Dois ou Dez. O nome vem dos jogos de futebol nas ruas do Centro do Rio de Janeiro. A princípio, nas disputas entre os times, eram dois gols ou dez minutos, para troca de adversário. Entre gols e dribles, os integrantes da Banda Dois ou Dez se uniram: Marcos Zinid, Gui Nery, Felipe Bonis, Orlando Sireno e Fábio Fagaso. Para eles não tem fim da linha e nunca é tarde para positividade. Ainda por cima são os produtores do Alternativo Rock Club que visa fortalecer o cenário dos grupos musicais independentes do Brasil. Enfim, confira a entrevista.
Alvaro Tallarico: O refúgio de vocês é a música? E como está sendo esse momento de isolamento? Muita criação?
Banda Dois ou Dez: A música sempre foi o nosso refúgio. Acreditamos que seja o refúgio de todos os artistas, independentes ou não, que fazem da música um dos trabalhos mais prazerosos que existem. Pela música conseguimos externar nossos desejos e sentimentos mais íntimos.
O isolamento está sendo um desafio para todos nós, que estamos acostumados com o calor do público. A saudade dos palcos aumenta a cada dia.
Estamos aproveitando esse período de isolamento para escrever letras novas, que serão usadas futuramente na composição de músicas inéditas. Pra gente, esse é o lado mais positivo da quarentena.
AT: Vocês parecem ter muita inspiração no Rappa, inclusive o carisma do vocalista lembra, mas seguem um estilo aparentemente mais direcionado para o pop rock, é isso mesmo?
Banda Dois ou Dez: Exatamente. O Rappa sempre foi referência para todos nós, músicos, pela qualidade que dispensa comentários. O nosso vocalista, Marcos Zinid, sempre foi elogiado pela energia, carisma e entrega nos palcos. Achamos
que esses atributos sejam os que mais se assemelham à identidade que O Rappa demonstrou em sua trajetória de sucesso.
AT: Paz para viver. É um dos grandes objetivos que gostariam de alcançar com suas composições?
Banda Dois ou Dez: É um dos grandes objetivos, com certeza. Todos nós buscamos isso durante a vida, mas o principal objetivo é que possamos compartilhar essa paz através de nossas composições.
AT: Vocês fazem questão de passar uma positividade reflexiva nas canções?
Banda Dois ou Dez: Sim. Buscamos despertar o lado reflexivo das pessoas que nos ouvem através de músicas que, de alguma maneira, possam se identificar com os sentimentos sentidos por elas.
Aliás, veja o clipe “Fim da Linha”:
AT: Quais são as alegrias e as agruras de lutar para viver de música no Rio de Janeiro?
Banda Dois ou Dez: Vamos falar primeiro das alegrias, que são muitas. É muito bom ver as pessoas compartilhando o seu trabalho de maneira gratuita, receber um elogio de uma pessoa desconhecida, que se identificou e curtiu o nosso som e o calor e a energia que sentimos do público quando estamos no palco. Com relação às agruras, diz respeito aos empecilhos que a maioria dos músicos independentes sofrem no dia a dia, como a falta de valorização e incentivo no cenário, tirando algumas exceções. Alguns
profissionais da área que desrespeitam o nosso trabalho e, principalmente, as pessoas que tentam se aproveitar da nossa condição.
AT: Como é ter uma base em um dos pontos turísticos mais visitados (Escadaria Selarón) da Cidade Maravilhosa, no bairro que é o coração cultural e musical da cidade?
Banda Dois ou Dez: É maravilhoso! As ruas da Lapa transpiram arte, de todos os jeitos. É muito bom descer as escadas e conhecer outros artistas na mesma correria que a gente, lutando para que a sua arte seja reconhecida. A energia que a Escadaria Selarón transmite parece um coração pulsante.
AT: Vocês idealizaram, produzem e encabeçam um festival que movimenta muito o cenário independente do Rio de Janeiro. Primeiramente, parabéns pela iniciativa. De onde veio essa ideia?
Banda Dois ou Dez: Muito obrigado! Essa ideia foi do Fábio Fagaso, baterista da banda e principal produtor do evento, que buscou uma nova alternativa para que as bandas independentes e os artistas de diversas regiões pudessem disseminar a arte para novos públicos, aumentando o incentivo e troca de experiências entre nós, do meio musical.
AT: Vocês advogam pela união de diferentes bandas e artistas onde todos possam se ajudar a crescer?
Banda Dois ou Dez: Sempre foi a nossa principal bandeira. A prova disso é a idealização do festival Alternativo Rock Club, citado antes. Devemos nos juntar para fomentar o crescimento do cenário carioca e, consequentemente, o nosso.
AT: Nunca é tarde para mudar?
Banda Dois ou Dez: Nunca é tarde pra mudar! A mudança faz parte da evolução pessoal e artística.
AT: Afinal, é melhor dois gols ou dez minutos?
Banda Dois ou Dez: Dois gols, pra dar lugar ao time que está “de fora”.
Galera do bem! Energia nas alturas! Todos eles são meninos de ouro!!! Sou suspeita assumida e fã de carteirinha! ??