O diretor Ken Loach costuma levar debates sociais às telas de cinema com seus filmes. E O último pub não é diferente. O tema principal, dessa vez, é a imigração de refugiados para a Inglaterra – no caso, de sírios – e a xenofobia que o fato faz vir à tona. Em um roteiro bastante sensível de Paul Laverty, parceiro do cineasta há mais de 30 anos, o longa critica o preconceito que vem ficando cada vez mais transparente na Europa nos últimos. Contudo, no caso, apesar de deixar muito claro o quanto esse ódio ao estrangeiro é errado, o roteiro e a direção não apenas vilanizam seus perpetradores, mas explicam de onde essa raiva vem.
Enredo
O último pub se passa em um vilarejo no nordeste da Inglaterra, que se dedicava à mineração. Enquanto as minas estão sendo fechadas, assim como o comércio e escolas também, a população local começa a ir embora, deixando para trás apenas os moradores que não conseguem se reestruturar em outras áreas do país. É neste contexto de abandono e negligência que a região começa a receber refugiados sírios, realocados pelo governo justamente por ser uma área desvalorizada.
TJ Ballantyne (Dave Turner), proprietário do pequeno pub do vilarejo – The Old Oak, que dá nome ao filme no original – tenta manter seu negócio aberto. Ele conhece a jovem síria Yara (Ebla Mari). Enquanto uma inesperada amizade nasce entre os dois, o preconceito dos moradores da cidade cresce contra os novos habitantes da cidade.
Luta social
Apesar de ter um resolução fácil e utópica, O último bar tem sucesso ao exprimir bem a realidade de cidades interioranas da Inglaterra. E, também, a vida dos imigrantes, principalmente refugiados de guerra. Serve bastante para mostrar às pessoas que acreditam que a Europa é sempre melhor que seus países de origem que a vida real é bem diferente de suas idealizações. Principalmente se você for para uma cidade que já está tendo problemas econômicos e você é visto como mais um empecilho para seu sucesso. O que, no nosso mundo globalizado e cada vez com mais desemprego, acontece muito.
O filme também deixa claro que a ignorância é um grande fator para o preconceito. E enquanto não houver uma verdadeira vontade de enxergar diferente e buscar novos olhares e entender o que está acontecendo, nada vai mudar. O roteiro também faz questão demostrar que, se você chegar perto, vai ver que está todo mundo na mesma e é todo mundo mais parecido do que parece. Pode ser um discurso batido, mas a forma com que o trabalho esse tema é bastante distinta do que costumamos ver por aí.
E isso tudo com uma fotografia bem interessante e uma forma de inseri-la na história bastante original. Era de se esperar, já que uma das personagens principais, a síria Yara, tem na fotografia sua paixão e válvula de escape.
Do mais, O último pub tem personagens muito cativantes e histórias que emocionam. Preparem os lencinhos quando forem assistir. O longa entrou em cartaz nos cinemas brasileiros no dia 08 de agosto.
Por fim, fique com o trailer:
Ficha Técnica
O ÚLTIMO PUB (The Old Oak)
Inglaterra | 2023 | 113min. | Drama
Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty
Trilha Sonora: George Fenton
Direção de Fotografia: Robbie Ryan
Edição: Jonathan Morris
Direção de Arte: Fergus Clegg
Distribuição: Synapse Distribution
Por fim, leia:
‘A grande fuga’ foca no amor e no respeito
‘Pequena cartas obscenas’ e o medo das mulheres livres | Crítica