Crítica
Operação autoestima: antes e depois | Série desconstrói competição feminina
Publicado
3 anos atrásem
Operação autoestima: antes e depois (Skin Decision: before and after) poderia ser apenas mais uma série de reality show de beleza no Netflix. Apresenta como uma cirurgia plástica para atingir padrões de beleza inatingíveis geram transformações dramáticas na aparência e na vida das pessoas. E, realmente, você irá encontrar alguns casos como este na séries. Porém, há alguns episódios em que abordam pontos relevantes e
informativos e uma estrutura que merece atenção.
Mulheres que se apoiam
O trabalho de ponta de uma cirurgiã plástica e de uma enfermeira estética para obter os melhores resultados com a combinação de técnicas é a parte central deste programa. Contudo, demonstra como mulheres em posições de destaque podem trabalhar em equipe. Ou seja, em um processo colaborativo. Além disso, mostra empatia e respeito pelo ponto de vista da outra. Dessa forma, acaba sendo uma desconstrução à competição feminina e ao papel de coadjuvante da mulher.
Apresentar este tipo de exemplo em uma série de beleza me parece um passo importante. Isso porque favorece a normalização de mulheres apaixonadas por suas profissões que se tornam referência na área, já que pode atingir um público diferente e passar esta mensagem de forma sutil.
Beleza e Saúde
Os casos de tratamento da acne e de suas cicatrizes demonstram mais do que a busca por um padrão de beleza. Além de apresentar as inovações em tratamentos e os benefícios que podem alcançar, há conversas francas para alinhar as expectativas do que pode se realizar e do tempo de tratamento.
Ainda é possível observar como elas se preparam para ter esta conversa de maneira sensível e atenciosa com o paciente. Afinal, os estigmas das acne levam a impactos sociais e problemas psicológicos. Por isso os pacientes estão dispostos a se submeter a tratamentos que podem ser tão ou mais dolorosos quanto a própria acne.
Outro caso que merece atenção é o das cirurgias plásticas para eliminar cicatrizes que foram marcas de violência e traumas na vida dos pacientes. É claro que em condições drásticas deve-se priorizar a vida do paciente e viabilizar a sua recuperação. Porém, num segundo momento, a submissão à uma cirurgia plástica para amenizar as marcas pode ser uma etapa que ocorre em conjunto com recuperação psicológica do paciente. Não é uma etapa obrigatória e sim uma escolha bem pensada, afinal se submeter a cirurgias sempre envolve em riscos e a recuperação é um processo lento que precisa de cuidados e de atenção.
Procedimentos
Com o foco no resultado, Operação autoestima: antes e depois apresenta todos os benefícios da cirurgia. Entretanto, não descreve muito bem como algumas condições de saúde podem implicar a decisão de não seguir com um procedimento. Ou até mesmo quais tratamentos complementares e pontos de atenção os pacientes e médicos/enfermeiros devem monitorar após o procedimento. Certamente isso pode colaborar para aumentar a percepção de que a normalização de cirurgias plásticas e de procedimentos estéticos é isento de riscos ou que as complicações ocorrem apenas devido à erros do profissional.
A importância de se informar sobre o que será utilizado durante o procedimento, buscar entender o que foi utilizado e como funciona pode ser muito útil caso o resultado desejado não seja alcançado e possibilitar o tratamento necessário. E, até mesmo para solucionar problemas de saúde relacionados que não são facilmente identificados. Neste vídeo do canal Soltos há um relato de como esta informação é relevante e da escolha de priorização da saúde em relação aos padrões de beleza.
Tecnologia
O uso de medicamentos, implantes e equipamentos precisam de comprovação de segurança, qualidade e eficácia dos órgãos sanitários do país, pois esses tratamentos estéticos precisam de muita seriedade. É necessário o acompanhamento de profissionais da saúde para que garantam a administração correta e com atenção para tratar a condição e não apenas utilizar a técnica.
É interessante acompanhar as mudanças nos pacientes de Operação autoestima: antes e depois e observar como houve ganho de qualidade de vida. Entretanto, é importante ressaltar que eles comentaram sobre o acompanhamento psicológico e como manter com a aparência atual ou buscar uma mudança são questões de livre escolha.
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Farmacêutica, paulistana, apaixonada por séries, de olho nas novidades e muito menos oriental que o meu nome.
Cinema
‘Névoa prateada’, de Sacha Polak, é filme para refletir | Crítica
O longa estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Publicado
13 horas atrásem
18 de abril de 2024Por
Livia BrazilNévoa prateada é um filme arrebatador que, com certeza, não vai passar incólume. O longa propicia emoções intensas, sejam elas positivas ou negativas. Fato que muitos não irão gostar. Alguns podem considerá-lo extremo demais, pesado demais. Os espectadores acostumados a tratar o cinema somente como forma de entretenimento e diversão provavelmente não irão gostar, já que é um filme que propõe análise e questionamentos. E que retrata uma realidade comum em alguns lugares da Inglaterra – e também de outros locais. Contudo, para quem gosta de assistir filmes que criticam a sociedade e comportamentos é um prato cheio. E para quem pretende aprender com o audiovisual também.
Mas sobre o que fala Névoa prateada?
A protagonista do filme é Franky, uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade. Até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral, onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.
A saber, a atriz Vicky Knight, intérprete de Franky, venceu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Além disso, o longa recebeu indicação de Melhor Filme no Panorama Audience Award e foi destaque na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Participou, também, dos prêmios Dinard British Film Festival (vencedor como melhor filme), Tribeca Film Festival (indicado ao Best International Narrative Feature), FilmOut San Diego US, Sunny Bunny LGBTQIA+ Film Festival, entre outros.
A diretora de Névoa prateada, Sacha Polak, costuma levar para filmes temas difíceis, que poderiam facilmente ser assunto de terapia. A necessidade de se sentir amada, preconceitos, dificuldade de esquecer uma situação, aceitação. No longa em questão, Sacha trata de vários assuntos, como autoaceitação e, também, dificuldade de perdoar. Porém, apesar de ter uma gama de temas, o filme não se torna cansativo ou confuso. Muito pelo contrário, o roteiro passa para o espectador muito bem todos os conflitos da protagonista.
Além disso, Franky não é apresentada de forma piegas ou clichê. Por ter sido vítima de um incêndio, a personagem tem marcas em sua pele que poderiam, em uma narrativa mais lugar comum, transformá-la em uma pessoa que se vitimiza ou que é vista como coitadinha o tempo todo pelos outros. Mas não é isso que Sacha quer passar para quem assiste. E, apesar de não ter uma vida fácil, é possível enxergar Franky para além de suas cicatrizes. Franky é uma personagem complexa, completa e muito bem desenvolvida, tanto pelo roteiro quanto por sua intérprete.
Talvez por já ter trabalhado com Sacha Polak anteriormente, Vicky Knight tem facilidade em transpor para a tela os conflitos internos de Franky sem deixá-la simples demais ou transformá-la em um mártir. Também ajuda ter passado por situações parecidas com as da personagem. O fato é que foi justo o prêmio Teddy Awards que Vicky recebeu, já que consegue trabalhar nos detalhes, algo que nem todo ator tem sucesso.
Fotografia
Apesar de ser um recurso bastante comum, não deixa de ser interessante ver o filme em cores mais frias, já que Franky não tem uma vida fácil e passa por conflitos internos durante todo o filme. Também é possível que tal característica seja por ter sido filmado na Inglaterra, onde não há mesmo muito sol. Todavia, fica claro que Sacha Polak – e também a fotografia de Tibor Dingelstad – quis expressar o interior de Vicky nas cores frias que vemos nas cenas.
Além disso, a escolha de planos abertos quando Vicky se encontra perdida em sua vida e planos mais fechados quando ela começa a se encontrar ajudam a contar a história da protagonista. E, também, de sua coadjuvante, Florence. Aliás, Esme Creed-Miles arrasa na interpretação da menina totalmente sem rumo e influenciável. Se há algo negativo nesse filme é que Florence poderia ter tido mais espaço. E também, talvez, poderia ter havido mais cenas de Franky e Alice. Vicky Knight e Angela Bruce têm uma química muito boa em tela e poderia ter sido mais explorada.
Para resumir, é um filme bastante introspectivo, bonito e reflexivo, que mostra, de forma original, o valor das pessoas que nos rodeiam. Névoa prateada estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Por fim, fique com o trailer:
Ficha Técnica
NÉVOA PRATEADA (Silver Haze)
Holanda, Reino Unido | 2023 | 1h42min. | Drama
Direção e roteiro: Sacha Polak.
Elenco: Vicky Knight, Esme Creed-Miles, Archie Brigden, Angela Bruce, Brandon Bendell, Carrie Bunyan, Alfie Deegan, Sarah-Jane Dent.
Produção: Viking Films.
Distribuição: Bitelli Films.
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