Na última quarta-feira (02), estivemos presentes na coletiva de imprensa (online) de IZA, cujo foco foi seu novo álbum AFRODHIT, que ela mesma considera como seu trabalho mais pessoal e feminino até hoje. A cantora estava simpática e falante como sempre e respondeu boa parte das perguntas dos mais de setenta veículos de comunicação presentes.
Falou como diversos filmes que gostava influenciaram no ótimo clipe de “Fé nas Maluca” como “Splash – Uma Sereia Em Minha Vida” e “Cocoon”. Já fiquei feliz e me conectei mais com artista, rapidamente, pois adorava essas obras. São clássicos da Sessão da Tarde dos anos 90.
A princípio, algo diferente ocorreu com esse trabalho de IZA, pois ela tomou a decisão de descartar diversas músicas quase finalizadas, pois não refletiam seu momento atual. Dessa forma, em fevereiro deste ano, começou novamente do zero, encontrando uma identificação mais profunda com temas inexplorados.
IZA está num momento de maior leveza e essas músicas agora ressoam naturalmente e sem constrangimentos. O nome AFRODHIT mescla o mito de Afrodite com afrobeat e hit. E faz jus ao que o trabalho apresenta. IZA transita por gêneros que vão desde R&B, rap e lovesong até funk, extrapolando os limites da MPB.
Afrodhit sem medo, essa é IZA
A primeira faixa, “Nunca Mais” é gostosa, para ouvir sem medo, sentir vontade de dançar, de preferência com aquela pessoa que lhe dá tesão, sabe? “Ou fica é pra vida toda, ou é pra nunca mais”, canta ela. Tem suingue e sentimos mais a voz grave, que puxa para a gravidade de um amor que parece líquido. Lembrei dos livros de Zygmunt Bauman.
Em seguida, “Fé nas Maluca” traz Mc Carol para um funk feminista e, ainda por cima, um clipe muito bom, um curta-metragem que explora várias vertentes de IZA. Ela participou do roteiro, da criação artística. O resultado tem sabor de blaxpoitation (pensei em Pam Grier) com filmes brasileiros antigos. Ela segue entregando muito mais do que esperamos. Ainda lembro de como seu clipe “Fé” mexeu comigo (leia mais aqui). “Fé nas Maluca” é mais um acerto da cantora. É, parece que essa palavra, fé, tem tudo a ver com ela mesmo.
A terceira faixa, “Que se Vá” tem estilo hip hop, de papo reto, mulher independente e crente do próprio poder, como IZA se mostra cada vez mais. Veja o visualizer a seguir, e, posteriormente, siga lendo:
A quarta, “Tédio”, é remédio contra a estagnação. Já “Mega da Virada” vem com Russo Passapusso, líder do BaianaSystem, e puxa bastante para o estilo da banda, bebe numa fonte de reggae que tempera a faixa positivamente, além do bom recado que entrega para “não passar por cima de ninguém”.
“Batucada” tem estratégia, ao falar da Pedra do Sal, tradicional reduto de samba, hip hop e funk no Rio de Janeiro. É uma canção bem carioca, que já imagino tocando por lá, nas famosas noites de segunda-feira.
“Boombastic” revive uma música que foi grande sucesso mundial, do cantor Shaggy, de 1995. ÇLembro que via o clipe na MTV. A versão de IZA é uma delícia, animada, bombástica, como ela queria, provavelmente.
Umbigo na testa
“Terê” me fez pensar em clássicos como “Cadê Tereza” de Jorge Ben. Mas a Tereza aqui é daquelas que toca o rebuliço. A música é divertida. Enquanto “Fiu Fiu” segue mais a linha atual de pop funk trap. Não à toa tem a presença de L7nnon. Tem um tom de flerte, boate, noite.
“Sintoniza” vem com Djonga e o gosto de soul me apeteceu, é mais romântica, com toque de safadeza também. R&B de qualidade. A seguir, “Bomzão” é bem afrobeat, com o auxílio de Tiwa Savage. Afinal, o charme da canção está exatamente nesse estilo melódico dançante afrodisíaco.
IZA na entrevista falou também sobre sexo e a evolução desse algo tão improtante na vida, e que melhora com a maturidade. “Exclusiva” tem essa questão da paixão e do fogo. “Tá tocando meu umbigo com a testa” mostra bem uma prática muito relevante e interessante. Afinal fala de como o sexo é melhor quando se ama, quando estamos apaixonados. Um pedaço do céu.
Por fim, “Uma Vida é Pouco Pra Te Amar” termina o álbum com romance e mais tranquilidade, uma voz madura, um amor sincero. IZA é cada vez melhor, amorosa e poderosa.