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Cinema

Crítica | ‘Wakanda para Sempre’ traz homenagem e discute guerras

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Pantera Negra: Wakanda para Sempre tinha como seu primeiro desafio lidar, com o devido respeito, com a morte de Chadwick Boseman. E o diretor Ryan Coogler acerta fazendo um paralelo com o que aconteceu na vida real. Para quem não sabe o ator gravou o primeiro filme já ciente de sua situação, mas não havia se manifestado publicamente sobre. Era um papel que ele julgava importante e cumpriu com perfeição mesmo com as dificuldades trazidas pela doença.

E no longa é assim que o rei T’Challa parte, vitimado por uma doença não revelada e que a irmã, Shuri (Letitia Wright), não consegue descobrir a cura a tempo. E assim o filme entrega uma bonita homenagem e consegue criar um roteiro interessante que irá se mesclar com a revelação do povo de Talokan. Mas mesmo que no todo Wakanda para Sempre funcione, também tem muitos defeitos gritantes. Dentre eles, uma protagonista que não tem a mesma força de Chadwick em relação a atuação, e o problema com os efeitos visuais que já estão comuns nas produções Marvel.

O fardo de Shuri

Agora ela é a protagonista e o roteiro entrega uma excelente trama para ela. Shuri não consegue lidar com o fato de não ter sido capaz de salvar o irmão e ainda tem que encarar uma forte pressão política. A França e os EUA estão atrás de Vibranium, enquanto um tenta roubar sem sucesso, o outro consegue uma forma de detectar o metal, e acha no oceano Atlântico. Isso coloca o povo de Namor (Tenoch Huerta) em risco e ele vai exigir que Wakanda o ajude a resolver esse problema.

Junto com sua mãe Ramonda (Angela Bassett), Shuri terá que tomar decisões que vão afetar a relação de sua nação com o mundo e com Talokan. Da personagem leve e descontraída de antes agora ela passa a alguém com raiva e que pode tomar decisões erradas e perigosas a qualquer momento. Esse é realmente um ponto muito bom do filme, mas Letitia Wright não segura tão bem todo esse peso em sua atuação. Todos os outros atores lidam muito melhor com seus papéis e brilham mais que ela. Mesmo a Lupita Nyong’o que aparece pouco se sobressai mais, e em determinado momento faz a gente torcer para uma reviravolta que a beneficie.

O rei de Talokan

Namor é um baita antagonista, daqueles que nos traz uma aproximação, ainda mais por sermos latinos e entendermos o sofrimento que povos colonizados passaram (nem todos, eu sei). Seu povo quando entra em guerra parece uma força imparável, basicamente eles vencem todas as lutas. Eles usam o Vibranium mas, diferente dos wakandianos, não criaram tecnologia a partir dele para batalhas. Usam lanças normais e se vestem como os astecas, sem armaduras, apenas adereços feitos do metal e da planta que surge com ele.

Se nos quadrinhos o personagem era uma piada por usar sunga e ter asinhas nos pés, no filme essa mudança para uma origem asteca fez muito bem. E mesmo com os efeitos visuais problemáticos, deram uma atenção para o Namor, suas cenas de luta são empolgantes. Tenoch Huerta tem toda a presença imponente que o personagem pede e é uma grande adição ao universo cinematográfico da Marvel.

A beleza perdida em borrões

Já sabemos o quanto Wakanda é bela, mas aqui ela e outros cenários são escondidos por irritantes desfoques. Tem sido comum vermos aquele desfoque radial em diversos filmes, um efeito que deixa a cena extremamente feia e não serve de nada além de mostrar certa incompetência em lidar com cenas simples. Além desse temos borrões em cenas de luta e em cenários, para dar aquela “facilitada” em um trabalho que tem sido feito às pressas.

Talokan também acaba sendo problemática. Sabemos que o fundo do mar é escuro pela falta de luz do Sol, mas em um filme de fantasia que mostra uma cidade embaixo d’água pode se dar ao luxo de trazer mais claridade a ela. E não é que não exista nenhuma fonte de luz lá, Namor se exibe mostrando o Sol artificial que criou para seu povo, e ainda assim a cidade é tão escura que pouco podemos ver de seus detalhes.

E o que fica para o futuro Marvel?

Para quem está cansado de filmes e séries que mexem com multiversos, planetas ou poderes além da nossa compreensão, esse filme é um respiro. Aqui a trama é totalmente política e abre caminho para movimentar personagens mais “humanos” como os Thunderbolts. O futuro de Wakanda e Talokan é muito incerto o que garante a possibilidade de trazer boas tramas no futuro.

De forma mais independente, personagens queridos tiveram suas evoluções. Okoye agora pode até ter série própria, e certamente ela sai desse filme mais amada do que já era. M’Baku cresce na trama e com seu final pede mais participação, o Winston Duke merece. Riri Williams já chega com muito carisma e apesar de não ter uma direção definida, deve atrair público para suas produções solo. Shuri pode ter um caminho diferente de T’Challa e se manter interessane. Somente Nakia fica em uma situação em que pode ou não aparecer com regularidade futuramente, seria uma perda compreensível dado o nível da Lupita.

Para entregar tanta coisa enquanto tenta ser emocionante, Wakanda para Sempre acaba sendo um filme mais longo do que deveria. Cansa, mas entrega algo muito melhor que os últimos filmes da Marvel.

O filme estreia hoje nos cinemas. Fique com o trailer:

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Estudante de Comunicação Social com foco em Cinema. Além dos filmes, amo quadrinhos e vídeo games, sempre atrás de boas histórias.

Cinema

Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante

‘Meu Vizinho Adolf’ aborda as consequências do nazismo em uma dramédia tocante.

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Após a Segunda Guerra Mundial muitos nazistas se refugiaram na América do Sul, algo que já foi abordado das mais diversas formas no cinema. Meu Vizinho Adolf, traz o tema novamente agora colocando um suposto Hitler como vizinho de um judeu que sofreu com o Holocausto. Um tema delicado que o diretor Leon Prudovsky consegue tratar bem e com um tom de humor mais discreto.

Mr. Polsky (David Hayman) perdeu toda sua amada família e decidiu viver isolado em uma velha casa na Argentina. Sua paz termina quando Mr. Herzog (Udo Kier), um alemão irritadiço, se muda para a casa ao lado. A aparência e o comportamento dele fazem com que Polsky desconfie que seja Adolf Hitler disfarçado.

Um clima triste mas que ainda nos faz rir

O personagem de Hayman passou anos evitando contato humano, sequer aprendeu espanhol, ele carrega uma dor que aperta o coração desde o início. Ainda, assim ele é um velho teimoso e também ranzinza do tipo que nos faz rir. Ao colocar na cabeça que seu vizinho é o próprio Führer, ele tenta alertar as autoridades sem sucesso.

Com isso Polsky começa a estudar a figura funesta para poder provar sua teoria. Todas as brigas e tentativas de invasão e espionagem são divertidas, não é aquele humor de fazer gargalhar e provavelmente não era essa a intenção do diretor. Conforme o filme avança, ambos vão criando uma amizade que obviamente é extremamente incômoda para Polsky. Mas ele começa a achar que estava errado até encontrar provas um pouco mais substanciais.

Um filme simples mas bem feito

Meu Vizinho Adolf não é um longa que exige cenários grandiosos, é tudo muito simples, são poucas locações. O foco são as atuações de David Hayman e Udo Kier que consegue cativar. Ambos os personagens carregam um passado cruel e toda a dor que eles sentem é revivida com força no final. A comédia fica um pouco de lado para falar de algo sério de forma acertada. Ao final temos um bom filme que consegue mostrar a crueldade do nazismo sem ter que colocar nenhuma cena pesada demais.

Estreando hoje nos cinemas brasileiros, Meu Vizinho Adolf é uma boa opção para quem quer fugir dos pipocões. Fique com o trailer:

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