No último domingo (12/01), na casa de shows Little Club, no Beco das Garrafas, em Copacabana (RJ), a cantora Suzana Morales apresentou seu show em um repertório que reunia ótimas pérolas da Música Popular Brasileira. A exibição começou fazendo o público sorrir com “Mamãe Não Chore” e “Upa Neguinho”. Foi o primeiro show solo de Suzana, mas não parecia. Sua experiência com teatro ficou clara – e fez toda diferença – pela desenvoltura com a qual fluiu pelo palco e a boa expressividade corporal, entre bailados e diferentes faces.
Posteriormente, “Menino das Laranjas” veio descendo o morro até o gostoso “Sambinha do Ajuntamento”, música autoral da própria Suzana, que trouxe uma sensação de amanhecer em plena noite carioca. A seguir, a cantora abriu aquele sorriso e convocou André Sigom para “Casa no Campo”. Deu vontade de viajar com eles para o paraíso cantado, visando plantar alguns amigos, ouvir uns discos, ler uns livros e nada mais.

Contudo, o show tinha que continuar e foi “Como Nossos Pais”, e “Eu Te Amo”, quando Edvan Moraes que tocava divinamente teclado, levantou e deu uma palhinha cantando em dueto com Suzana Morales. Logo, em interpretação forte, naquele momento onde o jornalista se arrepia, em um arranjo que prezava pela sutileza, dando espaço para a voz de Suzana tomar todo o local, não deu para segurar a emoção em “Explode Coração”. Respirei fundo, o trabalho seguia como a “Roda Viva” que levantou os espectadores em uma toada mais animada, contrapondo-se a anterior. Aliás, nessa hora, Suzana chamou o público para cantar e foi prontamente atendida, acelerou o final e acabou com a energia lá em cima.
Vento
O segredo do sertanejo foi descoberto e “Oricuri” foi uma chance de Suzana Morales mostrar sua potência vocal. O ar condicionado levava a lufada de vento frio direto na garganta de Suzana, que solicitou a mudança de direção e ficou ainda mais à vontade. Assim, clamou por “O Vento”, de Dorival Caymmi, com uma introdução incrível no berimbau do percussionista Gabriel Barreto e um final surpresa com um toque de flauta de Edvan Moraes. “Respirar”, autoral com letra de Carol Pitzer, musicada por Suzana, com arranjo de Edvan Moraes, expirou graciosidade.
O baixo de Rapha Medeiros não vacilava; o violão de Matheus Brill brilhava. Logo após o respiro, a convidada que subiu ao palco foi Nay Duarte, do grupo Filhos de Sá. Essa parte às vezes parecia um duelo, mas, na verdade, era uma harmonia de vozes e tons, onde quem ganhava era o sortudo público presente. Beleza e técnica se misturavam em uma vitamina de qualidade.

“Juízo Final”, seguida por “Deusa dos Orixás”, foram o princípio do fim de um azeitado show. “Alô, Alô, Marciano” mostrou certa irreverência intergaláctica e uma fina ironia de Suzana. “Maria, Maria” encerrou o espetáculo. O público aplaudiu de pé; a casa cheia inteira pediu bis. Então, Suzana Morales decidiu por “Respirar” de novo. Inspiração certa que finalizava o domingo com um pouco do néctar do talento brasileiro.

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Amei o show de Suzana Morales! Justo o que falta às noites cariocas! Música de excelente qualidade. Isto sim é MPB!