Hoje, em Vila Nova de Gaia, na região do Porto, em Portugal, tem a inauguração do World of Wine. No Brasil e no mundo, uma das minhas motivações é entender, por meio da Geografia, as razões que fazem produtores e empresas olharem para regiões pouco prováveis para um tipo de cultura. Por exemplo, é perfeitamente compreensível entender os motivos da viticultura e da vitivinicultura se instalarem na região sul do Brasil. Afinal, tem a questão do solo, clima e habitação dos então colonos, ligados pela cultura vinda dos seus países de origem. Entretanto, uma curiosidade que pesquiso é a implantação no nordeste, considerando-se o conhecimento geral que se tem sobre a localidade, a qual acabou se transformando na segunda maior região produtora de vinho do país.
Uvas europeias no nordeste brasileiro
Na década de 1960, no Nordeste, iniciou-se a plantação de uvas europeias. Cerca de vinte anos depois, deu-se início a tentativa de plantios de uvas para fabricação de vinhos de alta qualidade. Foram levados enólogos do Sul do país, onde já havia algum desenvolvimento dessa tipologia de cepas e, nesse início de produção, perceberam que algumas cepas se adaptavam melhor que outras, o que ajudou a configurar o mercado brasileiro nas décadas seguintes.
Objetivou-se elaborar um ensaio acerca do desenvolvimento produtivo da região estudada nessa pesquisa relacionando – o com as políticas ambientais e o avanço de técnicas agrárias. Desenhamos o cenário do estabelecimento dos vinhedos na região do nordeste e Vale do São Francisco a partir da implementação de políticas de fomento para agricultura permitidas devido à programas de irrigação para regiões semi – áridas dos arredores deste local.
A viticultura nordestina, visto que não possuindo o status de tradição no mundo dos vinhos, busca por meio de técnicas próprias e adequadas ao espaço, cultura e condições ambientais locais, criar um produto que seja, mesmo que estabelecido sob os processos e matéria provindos de países da Europa, singular e dotado de peculiaridades únicas, assim como as regiões de Vinhos Verdes e do Douro em Portugal.
WOW – World of Wine
Enquanto nessa região brasileira há a possibilidade de produzir de quatro a cinco safras anuais devido ao controle da produção feito pelo homem, com aptidão aos espumantes e testes de castas e mão de obra qualificada vindas de terras lusitanas, na região de Vinhos Verdes, localizada no norte de Portugal, encontra-se a produção do reconhecido vinho verde, com caráter leve e fresco, que tem uma tendência a se espalhar pelo Brasil, por ser uma boa opção de bebida para épocas de calor. Aliás, no vale do Douro, a nordeste, está localizada a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), uma grande universidade que forma profissionais para esse ramo. Lá encontramos as características perfeitas para o vinho do Porto. Tais características unem essas regiões tão distintas e distantes tornando-as especialmente particulares, próprias e únicas no mundo.
E, por falar em coisas únicas no mundo, a inauguração do World of Wine em Portugal é hoje, às 19h. O projeto foi classificado como de Potencial Interesse Nacional (PIN), tendo um investimento total superior a 100 milhões de euros. O acesso ao local é totalmente livre. Porém, para visitar os museus são necessários bilhetes. A saber, consiste em todo um quarteirão focado no vinho, com 5 museus, 8 restaurantes e cafés, além disso, uma escola de vinhos. Enfim, o maravilhoso mundo do vinho continua a crescer e, seja onde for, estarei lá para conferir.