Estreia dia 17/08, o aguardado filme de terror “Fale comigo”, de Danny Philippou e Michael Philippou. O duo de irmãos cineastas faz sua estreia na direção de um longa-metragem.
Temos a história de Mia (Sophie Wilde), uma adolescente que acaba de perder sua mãe por suicídio. A jovem tenta se reencontrar ao ser acolhida pela família da matriarca Sue (Miranda Otto), com seus dois filhos: A adolescente Jade (Alexandra Jensen) e o caçula, Riley (Joe Bird), que tem uma ligação mais profunda de afeto com Mia. Paralelamente, seu pai tenta se reaproximar dela, porém, a mesma hesita nessa proximidade.
Em certa ocasião, Mia acompanha Jade em uma festa, onde outros jovens divertem-se ao invocar espíritos, em uma versão mais macabra da brincadeira do copo. Uma mão envolta em cerâmica, supostamente cortada de uma vidente, cria um elo com o mundo do além e permite a possessão de uma pessoa por um espírito.
Revigoração do cinema de terror
Mia decide aceitar o desafio de entrar em contato com o mundo do além. Inicialmente ela é bastante cética em relação à experiência. Logo depois, ela fica totalmente viciada no contato. E o que era para ser apenas um desafio, torna-se, literalmente, um vício, do qual ela e os outros jovens não conseguem largar.
“Fale comigo” não propõe-se como reinventor do cinema de terror. Mas, certamente traz uma ótima revigorada para o gênero. A inovação está justamente na forma como o roteiro humaniza e contextualiza os dramas dos personagens de forma bem amarrada às partes sobrenaturais da trama.
Vício na adrenalina
O filme marca a estreia de Sophie Wilde como protagonista. Ela conduz muito bem a trama do filme com uma performance convincente nas partes dramáticas e impressionante nas partes sobrenaturais. Sua personagem, Mia, é uma adolescente que está sempre tentando sentir-se incluída. Sua inclinação a participar de um jogo tão sinistro reflete esse desejo.
O vício na adrenalina de entrar em contato com o além vida é apresentado como fascinante. Embora, todos percebam que exista um risco, afinal é estipulado um limite de tempo de 90 segundos, ninguém consegue parar. O ritual acaba sendo uma metáfora para o vício em drogas, que pode levar jovens, que buscam uma válvula de escape de seus medos e ansiedades, para caminhos perigosos e trágicos.
Morbidez através das redes sociais
O filme não pretende ser uma crítica social. Pelo menos, não diretamente. Mas, é inevitável pensar em como “Fale comigo” recria de maneira impressionante uma crescente morbidez que assola a sociedade através das redes sociais. No filme, as cenas aterrorizantes, estão quase sempre acompanhadas de pessoas filmando vídeos, em celulares, para serem compartilhados nas redes sociais. Assim como na atualidade, as pessoas estão sempre filmando a desgraça alheia, sem nenhuma empatia.
Outro ponto de destaque do filme é o ótimo trabalho de maquiagem que transmite toda a tensão nas cenas de possessão. Podemos notá-la, de forma bem impressionante, em cenas de impacto visual mais fortes. De forma que o filme nos envolve na tensão e no horror da violência presente na trama.
Possibilidade de continuação de “Fale comigo”
Parece que já está certa a realização de uma continuação. A meu ver, seria interessante, para variar, um filme bom que termina em si, sem a necessidade de uma criação e exploração de uma franquia. Porém, se a continuação não sucumbir aos ditames do mercado, há a possibilidade positiva de haver uma reinvenção do próprio filme e dos conceitos que ele criou.
Enfim, é revigorante ver um filme de terror que respeita o ritmo da própria atmosfera que ele criou. Que não se apoia em sustos baratos e muito menos na repetição exaustiva de elementos visuais. As cenas de contato com os espíritos, por exemplo, não se repetem desnecessariamente. Nada aparece ao acaso ou exageradamente.
A fotografia também evita o tom de “perigo iminente” que ronda a maioria dos filmes de terror atuais e aposta mais no desenvolvimento de um ambiente claustrofóbico, tanto nos cenários noturnos, quanto nos planos fechados de interação com os espíritos.
Onde assistir “Fale comigo”
Por fim, se você é fã de terror e busca um filme que fuja da mesmice dos últimos lançamentos do gênero, vá assistir “Fale comigo”. A estreia é neste dia 17/08, com distribuição da Diamond Films. Desse modo, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.
