Eu já tive o apelido de Jedi. Na verdade, ainda sou chamado assim por muitas pessoas que me conheceram na adolescência. O motivo do apelido fica para depois. A questão é que, faz pouco tempo, mas, finalmente, durante o isolamento devido ao coronavírus, assisti ao último “Guerra nas Estrelas“, ah, desculpa, agora só chamam de Star Wars. Tive a oportunidade única de ver em 2019 no cinema em uma cabine de imprensa (sessão fechada para jornalistas e afins, antes da estreia) numa grande sala de cinema do Rio de Janeiro. Contudo, não fui. Admito, tive receio pelas críticas negativas que chegavam (o medo é um caminho para o lado sombrio) e enviei um colaborador do site, meu bom amigo, Tunai Caldeira. Aliás, eu chamava o Tunai de Chewie nos tempos de ensino médio. Ele tinha cabelo comprido e também dividia comigo o gosto pelos filmes desse universo fantástico.
O momento para ver tal filme era esse mesmo, sozinho, sendo rondado pelos sentimentos e sensações de insegurança, raiva – e medo, logicamente. Uma ameaça fantasma rondando o mundo e eu longe de casa, em outro país. Talvez um treinamento intensivo sendo proporcionado pelo universo. Mas, e todo o sofrimento ao meu redor? As perspectivas drásticas no Brasil? A questão econômica pesando. Precisava do abraço de algo conhecido, algo que me trouxesse uma nova esperança. Indubitavelmente, eu não queria ser o último jedi.
Noite traiçoeira
Então, em uma noite solitária e escura, coloquei o filme no notebook e vi o capítulo derradeiro dessa saga que me acompanha desde a infância. “A Ascenção Skywalker” tem espetaculares cenas de ação e algumas decepções. O filme não é ruim, mas também não chega a ser bom, todavia, a mensagem de Star Wars está lá. Amizade, honra, solidariedade, luta por valores que prestam, contra o fascismo e pela liberdade. Star Wars é uma grande mescla de mitologias e ficção científica que marcou o mundo. Lembro de comprar o livro “Sombras do Império” que contava o que acontecia logo após o, para mim, melhor filme da série, “O Império Contra-Ataca“. Assim como lembro do criativo funk que homenageia os filmes de uma forma muito divertida.
O apelido
Dancei essa música sozinho em casa algumas vezes e ouvi quando precisava me animar e sorrir. Antes de lançarem “A Ameaça Fantasma“, em 1999, quando estava na oitava série do ensino fundamental, achava que o nome Alvaro era muito sério, impopular, não adequado a um garoto. Resolvi inventar um apelido. Primeiro tentei Kenobi, meu jedi preferido. Mas estava difícil de pegar. Então, comecei a me apresentar como Jedi. E não é que deu certo? Dizem que ninguém inventa apelido, pois eu consegui, a Força estava comigo. Apesar dessa alcunha, sempre me considerei um padawan, eterno aprendiz, e continuo me vendo dessa forma. Hoje, mais do que nunca assumi o nome Alvaro, a adolescência e a busca pela identidade já passou (será?). Além disso, não sou mais garoto, Alvaro combina comigo e com o caminho que escolhi – ou que me escolheu.
Star Wars foi comprado pela Disney que buscou renovar a franquia. Os últimos filmes trazem algumas boas surpresas e personagens carismáticos, no geral, tentam seguir a fórmula da trilogia original. Enquanto isso, uma nova série, “The Mandalorian“, consegue realçar a velha essência de aventura galáctica. Também vi durante o isolamento, foi uma boa companhia. Star Wars veio me auxiliar durante esse momento estranho do planeta. No meu país natal, meu Brasil, meus amigos e familiares aguardam o retorno de Jedi. E, mais do que nunca, tenho a certeza de que a Força estará comigo. Sempre.