Faz um tempo que eu ouço falar de Rita Benneditto, até que tive a oportunidade de assistir ao show dela no Circo Voador, no último fim de semana.
A maranhense é uma mulher que batalhou para se colocar no mercado musical, cavou seu espaço, é o que pude ler no perfil da cantora no Wikipedia.
Mas Rita, além do talento, parece ter autoridade no palco. Algo dado a ela pela força que a leva a cantar, algo intrigante. É possível sentir uma força que sai dela enquanto faz sua arte. Em tempos difíceis, Rita Benneditto não para, sempre trabalhado, conquistando o público cada vez mais.
Rita Benneditto é reconhecida por estrelas nacionais como Zeca Baleiro e Maria Bethânia, por exemplo.
Os seus cantos aos Orixás, conhecidos como tecnomacumbas, nos sacode, parece entrar em nós, nos leva para outra dimensão, onde braços e pernas anseiam por vida, roubam de nós movimentos e isso é um atravessamento gostoso, embriagador, posso dizer que é como se estivéssemos em uma lagoa e com as pequenas ondas somos levados a movimentos, quase que sem consentimento cerebral.
Rita Benneditto é popular, é agregadora de todas as tribos, famosos ou não, todos vão se chegando, se aproximando do altar e juntos cantam e dançam, festejam praticamente a ídala que troca o tempo inteiro com a plateia.
Isso não poderia ser diferente, a artista chegou a cinco milhões visualizações na plataforma do YouTube com a canção “7 Marias”, abrindo caminho com seu credo.
O repertório dela é elegante, Caymmi, Bethânia, Zeca Baleiro, músicas da religião de matriz africana, conhecidas como pontos, uma beleza rara, pois a artista não esmera em trazer músicos capacitados, uma banda afinada junto a ela.
Tudo tem um olhar preciso no show. Iluminação e artistas que dançam no palco, inclusive Valéria Monam que tem destaque no teatro carioca, sempre presente em fichas técnicas por ser uma das maiores dançarinas de representatividade de dança afro da cidade. Eloa contribui com o espetáculo quando põe seu corpo em movimento.
A traje da Rita era dourado envelhecido, com acessórios cheios de pedras que brilhavam ao encontrarem-se com a luz dos refletores. Ele tinha em sua cabeça um assessório riquíssimo, como se fosse uma coroa, que se destaca.
Vi uma artista completa, ciente da sua voz, que se unia a voz dos fãs. Ela dança com majestade e autonomia, foi um prazer inenarrável assisti-la, os nossos olhos grudam como ímãs nela. Mesmo com algumas músicas desconhecidas, passamos a simpatizar, porque a artista encontrou o arranjo certo, a forma certa de nos atravessar. Ela nos entende, sabe que somos brasileiros e festeiros, que em nós a um prazer nas batidas de um terreiro, porque somos miscigenados, em nossas veias correm algo que nos leva a ponte de corpos em movimento.
Sei que ao final do espetáculo, Rita Benneditto praticamente nos ninou, nos apaziguou com “Canto ao Oxalá”, uma onda de paz e encanto cobriu o Circo Voador, com todos os estilos ali presentes, saudando ao orixá ou no mínimo aliviando qualquer tipo de tensão que podia haver em nós, foi exatamente isso que ela fez a mim.
Que Rita Benneditto siga firme e forte!
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