Hoje, muita gente passa longe da velha televisão. Ao menos no formato antigo. Ligam os aparelhos (smartphones?) e vão para o YouTube e outros streamings. Contudo, pessoalmente, gosto de ser surpreendido ao zapear em busca de pérolas. Às vezes, resulta em rever algum filme marcante, conhecer outros, começar algum pelo meio. Ou encontrar inspiração inesperada.
Naquele final de domingo, encontrei no canal Arte1, a biografia de Hokusai com narração de Andy Serkis. O nome não me era estranho, e há várias obras muito famosas desse artista japonês, considerado, inclusive, o precursor do mangá. Fui pego pelo documentário na minha admiração pela cultura oriental – e fiquei maravilhado.
Hokusai demonstrava talento para a pintura desde a infância. Sua ligação com a espiritualidade é pouco explorada na internet, mas no filme é dito em como sua família era fiel ao budismo e ele teria rezado durante 21 dias para Myoken Bosatsu, um Bodisatva, um deus da Estrela Polar, para evoluir como artista. Essa deidade inspirou até a escolha de seu nome artístico: Hokusai.

O filme emociona através dos admiradores e pesquisadores de sua obra e, em especial, pela profundidade de sua arte e vida, pelas dificuldades enfrentadas em tantos momentos, como se endividar pagando dívidas de um neto, ou um incêndio que lhe faz perder tudo. Apesar dos desafios, ou a partir deles, foi extremamente prolífico e pintou até os 90 anos, marcando a história da arte eternamente.
Algumas das últimas obras de Hokusai atingem um patamar único e especial, como “O Dragão de Fumaça que Escapa do Monte Fuji”.
É a despedida de um gênio, feita em seus últimos meses de vida. Ele assina a pintura dizendo que nasceu no ano do dragão e pintou essa no dia do dragão, aos 90 anos. É estupenda. O Fuji na frente, e no meio de uma nuvem, dentro dela, o dragão subindo aos céus.
A obra mais famosa de Katsushika Hokusai é “A Grande Onda” (1830-31) e você já deve ter visto por aí. Ele fez aos 70 anos e, em verdade, é uma das 46 xilogravuras da sua conhecida série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”. A obra retrata o Monte Fuji ao fundo de uma onda gigantesca. É potente. As ondas parecem ter garras, vivas, assustadoras. Quantas tatuagens você viu com esse estilo? O artista japonês era especial e essa biografia foi inspiradora a ponte de me fazer sentar na madrugada simplesmente para escrever sobre isso.
Deu vontade de louvar os deuses da arte – e os programadores do Arte1 – por me presentearem com tamanha riqueza em uma obra audiovisual. Desde os depoimentos, as imagens, os estudos de suas obras, até a narração de Andy Serkis, surfei na onda de Hokusai, admirando sua vida e caminhada evolutiva. Ele sonhava em pintar até os 110 anos. Sonho em escrever até os 120.
Hokusai-shisho, kansha shimasu.
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