Com direção de Sandra Calaça e Leo Carnevale e supervisão de Luiz Carlos Vasconcelos, a peça autobiográfica “A Filha da Virgem” relembra episódios importantes da vida da atriz pernambucana, sua relação com os pais, com a arte, além de compartilhar, com leveza, seus traumas, dores e frustrações
Numa mistura agridoce de uma vida de conquistas e adversidades que Wanderlucy Bezerra escreveu “A Filha da Virgem”, monólogo autobiográfico em que atua sob direção de Sandra Calaça e Leo Carnevale e supervisão de Luiz Carlos Vasconcelos.
A peça faz apresentações gratuitas em Queimados (no Teatro Metodista, 08/11, às 17h) e no Centro do Rio (Teatro Alcione Araújo – Biblioteca Parque Estadual, dias 06 e 07/12, às 15h) e contará com debates após as sessões com a atriz e profissionais de áreas diversas. O espetáculo tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ 2.
Mães adotivas
Radicada no Rio de Janeiro desde 2008, Wanderlucy sempre acreditou que sua história poderia virar uma peça pois representa a vida de muitas mulheres brasileiras. Uma de suas principais motivações ao escrever o espetáculo foi sensibilizar os pais e responsáveis sobre a responsabilidade de se educar uma criança e perceber os indícios de abusos na infância.
A saber, abandonada pelos pais biológicos, a atriz teve duas mães adotivas. Seu caráter foi construído com a educação rígida da sua segunda, uma mulher estéril, deixada pelo marido, manicure e criadora de porcos, mas que deu muito amor para essa única filha. Esses cuidados não foram suficientes para, naquele ambiente, evitar os abusos sofridos pela criança.
“Quero compartilhar a minha história de vida que também é a de tantas outras mulheres e homens (nordestinos ou não), que já passaram por abuso sexual, abandono de pais, bullying na infância, preconceitos em geral, mas, apesar de tudo e todos, lutam a cada dia para que suas cicatrizes da alma não apaguem seu brilho e força interior”, diz a atriz.
O espetáculo intercala cenas biográficas com danças, músicas e expressões populares que fizeram parte da vida de Wanderlucy Bezerra naquele ambiente rico da cultura popular nordestina.
“O espetáculo fala de nós todos. Certamente, o público vai se identificar em algum momento, ou até mesmo vários. É uma história que abre portas para múltiplas discussões, por isso pretendemos convidar profissionais da área de psicologia, psiquiatria, psicanalistas, advogados, entre outros, para debates ao final das sessões”, completa o diretor Leo Carnevale.
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