Loop é um filme brasileiro de ficção científica que fala sobre viagem no tempo. Difícil não lembrar do divertido “O Homem do Futuro”, dirigido por Cláudio Torres e estrelado por Wagner Moura e Alinne Moraes. Porém, o diretor e escritor de Loop, Bruno Bini, segue por outro caminho. Inclusive, bastante sombrio. Com um início já doloroso, conhecemos Daniel (Bruno Gagliasso em boa atuação) e a tragédia que vai mudar toda sua vida.
A relação entre irmão e irmã, Daniel e Simone (Branca Messina, carismática e eficiente) é de uma cumplicidade interessante e dá uma bela base para o longa-metragem. Aliás, Loop oferece diversos plot twists e surpresas que vão surgindo a partir da segunda metade. O diretor Bruno Bini consegue manter o espectador ligado e torcendo para que o protagonista Daniel consiga descobrir como voltar no tempo para mudar seu futuro.
O caso de amor entre Daniel e Maria Luiza é a clássica paixão. Eles possuem química e ambos os atores atuam bem, ainda mais em algumas cenas de ciúmes e na bela sequência em que fazem amor sob a canção “Anjo” de Russo Passapusso. No geral, a trilha sonora acrescenta bastante ao filme, como na cena do sonho. A linda Maria Luiza fascina Daniel desde o primeiro momento em que ele a vê. Contudo, há muitas coisas para acontecer – ou que já aconteceram.
Paradoxos temporais
O espectador viaja no tempo junto com Daniel e acabei lembrando também de filmes como “Exterminador do Futuro” e “De Volta Para o Futuro”. Aqui temos a criatividade brasileira para falar de paradoxos temporais e uma relação que é mais do que parece. O delegado vivido com bastante verdade por Roberto Birindelli faz o papel do espectador, perdido entre os acontecimentos, achando uma coisa que é outra e tentando entender o quebra-cabeça. Na primeira metade parece um filme de investigação, um thriller policial sobre a busca por um assassino, todavia, aos poucos, vai se tornando outra coisa.
A fotografia é bonita e coerente, com tons sombrios e soturnos. O reflexo quebrado mostra bem a mente fragmentada do personagem que quer consertar os problemas que cria. O longa-metragem, apesar de ser sobre perdas e arrependimentos consegue entregar bons momentos cômicos e uma brasilidade que se tornou mais perceptível para esse jornalista que viu o filme no Teatro Municipal do Porto, em Portugal, durante a cobertura do Festival Internacional de Cinema do Porto (Fantasporto). O filme teve a honra de ser escolhido para ser exibido no encerramento após as premiações e foi bastante aplaudido quando terminou.
Além disso, a participação de Zé Carlos Machado traz um peso a mais para o filme e novas interações. Afinal, o que você faria se pudesse retornar ao passado? Para onde você iria? E será que daria certo? Mexer com o espaço-tempo é errado? O final é ótimo e me deixou um bom tempo sentado na poltrona. Enfim, um belo exemplar de ficção científica, gênero não muito explorado no Brasil, e que ganha um estímulo com essa produção.