A Volta ao Mundo – Bambas (VMB) se consolidou como a maior organização de capoeira do mundo, transformando a modalidade em um ambiente profissional e competitivo. Desde sua criação em agosto de 2022, a entidade distribuiu mais de meio milhão de reais em premiações, atraindo atletas consagrados e revelando novos talentos. O sucesso do projeto impulsionou o crescimento de circuitos ranqueados e gerou um aumento expressivo no número de competições, colocando a capoeira no cenário das lutas de alto nível.
A profissionalização da capoeira veio como resposta à evasão de atletas para esportes como MMA, jiu-jítsu e boxe, que ofereciam melhores perspectivas financeiras. A VMB criou um sistema sólido, com regras definidas, ranking e premiações atrativas, permitindo que capoeiristas pudessem viver do esporte sem precisar migrar para outras modalidades. Hoje, a organização conta com mais de 300 equipes oficiais e realiza cerca de 100 torneios por ano em diferentes países.
Além do crescimento esportivo, a VMB também passou por uma reformulação de identidade, trocando seu nome de Volta do Mundo – Bambas para Volta ao Mundo – Bambas.
A mudança reforça o caráter global da capoeira, mantendo a tradição do termo “dar a volta ao mundo”, amplamente utilizado nas rodas. O termo “Bambas” segue presente para destacar a ginga e a maestria dos capoeiristas, consolidando o equilíbrio entre tradição e modernidade.

O impacto financeiro e midiático da Volta ao Mundo – Bambas é inegável. Em outubro de 2024, um evento realizado em Brasília pagou R$ 100 mil ao campeão, valor inédito na luta-dança brasileira. A competição, que contou com a participação de ex-lutadores do UFC, foi transmitida ao vivo pela Com Brasil TV, atingindo um público de 15 milhões de espectadores. Em fevereiro de 2025, Santa Catarina sediará um novo torneio, reafirmando o compromisso da organização com premiações milionárias e visibilidade global.
Para Saverio Scarpati, diretor-executivo da Volta ao Mundo – Bambas, a missão da entidade vai além do dinheiro. “Nosso foco principal é profissionalizar a capoeira sem apagar sua essência histórica. Queremos que cada roda sirva de inspiração para que os atletas sonhem com o cinturão e a premiação, mas também mantenham viva a herança cultural”, afirmou.
Com um modelo inovador, a Volta ao Mundo – Bambas mostra que nossa luta-dança pode alcançar um patamar de competitividade semelhante ao das grandes artes marciais, fortalecendo a tradição afro-brasileira e garantindo um futuro promissor para seus praticantes.
PL 3640/2020 e a regulamentação da profissão de professor de Capoeira
Além disso, o PL 3640/2020, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, busca regulamentar a profissão de professor de Capoeira, reconhecendo formalmente os mestres e estabelecendo critérios para o ensino da prática. No entanto, a proposta gera preocupações, pois não define quais entidades serão responsáveis pelo reconhecimento dos mestres, o que pode dificultar a atuação de muitos profissionais que já exercem a função sem um vínculo institucional formal. Além disso, há o risco de limitação ao trabalho dos professores, obrigando-os a se filiar a entidades específicas sem clareza sobre os critérios e mecanismos desse processo.

A Capoeira, que historicamente foi marginalizada e perseguida, conquistou espaço em escolas, universidades e academias, sendo reconhecida como prática esportiva e educacional. A regulamentação pode trazer benefícios, mas a falta de definição no texto do projeto levanta dúvidas sobre a manutenção dos direitos de quem já atua na área. Se aprovado sem ajustes, o PL 3640/2020 pode criar barreiras para mestres que dependem da luta-dança como meio de sustento, tornando necessária uma revisão para garantir que a regulamentação fortaleça a modalidade sem restringir a atuação de seus profissionais.
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