca com a metalinguagem, com os paralelos entre vida e ficção e com a repetição de temas dentro do filme.
Baseado num conto do aclamado escritor japonês Haruki Murakami, “Drive My Car” apresenta uma parte da vida do senhor Kafuku enquanto ele lida com a perda da sua esposa e trabalha num festival de teatro. Proibido de dirigir, ele entrega o seu querido carro a uma motorista jovem (Tōko Miura) que sem saber, também toma controle da sua mente.
Atuação
Temos basicamente 3 atores principais, o já mencionado diretor de teatro Kafuku (Nishijima), a sua esposa Oto (Reika Kirishima) e a sua motorista Misaki Watari (Miura). Junto com alguns dos coadjuvantes, esses três personagens dominam a narrativa e estão num nível de coesão emocional que impressiona muitíssimo.
O elenco no geral é diverso, mas ainda assim predominantemente japonês. Por conta da estrutura do enredo, vemos atores de várias origens étnicas asiáticas diferentes. Esse elenco trabalha junto numa montagem da peça Tio Vanya do dramaturgo russo Anton Tchekhov dentro do filme. Além disso, eles servem para situar algumas considerações externas sobre os personagens principais. Um desses atore, Koji Takasuki (Masaki Okada), também traz uma energia caótica dentro da peça e da vida do Kafuku.
Temas
Esse uso dos atores estrangeiros como atores estrangeiros, ajuda a fortalecer a ideia das duas camadas em que o filme opera. Atores sendo atores, o enredo da peça pontuando o enredo do filme, etc (nada de spoilers aqui). Dessa forma, essa ideia de duplas culmina no relacionamento entre passageiro e motorista.
Continuando nesse pensamento, vemos que os duplos meio que funcionam também fora de dois acontecimentos literais; Kafuku perde o controle do carro e perde parte da visão, depois perde o direito de dirigir, mas ao invés de levar outra perda, ganha uma perspectiva que ele não teria de outra forma. A presença e conversa com Watari o ajuda a resgatar algo que ele perdeu antes. Sua vida volta a andar mesmo que ele não esteja no volante.
Curiosamente, o diretor usa de uma formalidade solene que cria um clima muito interessante entre os atores e dentro da história. Algumas das cenas são mais intensas e carnais; quase sempre com a presença do Koji, seja fisicamente, seja tematicamente, e isso contrasta com muita força com o tom geral do filme. Talvez batendo contra o estereótipo do japonês estóico, esse tipo de conteúdo choca um pouco, mas ajuda a lembrar que “Drive My Car” é mais do que só um filme japonês arrumadinho.
Impressões
Talvez, o mais desconcertante e atraente em “Drive My Car” seja justamente a aura do filme. A direção cuidadosa de Hamaguchi cria uma atmosfera estática em que o protocolo, moral e cerimonial são absolutos. O filme começa num preâmbulo que introduz os personagens, temas e cenários, como um primeiro ato de uma peça, o que dessa forma começa a criar o sentimento correto na mente da audiência. De forma calma e deliberada aprendemos sobre as personagens, o que nos situa nesse mundo de forma clara e envolvente.
Indo contra esse senso de organização absoluta, quase todas as personagens têm alguma falha, seja moral, de caráter, ou de julgamento, o que humaniza, mas não imbeciliza o roteiro. Com toda a polidez e amabilidades entre as personagens, esse tipo de características mais mundanas se tornam quase bombásticas no contraste que ela oferece ao resto da película.
Assim, “Drive My Car” acaba sendo um filme que mesmo com contrastes fortes, se mostra como uma experiência singular, bem amarrada e sublime.
Conclusão
Finalmente, “Drive My Car” carrega todos os tropes de um filme de estrada. A ênfase em uma narrativa que leva a meditação, uma fotografia controlada e zen, e um foco nas mudanças sutis mas essencialmente dramáticas no percurso e nos que nele viajam. Um longa impactante que mesmo com três horas de extensão não consegue cansar, nem parece ter sido alongado desnecessariamente.
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Crítico/fotógrafo. Atualmente focando na graduação em jornalismo e escrevendo muito.

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Cinema
Crítica | Transformers: O Despertar das Feras
Sétimo da franquia é mais do mesmo, mas superior a outros
Publicado
2 dias atrásem
7 de junho de 2023
O início de Transformers O Despertar das Feras (Transformers: Rise of the Beasts) é frenético, com uma boa batalha. Em seguida, conhecemos os protagonistas humanos, que são mais cativantes do que de outros filmes. O rapaz latino Noah Diaz (Anthony Ramos) e seu irmão (Dean Scott Vazquez), o qual serve mais como uma metáfora para o espectador. E a divertida Dominique Fishback, como Elena Wallace.
Nessa primeira parte do filme há algumas boas críticas, como o fato de Elena ser uma estagiária e saber muito mais que sua chefe, porém, sem levar nenhum crédito por isso. Enquanto Noah tem dificuldades de arrumar um emprego. Há aqui uma relevante abordagem sobre periferia (Brooklyn) ao vermos alguns dos desafios da familia de Noah, o que o leva a tomar decisões errôneas. A princípio, é um bom destaque essa caracterização dos personagens, em especial, favorece o fato da história se passar em 1994.
Dessa vez, o diretor é Steven Caple Jr., o qual não tem a mesma capacidade de Michael Bay para explosões loucas e sequências de ação. Steven faz sua primeira participação nesse que é o sétimo filme dos robôs gigantes. Ele era fã de Transformers quando criança e procura mostrar os Maximals (Transformers no estilo animal) de uma maneira autêntica.
Aliás, veja um vídeo de bastidores e siga lendo:
O público alvo do longa é o infanto-juvenil, que pode se empolgar com algumas cenas. Contudo, no geral, o roteiro é um ponto fraco. O Transformer com mais destaque aqui é Mirage, que fornece os instantes mais engraçados da história e faz boa dupla com Noah.
Além disso, as cenas no Peru e a mescla de cultura Inca com os robôs alienígenas é válida, com alguma criatividade e algumas sequências tipo Indiana Jones. Há muitas cenas em Machu Picchu e na região peruana que são belíssimas e utilizam bem aquele cenário maravilhoso. Vemos, por exemplo, o famoso festival Inti Raymi em Cusco, antiga capital do Império Inca, o qual o longa usa com alguma inteligência. Pessoalmente, essas partes me trouxeram lembranças pelo fato de que já mochilei por lá (veja abaixo), então aqui o filme ganhou em em relevância pra mim.
O longa se baseia na temporada Beast Wars da animação e traz o vilão Unicron, um Terrorcon capaz de destruir planetas inteiros. Na cabine de imprensa, vimos a versão dublada, a qual ajuda a inserir no contexto dos anos 90 com gírias da época.
Por fim, dentre os filmes dessa franquia que pude ver, esse sétimo está entre os melhores, apesar de ser somente regular, e conta com momentos divertidos. Além disso, a cena pós-crédito (só há uma) promete um crossover com muita nostalgia, Transformers: O Despertar das Feras chega aos cinemas de todo o país na próxima quinta-feira, 8 de junho.


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