Aonde Mora a Vovó? Falar da vovó é sempre ótimo, somos todos sempre levados a revisitar o nosso passado, no caso dos pais, um passado mais longevo.
Gilberto Martini, apresenta a obra “Aonde Mora a Vovó?” E dessa vez, posso adiantar que a ilustração de Millão é um plus do livro!
São páginas coloridas, cheias de bichinhos e digo mais, bem contemporâneo, afinal a vovó dessa vez não tem cabelos brancos, nem se veste com aqueles vestidinhos simplórios.
Isso ficou para trás, bem no passado das vovós. O vovô é mais fortinho, com uma aparência mais envelhecida, mas a vovó…
O que também está bem bacana é que a vovó aparenta alegria, minha avó era uma mulher séria, que não se casou novamente, bem diferente da vovó que a minha mãe seria. Nas ilustrações também podemos perceber a influência da nação miscigenada, o que não acontecia pouquíssimo tempo atrás. Millão, merece parabéns por abrir também espaço, abrir o caminho para quem realmente somos. Ele diretamente conscientiza a criança que somos uma nação miscigenada, isso quer dizer, quebrar as pernas do racismo! Se o construímos, acredito que iremos desconstruí-lo.
Os netinhos da vovó, são crianças brancas, pardas, avermelhadas, de cabelos loiros, outros cabelos enrolados, uma bagunça só.
As cores utilizadas também chamaram muito a minha atenção, certamente que as crianças também chamarão.
Acredito que crianças com 4 anos entenderão a mensagem do livro.
A história conta sobre a casa da vovó, tudo de bom que tem lá. Na verdade, uma alusão a tantas coisas que se tem na casa da vovó. São inúmeras e peculiares, isso já sabemos, mas de forma geral, tem muito amor e afeto nessa casa!
Eu mesma lembrei da papa de fubá que minha avó fazia, que após pronto, ela colocava nos pratinhos Duralex. A fumacinha subindo dos pratinhos, enquanto ela colocava canela estão ainda na minha memória afetiva. Os pratinhos pertenciam a mim e as minhas primas durante as férias.
O livro é de 2020, mas o tema é atemporal, porque as avós são eternas, ainda que em nossas memórias.
“onde mora a vovó, a gente não esquece nunca” (texto), o livro pode até contar uma história ficcional, mas há muita verdade nele. Inclusive quem segue o literário em uma de suas páginas sociais, sabe que o livro é adaptação de poesias criadas por ele, contando sobre os netos que sempre estão por lá. Na verdade, fiquei com vontade de ir lá também, porque vovôs assim, não podemos deixar passar despercebidos. Uma pena, embora meu avô seja até hoje lembrado pelos filhos/meus tios, não o conheci, aliás, nenhum deles.
O livro tem pouco texto, letras grandes, ótimo para crianças no processo da alfabetização.
A diagramação também é excelente, as folhas de papel couchê de boa gramatura e figuras brilhosas.
Dia 23 de setembro as 16 horas, haverá uma tarde de autógrafos na Livraria Travessa Icaraí/Niterói, com atividades lúdicas de desenho com o desenhista e escultor Carlos André Velasco Moreira. Gratuito!
Sobre o autor:
Gilberto Martini nasceu em Niterói, há muitos anos atrás. Tanto tempo já se passou que ele já nem lembra mais quando foi. Formou-se economista na Universidade Federal Fluminense – UFF. Depois, fez pós-graduação em Jornalismo na ESPM – SP. Na universidade, conheceu Sônia e, juntos, tiveram três filhos e (ufa) oito netos. Com eles, filhos e netos, reaprendeu a brincar com a magia da vida.
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