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Crítica | Mais do que uma biografia, ‘Otto: de trás p/ diante’ fala sobre paixão por Literatura

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O documentário sobre Otto Lara Resende, em cartaz no Festival do Rio, é um filme para as novas gerações conhecerem o autor e jornalista, falecido em 1992. Mas é, principalmente, um filme para escritores. Por quê? Porque todos os escritores vão se identificar pelo amor que Resende tinha pelas palavras e pela Literatura. Isso é algo muito visível em todas as falas do jornalista Humberto Werneck sobre o escritor, contudo, também presente nas cartas apresentadas durante os 77 minutos de Otto: de trás p/ diante, escritas por Otto Lara Resende. A preciosidade e preocupação em cada vírgula escolhida, até em simples notas e bilhetes para familiares – ou para si mesmo – são detalhes que todo escritor pode se relacionar.

Um documentário diferente e criativo

Os diretores Helena Lara Resende, filha caçula de Otto com Helena Pinheiro de Lara Resende, e Marcos Ribeiro escolhem apresentar o laureado escritor de diversas formas. A nível de curiosidade, a viúva do escritor estava presente na sessão em que o Vivente Andante compareceu e foi aplaudida por vários minutos.

Logo de início, o espectador é agraciado por um trecho de um programa em que Otto está presente e que conta, também, com outros escritores e amigos de Resende. Trechos desse programa, com clima informal, são mostrados diversas vezes e pode-se ver o próprio Otto falando um pouco de si.

Porém, o mais cativante do documentário é quando suas cartas falam por si. Em bilhetes e cartinhas escritas para a esposa e a filha, ou em cartas maiores para seus amigos, é ali que é possível enxergar o verdadeiro Otto Resende de Lara. E é ali que o espectador consegue encontrar maior conexão com o autor: nos bilhetes do cotidiano que, apesar de serem do dia a dia, não são nem um pouco comuns. E são neles, como dito antes, que é possível enxergar o verdadeiro amor de Otto pela escrita.

Se o espectador não conseguiu captar essa vertente do autor, Humberto Werneck deixa bastante nítido em uma de suas falas, quando diz que Otto tinha um verdadeiro dom de melhorar a escrita de qualquer pessoa. E o fazia sem ego nenhum ou sem tom professoral, mas porque, para ele, era impossível não fazê-lo. Afinal, essa era sua paixão. Como o próprio diz, era difícil conviver com a escrita e a necessidade de escrever, mas era ainda mais difícil viver sem ela.

Alguns contratempos

Outra escolha dos diretores foi ter atores lendo alguns de seus textos durante todo o documentário. Rodolfo Vaz lê trechos dos livros “Três Ottos por Otto Lara Resende” e “O príncipe e o Sabiá – e Outros perfis”. Já a atriz Júlia Lemmertz lê trechos de “Boca do inferno”, “O retrato na gaveta”, “O braço direito” e “As pompas no mundo”. Apesar de ser um recurso criativo para um documentário, principalmente se tratando de uma biografia sobre um escritor, por vezes se torna um pouco cansativo.

Nas primeiras leituras, o espectador se empolga e se encanta com a forma de escrita de Otto. Porém, com a repetição amiúde, se torna um pouco exaustivo e pode tirar um pouco a atenção do espectador. O recurso corta um pouco o ritmo do documentário, principalmente quando aparece em uma das falas do jornalista Humberto Werneck ou repete algo já dito anteriormente.

Contudo, no geral, é um filme que envolve e que aumenta ainda mais o amor à Literatura para os que já o têm. E é muito possível que crie essa fagulha de interesse aos que ainda não foram fisgados pelo bichinho da leitura e da escrita.

Otto

Otto Lara Resende foi escritor e jornalista. Nasceu e cresceu em São João Del Rei, em Minas Gerais, e aos 18 anos começou a trabalhar em Belo Horizonte, como jornalista. Também escreveu para os jornais O Globo, Diário Carioca, Correio da Manhã, Última Hora, Revista Manchete e Jornal do Brasil. Como autor, publicou os livros O lado humano, Boca do inferno, O braço direito, entre outros. Escreveu também “A cilada”, conto sobre a avareza, no livro “Os sete pecados capitais”, publicado pela Editora Civilização Brasileira, e do qual participaram também Guimarães Rosa, Mário Donato e Carlos Heitor Cony, entre outros. Em 1979, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

Serviço

Otto: de trás p/ diante

Brasil, 2022

Documentário, 77 minutos

Direção: Helena Lara Resende e Marcos Ribeiro

Próxima sessão:

Quarta, 12/10 – 21:45 Estação NET Rio 5

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Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.

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‘A Freira 2’ lidera bilheterias brasileiras e diretor explica sua visão. Entenda!

Em exibição há duas semanas, o filme da Warner Bros. Pictures traz Valak, a Freira Demônio, de volta ao cinema

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critica a freira 2

É o mais recente capítulo do universo “Inovação do Mal” e vem fazendo sucesso. “A Freira 2”, produzido pela Warner Bros. Pictures, lidera as bilheterias brasileiras. A princípio, com apenas duas semanas em cartaz, o filme de terror já arrecadou mais de R$38 milhões em bilheteria e atraiu quase 2 milhões de espectadores aos cinemas.

A trama de “A Freira 2” reintroduz Irmã Irene (interpretada por Taissa Farmiga) em um ambiente assustador. Dessa forma, entrelaça a história da Santa Luzia, a padroeira dos olhos e visão, com a atmosfera arrepiante da luta contra o mal.

O diretor Michael Chaves compartilha:

 “Cresci no catolicismo e sempre fiquei impressionado com as imagens que a cercavam – essa mártir cujos olhos foram cortados. Muitas vezes, vemos seus olhos nas palmas das mãos. Acho que há algo assustador e rico nesse imaginário.”

Valak

Continuando a história do filme anterior, A Freira 2 apresenta desafios antigos, com Valak mais poderosa do que nunca, e destaca duas heroínas cativantes unidas pelo poder da coragem. Michael explica:

“Gosto de histórias de mulheres fortes… A ideia dessas duas freiras encarregadas de uma missão atravessarem a Europa para tentar caçar esse demônio. Foi emocionante, uma história forte desde o início. Valak embarca em uma jornada pessoal… Introspectiva, íntima, dentro de si mesma, para entender quem ela é – e encontrar sua própria visão e sua própria maneira de ver o mundo ao seu redor”.

A saber, “A Freira 2” é dirigido por Michael Chaves (“A Maldição da Chorona [2019]”, “The Maiden [2016]” e “Inovação do Mal 3: A Ordem do Demônio [2021]”) e produzido pela New Line Cinema, The Safran Company e Warner Bros. Pictures.

O elenco do filme inclui Taissa Farmiga (“American Horror Story: Coven”, “Regressão”, “A Freira”), Storm Reid (“Uma Dobra no Tempo”, “Euphoria”), Jonas Bloquet (“Elle”, “A Freira”) e Anna Popplewell (“As Crônicas de Nárnia”), entre outros.

A Freira 2 está em exibição nos cinemas de todo o Brasil, com versões acessíveis disponíveis.

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