Una Chica Invisible critica claramente o sexismo e o machismo, a partir da relação de Andrea e Mauro. Vividos com eficácia, respectivamente por Andrea Carballo e Pablo Greco. A atriz Andrea, em especial, entrega uma personagem complexa, lutando contra a ignorância e o egocentrismo do namorado enquanto batalha contra o alcoolismo e tenta seguir com sua carreira artística.
A sinopse oficial é a seguinte: Andrea descobre que um vídeo embaraçoso dela se tornou viral. Enquanto contempla a ideia de suicídio, um hacker contratado por seu ex-namorado a observa ansiosamente através de câmeras escondidas instaladas em todo seu apartamento. Temos ainda uma trilha sonora composta inteiramente por Pablo Crespo, a pedido do diretor, a qual acaba acrescentando bastante nas temáticas abordadas pela película e nas diferentes atmosferas criadas.
Prêmio Especial do Júri no Fantasporto 2020
O filme é bem dirigido por Francisco Bendomir e consegue provocar alguma reflexões sobre problemas atuais, inclusive o mau uso da tecnologia e as redes sociais como o YouTube. Utiliza muito planos médios curtos e longos, primeiros planos e closes. Aliás, vi o filme durante a cobertura do Festival Internacional de Cinema do Porto, o Fantasporto. Una Chica Invisible ganhou o Prêmio Especial do Júri no festival. E foi merecido. A fotografia é bem utilizada para definir os diferentes espaços de cada personagem. Cada um tem um local físico específico que ocupa: a lojinha, o apartamento da atriz, o quarto da adolescente ou o escritório do hacker. No fundo, todos estão solitários e presos em caixinhas.
Ainda tem uma linda sequência em anime, em cima de um mangá lido pela garota Juana, chamado “Una Chica Invisible”, o qual tem grande importância para o filme. Aliás, Juana ganha vida através do carisma e talento de Lola Ahumada que atua muito bem, consegue fazer rir e provocar as emoções que precisa. Apesar de todo o elenco estar ótimo, a atuação dela se destaca com um tom ao mesmo tempo sinistro e esperançoso, sonhador. No geral, o filme usa o humor para passar por situações trágicas e com toques surrealistas entrega um bom – e provocador – cinema.