Golda Meir foi primeira-ministra do Estado de Israel entre 1969 e 1974. Em 1973, precisou enfrentar a Guerra do Yom Kippur, um conflito militar ocorrido entre uma coalizão de estados árabes, liderada por Egito e Síria, contra Israel. Tem esse nome por acontecer exatamente no dia de Yom Kippur, o dia mais sagrado do judaísmo. Golda – A mulher de uma nação retrata exatamente os dias de guerra e a reação de Golda frente a tudo o que aconteceu.
Já em tratamento contra um câncer na época, Golda – A mulher de uma nação foca nas responsabilidades e decisões da primeira-ministra, também conhecida como a dama de ferro de Israel. O foco é mesmo a guerra e em tudo o que ela precisou fazer em relação ao conflito. Sua relação com todos os envolvidos, incluindo Henry Kissinger, secretário de Estado dos EUA. Mas mostra, também, pelo menos um pouco, a mulher que Golda era no pessoal, escolhendo mostrá-la fazendo suas tarefas de casa e a relação maternal que tinha com sua assistente.
Para exemplificar, fique com o trailer:
Helen Mirren
Golda Meir é interpretada pela gigante Helen Mirren. Já exaltada por Hollywood, provavelmente será ainda mais após esse filme. Um provável Oscar vem aí, já que ela está irreconhecível e sabemos que a Academia gosta de premiar atores e atrizes que modificam bastante para um papel. Apesar de ser algo polêmico em algumas ocasiões, dessa vez o prêmio seria justo. A atriz esbanja qualidade nos pequenos detalhes. As ações não precisam ser expansivas para reconhecermos a grandiosidade da atuação. Firme, porém contida em seus movimentos, Golda Meir não pedia uma interpretação pra fora. E Helen é detalhista em cada movimento, cada ação e não-ação.
Claro que aí também é preciso parabenizar o diretor, Guy Nattiv, por saber escolher cada momento a ser mostrado. Ou não mostrado. As cenas onde mostra os horrores da guerra ficam ainda mais angustiantes quando ele escolhe não mostrar imagens, mas apenas sons. Por ter crescido ouvindo falar sobre a Guerra de Yom Kipur e Golda Meir, o diretor israelense sabe o que mais pesava e o que causava mais assombro entre as pessoas que passaram pelo conflito. E tentou passar esse mesmo efeito para os espectadores. Conseguiu com louvor.
Guerra
Por falar em detalhes, o som de Golda – A mulher de uma nação é algo a se pontuar. Já é de praxe que filmes que retratam guerras ganhem, por exemplo, os prêmios de melhor som e mixagem de som quando indicados a premiações. Tal fato se dá por serem, sempre, muito bem-feitos. É preciso uma qualidade alta para se dar a impressão verdadeira de uma guerra, e para isso é preciso de muito trabalho. No longa, há o adendo de, muitas vezes, o som estar sendo ouvido a partir de gravações ou telefonemas. Algo que aumenta a dificuldade e só mostra ainda mais a qualidade da equipe de áudio do filme. Vai ser difícil ganhar desse filme na próxima edição do Oscar.
Por se tratar de guerra, contudo, há de saber que não é um filme para todos. Quem é muito sensível e não suporta assistir pessoas sofrendo, recomendo ficar longe das salas de cinema. Ainda mais por saber que se trata de um conflito que realmente existiu, torna ainda mais difícil de assistir.
Elenco de estrelas
Além da estrela maior do longa, Golda – A mulher de uma nação traz outros rostos bastante conhecidos. Liev Schreiber interpreta Henry Kissinger, o ministro de Estado norte-americano a quem Golda pede apoio. É com ele que Golda tem um dos diálogos mais interessantes do filme, onde ambos dizem frases de efeito muito interessantes. Camille Cottin, muito conhecida por quem assistiu a maravilhosa série Dix pour cent, está no ponto como a assistente de Golda, Lou. Henry Goodman, Ed Stoppard e Ellie Piercy são alguns dos nomes que também completam o elenco. Todos, sem exceção, muito bem em seus papeis.
Apesar da alta qualidade de todas as equipes do filme, Golda – A mulher de uma nação é um pouco cansativo. Talvez, se tivesse meia hora a menos, cansasse menos. Ele é desgastante emocionalmente. E também deixa um pouco a desejar no que se trata de mostrar o pessoal de Golda. O público consegue perceber quem era ela em suas decisões tomadas em relação ao conflito, mas fica um gostinho de “quero mais” sobre a mulher Golda. Se o objetivo do diretor foi lançar curiosidade sob a figura dessa mulher forte e, ainda assim, sensível, ele atingiu seu objetivo em cheio.
Exibido no 73º Festival Internacional de Berlim, Golda – A mulher de uma nação estreia no dia 31 de agosto nos cinemas de todo o Brasil.
Ficha técnica
O acidente
Reno Unido/EUA | 2023 | 1h40min | Biografia, Drama, Histórico
Título original: Golda
Direção: Guy Nattiv
Roteiro: Nicholas Martin
Distribuição: Diamond Films
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