Quando se fala do processo criativo de uma narrativa, é muito comum que se fale dos perigos de como terminar uma história. Ou seja, muitas vezes, um final que não acompanha o ritmo do todo, acaba por não compensar o resto. Os meios não justificam os fins. Esse é o caso de Águas Selvagens, que estreia nos cinemas brasileiros no dia 12 de maio.
Dirigido por Roly Santos, a produção argentino-brasileira acompanha o detetive particular Lúcio Gualtieri (Roberto Birindelli) em uma investigação de um assassinato na tríplice fronteira. Aos poucos, o que parecia um crime comum se revela um esquema muito mais profundo.
O Roteiro
O começo do filme passa quase tudo que o espectador precisa saber de maneira muito sutil, utilizando bastante o “show, don’t tell”. O personagem principal e seus traumas são bem estabelecidos com poucas linhas de diálogo e alguns takes bem construídos. Com isso, o roteiro ganha espaço para desenvolver o mistério da vez. Em um primeiro momento, é interessante ver o desenrolar da história e como todos os pontos se conectam.
Porém, depois da aparição de Rita (Mayana Neiva), parece que o roteiro não sabe mais para onde quer ir. O foco da história se divide em três narrativas desconjuntadas, a direção inteligente e perspicaz assume um tom desleixado apresentando cenas de ação bastante desnecessárias e feitas com pouco cuidado.
As cenas, que já não trazem uma fotografia muito inteligente, são arremessadas em certa cafonice com escolhas extremamente equivocadas para o clima proposto, muitas vezes chegando perto de uma novela mexicana.
Conclusão com grandes atuações
O único aspecto que é possível elogiar do começo ao final do longa são os três atores principais: Roberto Birindelli, Mayana Neiva e, principalmente, Allana Lopes. Mesmo que muitas vezes, os personagens sejam levados para caminhos que não fazem sentido dentro da obra, a performance dos três deixa o desenrolar da trama menos desconfortável.
Além disso, tem os atores argentinos Juan Manuel Tellategui, Daniel Valenzuela, Mario Paz e Mausi Martínez, o uruguaio Néstor Nuñez e os brasileiros Luiz Guilherme, Anastácia Custódio, Hélio Cícero e Giuly Biancato.
Águas Selvagens é como um time de futebol que pressiona muito no primeiro tempo da partida, jogando bem, mas não marca gols e sofre na segunda etapa. Todas as boas ideias apresentadas nos primeiros vinte minutos, ou são esquecidas ou são levadas para as soluções mais inadequadas. Há potencial desperdiçado, mas o longa tem seus momentos.
Por fim, Águas Selvagens estreia em 12 de maio nos cinemas brasileiros.
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