O Villarrica é um dos vulcões mais impressionantes da América do Sul. Localizado na charmosa cidade de Pucón, no sul do Chile, ele atrai aventureiros do mundo inteiro. Ativo e majestoso, com seus 2.847 metros de altitude e uma cratera fumegante no topo, é possível fazer uma trilha guiada até o cume — uma experiência desafiadora e inesquecível que vivenciei.
Estive lá em janeiro de 2014. Foi também uma vitória pessoal. Fiz essa viagem pouco depois do falecimento de meu pai e foi minha primeira viagem sozinho para fora do Brasil. Lembro de chorar copiosamente em certo momento caminhando desde o mercado até o local onde estava hospedado, com amigos de um amigo.
O verão chileno é ideal para esse tipo de aventura: o clima é mais estável e as chances de o parque estar aberto são maiores. Mesmo assim, o uso de equipamentos de segurança é obrigatório e só é possível subir com empresas autorizadas, que fornecem tudo — desde crampons até piqueta, além do traje adequado.
O desafio
O dia começa bem cedo, com o transporte até a base do vulcão por volta das 5h da manhã. Alguns grupos utilizam um teleférico que sobe os primeiros metros, economizando cerca de uma hora de caminhada. A partir daí, a trilha segue por terreno vulcânico, com pedras soltas, neve e gelo. É uma subida constante, exigente, mas com pausas regulares para hidratação e contemplação da paisagem.
O ritmo é ditado pelos guias, que orientam e ajudam com as técnicas de subida. Em um momento, lembro de olhar para baixo e ver o Lago Villarrica espelhando o céu azul — uma visão que recompensa o esforço.
A cratera e a descida
Chegar ao topo é indescritível. O esquisito e incômodo cheiro de enxofre, o vento e a visão do interior da cratera emitem uma mensagem clara: a Terra está viva. Ouvi os sons das entranhas do vulcão. A vista foi umas das mais surreais que já presenciei. Acima das nuvens, com vários picos nevados ao redor, o céu azúl.

A descida, curiosamente, é quase tão marcante quanto a subida. Fiz boa parte sentado, deslizando na neve. Usei um tipo de “escudo” — uma proteção que fazia parte do equipamento — que funcionou como prancha improvisada. E, na mão, uma ferramenta servia como freio, essencial para controlar a velocidade. A adrenalina misturada à diversão tornava tudo mais esplêndido. Era como escorregar em um tobogã natural gigante, emoldurado pelas montanhas dos Andes.
Dicas para quem quer subir o Villarrica
- Contrate uma agência credenciada em Pucón. Elas fornecem os equipamentos e garantem a segurança.
- Prepare-se fisicamente. Apesar de não exigir experiência prévia, a trilha é exigente. É pela neve.
- Verifique as condições climáticas. O vulcão pode estar fechado em dias de risco.
- Leve água, snacks leves, protetor solar e óculos escuros.
- Aproveite a cidade de Pucón, que tem outras atrações como o lago, as termas e esportes de aventura.
Subir o Villarrica foi como um mergulho numa força andina da natureza; jamais esquecerei. Anos depois eu voltaria ao Chile e subiria até o norte em busca dos segredos do Deserto do Atacama. Mas essa é uma outra história…
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