O novo filme de Carla Camurati é o documentário “8 Presidentes, 1 Juramento” que traça em 140 minutos uma síntese dos governos brasileiros desde o fim da ditadura militar. Nesse sentido, com base no juramento constitucional que todo presidente realiza quando assume o cargo, o filme apresenta um panorama sobre a redemocratização brasileira.
Assim, de José Sarney a Jair Bolsonaro acompanhamos os 8 presidentes brasileiros por meio de imagens realizadas pela mídia jornalística. Além disso, podemos entender o perfil de cada projeto de governo a partir da relação de cada cenário político com a constituição.
Constituição de 1988
Embora tenha sido promulgada com o objetivo de ser imune a diferenças políticas, na prática o que se vê cada vez mais é um projeto de poder em benefício partidário e em detrimento da nação em geral. Ou seja, cada vez mais se governa para o próprio eleitorado e não para o povo.
Primordialmente, o filme segue uma linha temporal precisa e eficaz de forma de fácil entendimento. Alguns momentos beiram o nonsense de quão absurdo são as atitudes e explicações de políticos e acontecimentos. Inclusive, a trilha de André Abujamra acompanha a narrativa de forma expressiva e descritiva.
Poder e corrupção
A despeito do filme não dar tanta atenção a eventos políticos mais recentes como as crescente fake news e as tramoias espalhafatosas da Lava-Jato, é notório como ao longo dos anos, a corrupção mantêm-se como um alicerce do poder. Nesse sentido, a sensação ao final do filme é tal qual de um final de capítulo de uma novela. Aguardem a continuação dos fatos, ou tirem suas próprias conclusões.
Apesar da grande mídia ser a grande fonte de pesquisa de “8 Presidentes 1 Juramento”, ela é apresentada como um observador isento. A princípio, Isso pode deixar uma sensação de “faltar algo” a ser citado, devido à existência de diversos momentos em que ela interferiu diretamente nos acontecimentos políticos. Por outro lado, pode-se pensar em como o filme quer deixar os próprios acontecimentos históricos como protagonistas da narrativa.
Contrapontos
Inclusive o contraponto entre imagens do passado com imagens posteriores vemos escancarado as contradições ambulantes que são os políticos brasileiros. Desde alianças improváveis de presidente e vice de partidos com objetivos distintos ao retorno de figurinhas repetidas como Fernando Collor. Eventualmente, pode-se inclusive refletir sobre a candidatura de Sérgio Moro, que disse que nunca entraria para a política.
Em minhas memórias de criança (eu tinha 9 anos quando Collor renunciou) eu achava que a cassação que o deixou inelegível por 8 anos seria o suficiente para ele nunca mais ser eleito para nada. Ao passo que hoje ele é senador e agora assessora o presidente Bolsonaro em questões econômicas, além de ficar bancando o brincalhão no Twitter.
Inclusive algumas lembranças nem são tão contraditórias. Basta pensarmos em como Bolsonaro, outrora deputado federal, bradou que o então presidente Fernando Henrique merecia ser fuzilado. E depois ao votar no impeachment de Dilma Rousseff homenageou um torturador da ditadura militar.
Onde assistir
O filme acabou de estrear no dia 18/11 e está em cartaz em algumas capitais. Confira a programação para saber onde assistir.