O restaurante Afro Gourmet fica no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro. Inclusive, para fazer jus ao nome, apresenta uma decoração étnica, com diversos quadros e enfeites de origem africana, comprados nas viagens que a chef Dandara Batista faz em busca dos temperos ancestrais e dos pratos típicos dos muitos países do continente africano.
A saber, a variedade de pratos é grande, fazendo com que o cardápio varie diariamente. Todos os dias são 4 ou 5 diferentes, sendo que, no fim de semana, são até 7 pratos distintos, devido ao grande movimento. Ainda por cima, toda sexta-feira tem show ao vivo, sempre com artistas negros. Entretanto, o Vivente Andante foi em busca de gastronomia gostosa com ancestralidade africana.
Dadinhos de Tapioca com Melado de Cana e a Moqueca Cremosa
O jornalismo cultural engloba a gastronomia, sendo assim, um restaurante que procura realçar a cultura africana é algo que desperta curiosidade. Cheguei ao local e fui atendido com eficiência e simpatia pelo Lúcio. Pedi como entrada os Dadinhos de Tapioca. Qual não foi minha surpresa quando não veio geleia de pimenta acompanhando – algo já bem comum – mas sim melado de cana! Aliás, os dadinhos surpreenderam, não é tão simples acertar o ponto e a massa, em outros locais havia provado uns bem borrachudos. Contudo, vieram crocantes por fora e macios por dentro. Ao molhar no melado, a apetitosidade escorria e o contraste entre doce e salgado causavam uma explosão de sabor na boca.
Como prato principal, pedi a Moqueca de Banana. Era a opção vegana do dia. Mais uma vez, uma grata surpresa, baseada na culinária Afro-Indígena. Vem com farofa de dendê saborosa, aquele toque baiano. No caso, os indígenas, ao invés do dendê, utilizavam urucum, como fazem no Espirito Santo. Além desse prato que pedi, tem dias que sai a Moqueca de Cogumelos; em outros, o Abacate Tahine, uma inspiração na comida árabe com um toque diferenciado.
“Sempre comi moqueca, desde criança. Meu avô é baiano e meu pai sempre fez comida baiana em casa. Experimentei a do Espírito Santo, mas acabo gostando mais da baiana, por causa do dendê. Então, nesse prato, não usamos peixe ou frutos do mar, mas sim a banana-da-terra com azeite de dendê e leite de coco”, disse Dandara Batista, chef do Afro Gourmet.
Referências do Congo: o Ngombe
Ainda por cima, como outras opções veganas, tem um arroz cremoso feito com leite de coco e o Ngombe, que começou a ser feito no Dia da Consciência Negra. A saber, é um nhoque de banana-da-terra frito com molho de tomate e cogumelo, diretamente da culinária do Congo.
As entradas também variam, tem dia que tem sarapatéu, comida típica nordestina; caldo de sururu, puxando da Bahia novamente, e tantas outras. Para beber, escolhi um suco de abacaxi, da fruta mesmo, feito na hora. Dandara explicou que sempre tentam utilizar frutas da época, em especial as nordestinas, como carambola e graviola. Enquanto bebia e me deliciava com a espumosidade, percebi com mais atenção o desenho que tem logo na entrada do restaurante, inspirado em uma foto tirada pela própria chef Dandara Batista quando foi visitar a Angola. É a árvore imbondeiro, essa, especificamente, fica em frente ao Museu da Escravatura. Aliás, é uma árvore típica africana encontrada nas savanas quentes e secas da África subsariana, mas que também aparece em zonas de cultivo e áreas povoadas. Tudo a ver com a proposta do restaurante.
Todavia, não acabei de falar sobre a Moqueca de Banana. A iguaria me presenteou com uma cremosidade advinda do leite de coco que provocava as papilas gustativas. Servida em prato de barro, mantinha o sabor e o calor. Tinha uma leve picância de páprica e uma pimenta biquinho no meio para florear, mantendo o prato bonito e de visual agradável. O arroz branco estava soltinho, cozido no ponto certo com cheiro verde espalhado carinhosamente por cima.
Enfim, o restaurante Afro Gourmet proporciona uma apetitosa viagem gastronômica pelo continente africano, com escala no Brasil – mais precisamente – no Grajaú.
Serviço:
Aberto de terça-feira a sexta-feira de 18h às 23h
Sábado de 12h às 23h
Domingo de 12h às 16h
Endereço: Rua Barão do Bom Retiro, 2316, Grajaú, Rio de Janeiro
https://www.facebook.com/restauranteafrogourmet/
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