A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes que será realizada entre os dias 22 e 30 de janeiro de 2021 já definiu o seu tema. O objetivo é questionar um tempo único da história do mundo em que o cinema foi uma das áreas mais sofreram. Durante a pandemia, as salas fecharam e houve interrupção de projetos e filmagens em andamento, aliás, também por isso a mostra abordará as ‘Vertentes da criação’. Ao todo serão mais de 100 filmes brasileiros (longas e curtas), pré-estreias, homenagem, debates, a série Encontro com os Filmes, oficinas, seminário, mostrinha de Cinema, atrações artísticas.
Vertentes da criação
O tema ‘Vertentes da criação’ foi proposto pelos curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster. A origem da ideia se deu a partir da percepção de que há, em anos recentes, uma reconfiguração intelectual e empírica dos processos na produção do país, cuja singularidade está condicionada por elementos variados: universos simbólicos, ética das imagens a partir dos espaços, personagens e territórios, estética amparada em perspectiva crítica do automatismo das práticas da expressão audiovisual do mercado e, principalmente, a economia de um tempo que resiste ao modelo célere de velocidade da circulação do capital. O cinema brasileiro se reinventa nas circunstâncias impostas a ele e nas inquietações de criadores arrojados que constantemente reinventam as formas do fazer.
“O convite a esse exercício de pensar os caminhos do cinema pode criar um léxico, novas palavras, acionar o campo de expressão das experiências particulares do trabalho de criação, um trabalho que não está isolado dos processos mais amplos do mundo (econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com mais proximidade ou com uma calculada e necessária distância”, afirma Francis Vogner dos Reis.
Há muitas questões ganhar análises através dos filmes e debates que ocorrerão na mostra, entre elas:
- O que move o cinema?
- Quais são os desejos que guiam e dão origem aos filmes?
- O que, afinal, dá forma ao filme?
- Como se criam métodos particulares para liberar experiências particulares?
- Como pensar os processos de artesania, como a construção dos personagens, do espaço, da escrita e da montagem?
- O que se faz com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se está criando uma imagem? Enfim: o que leva, guia e movimenta o artista quando ele cria imagens e sons?
Homenagem à cineasta Paula Gaitán
Enfim, sobre a homenagem a cineasta Paula Gaitán, os organizadores dizem que o seu nome se acomoda a perfeição. Paula possui uma ousadia expressiva e vasta criatividade, registra o seu nome de forma incontornável que vão além do cinema brasileiro contemporâneo. “Ela usa a câmera como uma pintora usa o pincel. E tudo para ela é música, dos ruídos às cores”, destaca Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra.
A saber, Paula Gaitán, de origem colombiana, lançou seu primeiro filme em 1989, “Uaka”, filmado no Xingu. Antes, já atuava no campo artístico como atriz, fotógrafa e diretora de arte. Foi parceira de Glauber Rocha (1939-1981) em alguns de seus trabalhos mais importantes, fazendo o cartaz de “Cabeças Cortadas” (1970), a cenografia de “A Idade da Terra” (1980), no qual também atuou diante das câmeras, e ilustrações de livros do realizador baiano. Como diretora, assinou filmes diversos, ora inovando nas abordagens e nas formas visuais e sonoras, como “Diário de Sintra” (2007) e “Noite” (2014), ora se aproximando intimamente de figuras importantes da criação, como “Vida” (2010), com Maria Gladys, “Agreste” (2010), com Marcélia Cartaxo, e “É Rocha e Rio, Negro Léo” (2020). Na ficção, dirigiu “Exilados do Vulcão” (2013) e “Luz nos Trópicos” (2020).
Ademais, veja mais:
Aliás, conheça A Incrível História da Ilha das Rosas na Netflix, vida real e a Ilha das Flores
Os Favoritos de Midas | Em seguida, uma história fechada e curta meio ‘Death Note’
What Did Jack Do? | Macacos me mordam com David Lynch na Netflix