Em coletiva de imprensa com jornalistas para falar sobre seu primeiro álbum solo, Rosa, Samuel Rosa, conhecido por ser vocalista do grupo Skank, disse que o novo projeto é uma mistura de Minas Gerais com a Tijuca, no Rio de Janeiro. Isso porque duas de suas grandes inspirações foram Jorge Ben e Erasmo Carlos, dois cantores do bairro carioca. Inclusive, a canção “Tenha dó”, além de ser a sua preferida do álbum, é uma homenagem a Erasmo.
Minas Gerais, todavia, vem de sua origem, claro. Mas também da inspiração que Milton Nascimento sempre teve em sua vida e em sua música. E, claro, neste mais recente trabalho.
Rosa foi lançado no dia 27 de junho nas plataformas digitais, e vem com uma ideia autorreferencial, como uma autoafirmação. Afinal, não é fácil de se lançar sozinho em um projeto novo após três décadas em uma banda tão bem-sucedida como o Skank. Porém, segundo o cantor, sentiu a necessidade de ser dono de suas próprias escolhas, sejam elas erros ou acertos. “Quero me exercer. Estou me experimentando sozinho.”, afirmou.
Continuação natural
“Rosas”, contudo, não vem como uma ruptura. Quem escutar o álbum conseguirá ouvir muito do Skank nas dez faixas que compõem o disco. A ideia, segundo ele, é justamente dar continuidade ao legado, e não criar um corte para demarcar esse rito de passagem. “Eu não queria agora buscar compulsivamente fazer algo que eu nunca fiz. Quero exercer o que eu sou”, afirma. “Minha marca é meu patrimônio.”
Samuel usa como uma espécie de mantra uma imagem que viu de perto: a de Paul McCartney tocando “Hey Jude” ao piano, no show que ele apresentou no ano passado, para uma plateia pequena em Brasília, na qual o guitarrista, compositor e cantor mineiro estava presente. A canção é um sucesso antigo, de 1968, mas que o ex-Beatle segue mantendo em suas apresentações. “Eu brinco que o Paul mandou por telepatia para mim: ‘Samuel, não inventa, faça o que você sabe fazer’”.
Composições
O ex-eterno-Skank contou que precisou reaprender um pouco a compor. Não que tivesse parado de escrever músicas, mas nos últimos anos, com a banda, estavam trabalhando mais músicas já famosas do grupo. Portanto, não precisava criar tanto. E voltar a esse processo foi interessante.
Com exceção da faixa “Rio Dentro do Mar“, que foi composta por Samuel no final da pandemia, em 2022, essa safra de canções inéditas feitas especialmente para Rosa nasceu de um processo peculiar desenvolvido por ele. Entre janeiro e fevereiro deste ano, o músico se isolava no quarto da sua filha, em Belo Horizonte. Ali ele fazia o que chama de “composição induzida”, durante três, quatro horas, sempre no período da manhã.
As letras enveredam-se pelo universo do amor, para falar sobre relações em suas várias vertentes. É uma obra ensolarada, mesmo tratando de temas mais espinhosos dos relacionamentos. Musicalmente, foi feito de forma imersiva, intensa e orgânica. Com menos máquina e mais banda tocando, inclusive quando a bateria eletrônica entra em algumas faixas.
Banda
Apesar de não mais fazer parte de uma banda, o músico precisou de outros para gravar esse álbum. Afinal, não se faz um disco sozinho. Portanto, nas gravações, encontrava-se no estúdio com Doca Rolim (violão e guitarra), Alexandre Mourão (contrabaixo), Pedro Kremer (teclados) e Marcelo Dai (bateria e percussão). Samuel Rosa mostrou-se impressionado com a criatividade dos músicos que agora o acompanham. “Essa foi a grande surpresa da gravação de Rosa: ver a criatividade dessa banda nova, dos arranjos.”, diz.
Samuel está feliz com essa formação, que mescla músicos novos e mais velhos, e com a ideia de ir para a estrada com ela, levando a nova turnê, a partir do segundo semestre deste ano. Aliás, sobre os shows, o cantor promete, além da apresentação do novo trabalho, cantar músicas que gravou com outros artistas e que não cabia tocar em shows do Skank. E, claro, sucessos de sua eterna banda. Afinal, como ele mesmo disse, não é uma ruptura, é apenas um recomeço.
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