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Entrevista: Cortesia da Casa apresenta ‘Vilão Particular’, fala da trajetória e destaca hits

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Foto do Cortesia da Casa com Philipi Tangi e Renato Sheik

Após intervalo de quase um ano, o duo Cortesia da Casa chega com novidades. Desta vez, os rappers Philipe Tangi e Renato Sheik, trazem o segundo álbum da carreira, o “Vilão Particular”. Esse trabalho marca a nova fase da dupla que já passou por algumas formações e mudanças em sete anos de existência. Com seis músicas, o disco foi produzido por Guto Dufrayer, Rodrigo Kuster e Neobeats.

A faixa que dá nome ao álbum conta com a participação de Xamã, que lançou recentemente o “Zodíaco”, e o grupo de pagode Sorriso Maroto. Diretamente do estúdio, Renato e Tangi conversaram sobre os primeiros passos, a sucessão de views, suas influências e, é claro, explicaram detalhes sobre o “Vilão Particular”. Confira a entrevista completa:

Cortesia da Casa, o início

Aos 12 anos o rapper, Renato Sheik, já tinha uma familiaridade com a música, principalmente em relação ao pagode e o samba. Na época, ele gravava vídeos cantando e soltava na internet. A brincadeira resultou num convite para um evento em outra cidade, mas devido à pouca idade o sonho foi adiado. Sua história mudou quando amigos apresentaram o Rap. “O Rap meio que já estava naturalmente comigo, todos os meus parceiros da rua e de vida já gostavam de rimar. Só que era um estilo diferente do que eu comecei a fazer porque sempre tive essa parte melódica. Eu gostava de cantar samba e ter outras influências”, conta. 

Já Philipe Tangi também gosta dos mesmos gêneros musicais por ouvir continuamente a sua mãe e irmãos escutarem em casa, mas a história se desenrolou diferente. A influência do Rap veio no período em que jogava basquete, ele pedia as fitas e dvd’s para a sua mãe e procurava saber quem eram aqueles artistas. “Eu tentava me vestir igual aos caras. Com uns 12 anos fiz a minha própria letra e mostrava para os amigos. Eles falavam que era maneiro, mas é óbvio que não era (risos). Comecei a levar a sério mesmo quando um amigo que era do Naturalis Mc’s me chamou para fazer uma música e na mesma semana da composição ele me chamou para fazer um show mesmo sem ter lançado. Depois da primeira canja eu pensei: ‘Porra, é isso que quero para a minha vida sabe?!”, explica Tangi. 

Foto: Divulgação

O encontro dos dois aconteceu mais tarde, ambos encontraram o produtor Neobeats. Aliás, no início, o chileno chegou a trocar seus beats por açaí em combinado com os cariocas que não conseguiam pagar pela batida. A familiaridade com o estilo musical e os gostos similares fizeram com que se aproximassem e fizessem algo próprio, primeiro com Tangi e Neo e depois a integração de Renato.

“A gente acabou fazendo Rap, de repente tinha um refrão e eu comecei a gostar de cantar. Antes a gente tinha umas batidas muito pesadas com influência do Neo, depois botamos instrumentos. Fomos aprimorando e estudando a nossa própria identidade. Tanto que o estilo do novo álbum é uma parada que a gente não fez ainda, com mais instrumentos e a maioria das coisas são orgânicas”, contam. 

100 milhões de views e certificado de plantina

Seguindo a cronologia das fases desses artistas que participaram muito das rodas culturais do Rio de Janeiro, um dos momentos que ajudaram a alavancar a carreira do Cortesia da Casa foi o single “Convite” que proporcionou a vivência na estrada. “A gente foi se preparando porque sabia que alguma coisa muito grande ia acontecer com a gente uma hora ou outra, tá ligado? Pelo esforço e a dedicação que a gente sempre teve”, explica Tangi. E aconteceu.

Em 2018, o single “Pouca Pausa” em parceria com Clau e Haikass gerou um certificado de platina para o Cortesia, além de mais de 100 milhões de visualizações no YouTube e no Spotify. “Eu fui entendendo que a gente pode ser muito foda”, afirma o artista. Renato concluiu dizendo que esse foi um crescimento artístico, um aprendizado que foi se concretizando. Agora, o objetivo de ambos é ultrapassar a marca desse single. “A gente não quer uma ‘Pouca Pausa’, a gente quer 100 ‘Poucas Pausas’. Temos que trabalhar e estudar muito mais”, diz Philipe. 

Bom, o cenário pandêmico foi um episódio diferente para os artistas em geral. Com uma agenda de shows recheada, eles tiveram que cancelar tudo. Apesar disso, a dupla conseguiu produzir bastante nesse período. O Cortesia da Casa lançou em abril o clipe de “Uhhh Lá Lá” com Tropkillaz, e agora chega com o novo álbum e mais um trabalho audiovisual. “Foi bem conturbado mesmo porque foi um baque, né?! As coisas só foram piorando e a gente se uniu e falou: ‘Cara, vamos fazer música. Vamos desfocar dessa parada aí, ficar em casa e fazer música”, explica Tangi sobre o início do isolamento social. 

A saudade de shows é constante e ele acrescentou: “A primeira coisa que eu quero fazer é um show. Não quero nem, sei lá, tomar banho. Quero ir direto para um show quando acabar isso aí. Esse tempo foi bom pra tentar ficar bom da cabeça, entender como é a nossa cabeça e foi isso, cara. A gente tá feliz porque finalmente vamos lançar esse álbum, ficamos um ano sem lançar música e agora chegou o momento.”

Sobre o ‘Vilão Particular’

Depois de quatro anos do disco “Soul Rap’ e o lançamento de alguns singles durante esse tempo, ambos optaram por um projeto mais robusto. Além disso, a ideia era marcar as épocas do Cortesia, já que de 2017 para cá algumas mudanças aconteceram. Os disco varia entre lo-fi, músicas românticas e ritmo latino. “Tem mais dançante; tem a ‘Vilão’ que é muito romântica; a ‘Não Me Conta’ que já é uma parada mais pra frente, um beat mais pra frente; tem a ‘Terrível’ que já é uma batida que a gente costumava fazer… Então se aproxima do Cortesia antigo só que com uma pegada de hoje em dia, sabe? Ah, e tem a ‘Adios’ com a Lary e é bem parecida em questão de ritmo com a ‘Pouca Pausa’.

Quando perguntados a respeito das escolhas das canções, eles dizem o seguinte: “Quando a gente faz um álbum, a gente tenta fazer como se fosse uma história. Cada faixa é uma letra diferente e só se complementam. Pegamos umas cinquenta músicas, fizemos uma seleção e vimos quais mais se pareciam. A gente chegou num consenso de seis.”

Sobre o título, eles dizem que o vilão particular pode ser a própria pessoa. Mas, quando se trata de romantismo, a definição é alterada. Segundo Renato, vilão particular é aquele que vai chegar junto e que você sempre irá recorrer. Enquanto Tangi explica que nessa história existe a vilã também e conclui: “É aquela pessoa que… porra… Tu não queria ligar, mas tá chovendo. E fala, ‘Ah, vou ligar pro meu vilão aqui’. Eu já fui muito vilão e já tive vilãs.”

Foto: Divulgação

Part. de Xamã e Sorriso Maroto

O encontro com o Xamã e o grupo Sorriso Maroto aconteceu de forma natural. Os meninos do Cortesia da Casa já tinham uma música com o rapper, a ‘Pronto’ e pensavam sobre uma nova participação. “A gente sempre se encontrou em festas e shows. Já fizemos show junto e tudo. Na hora da criação da música ele já tava ali como primeiro nome e super aceitou. Ele já tava construindo o CD novo que tem a pegada mais romântica e é bem diferente do outro que era uma parada mais pesada. E juntou, né?” 

Com o Sorriso Maroto, a oportunidade surpreendeu os dois que curtiram muito a novidade oferecida pela gravadora Universal Music. “A gente falou: ‘Porra, é agora né?! Só pode ser!’ Os caras se amarraram, o Bruno (Cardoso) se amarrou. Ele se amarra em Rap e já queria fazer uma parada assim. O irmão dele é do Rap e foi muito legal porque a gente gosta de pagode e samba. O Xamã gosta de pagode e samba, e o Bruno gosta de Rap. Juntou todo mundo ali, todo mundo gosta da mesma coisa. A gente se veste igual e fala igual (ri). Foi uma parada bem natural, só faltava esse encontro”, Tangi conta com entusiasmo. 

Influências do Cortesia da Casa

Criar uma música nova não é lá tão dificultoso para os dois, pelo contrário, tudo funciona de forma natural. Eles passam horas escutando sons nacionais e internacionais, entre diferentes gêneros musicais. Com isso, a vontade de escrever logo surge e complementam com algum instrumental que já tenham ou que mandam eventualmente ao Cortesia.

Para os dois, tudo é interessante e as coisas acontecem de forma espontânea: “Tem dias que a gente vem pra cá e ouvimos música, bebemos uma paradinha e no dia seguinte no nosso subconsciente vem alguma coisa que a gente nem lembra que ouviu e surge na hora ali. É um processo bem natural que a gente já faz há mais de cinco ou seis anos, ficamos ouvindo a música e na hora de fazer flui”, explicam sobre o processo de criação.

Renato Sheik finaliza dizendo sobre as suas influências: “No meio musical é muito aleatório mesmo. Se tu parar um dia pra escutar música com a gente, tu vai ver e falar: ‘Porra, são é maluco na real.’ Vai começar tipo num pagode e depois vem um Hip Hop, depois pode rolar um forró, Rock and Roll e terminar na clássica, sabe? É uma parada muito louca mesmo.”

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Trilha de Letras exibe entrevista inédita com Jeferson Tenório

Autor de ‘O avesso da pele’ fala da polêmica envolvendo seu livro.

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Trilha de Letras.

O escritor Jeferson Tenório é o convidado da edição inédita do Trilha de Letras que vai ao ar na TV Brasil nesta terça-feira (19), às 22h30. Com condução de Eliana Alves Cruz, o autor fala, na entrevista, sobre a polêmica envolvendo O Avesso da Pele (2020), censurado em escolas de três estados brasileiros.

“Foi uma surpresa pela criatividade das interpretações e, também, pela repercussão”, conta o autor. Para ele, toda a polêmica em torno da obra mostra o quanto o romance, vencedor do Prêmio Jabuti, incomoda o segmento ultra conservador da sociedade. “Acho que talvez o livro tenha sido a bola da vez. É uma obra que carrega algumas questões sensíveis como, por exemplo, a violência policial”, completa.

A censura

Após a obra ser aprovada em 2022 para integrar o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) – política do Ministério da Educação (MEC) que avalia e disponibiliza publicações às escolas públicas -, as secretarias de educação do Mato Grosso do Sul, de Goiás e do Paraná afirmam que o livro O Avesso da Pele apresenta “expressões impróprias” para menores de 18 anos. Em função da linguagem inadequada e da descrição de atividade sexual citadas pelos órgãos, o livro distribuído aos alunos do Ensino Médio precisaria ser reavaliado ou retirado das bibliotecas das instituições.

Ao narrar a história do personagem Pedro, que teve o pai assassinado em uma abordagem policial, Jeferson Tenório trata de temas como racismo, educação, amor aos livros e relacionamentos familiares – e revela um país marcado pelo preconceito e por um sistema educacional falido.

Professor da rede pública de ensino, o escritor fala ainda sobre sua experiência em apresentar livros diversos aos alunos; as conexões políticas entre ascensão da extrema direita no mundo e a censura; e sobre ser um escritor negro.

O autor

Jeferson Tenório. Foto: Divulgação.

Carioca radicado em Porto Alegre, Jeferson Tenório estreou na literatura com o romance O beijo na parede (2013), eleito o livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores. É autor também de Estela sem Deus (2018), que teve textos adaptados para o teatro e contos traduzidos para o inglês e o espanhol.

A respeito do caminho para a formação intelectual e literária dos brasileiros, Tenório acredita que é preciso que a sociedade encare e resolva eventos históricos que chamou de “trágicos”: a escravidão e a ditadura. “Apenas políticas públicas podem impedir retrocessos no que já avançamos em relação ao racismo e à censura”, destaca.

O programa

O Trilha de Letras busca debater os temas mais atuais discutidos pela sociedade por meio da literatura. A cada edição, o programa recebe um convidado diferente. A atração teve idealização da jornalista Emília Ferraz, em 2016, atual diretora do programa que entrou no ar em abril de 2017. Nesta temporada, as gravações aconteceram na BiblioMaison, biblioteca do Consulado da França no Rio de Janeiro

A TV Brasil já produziu três temporadas do programa e recebeu mais de 200 convidados nacionais e estrangeiros. As duas primeiras temporadas tiveram apresentação do escritor Raphael Montes. A terceira, de Katy Navarro, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A jornalista, escritora e roteirista Eliana Alves Cruz assume a quarta temporada, que também ganha uma versão na Rádio MEC.

Serviço

Trilha de Letras com Jeferson Tenório

Estreia: Terça-feira, 19 de março, às 22h30, na TV Brasil.

Reprises:

Quarta-feira, 20 de março, às 03h30, na TV Brasil.

Quarta-feira, 20 de março, às 23h, na Rádio MEC.

Sábado, 23 de março, às 18h30, na TV Brasil.

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