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Cena de Make a Girl- DIvulgação Sato
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Make a Girl’ foca no artificial e esquece do humano

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 30 de outubro de 2025
5 Min Leitura
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Cena de Make a Girl- DIvulgação Sato
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Dirigido por Gensho Yasuda, Make a Girl revisita o mito de Pigmalião sob uma ótica tecnológica, mas tropeça em suas próprias ambições.

Segundo a mitologia grega, Pigmalião era um renomado escultor que se apaixonou por sua própria criação, uma estátua chamada Galateia. Comovida pela devoção do artista, Afrodite deu vida à estátua, permitindo que ambos vivessem um amor verdadeiro. Esse mito, que discute os limites entre criação e criador, inspirou inúmeras obras ao longo da história, de Frankenstein (1818, Mary Shelley), a filmes como Mulher Nota 1000 (1985, John Hughes), Ruby Sparks (2012, Valerie Faris e Jonathan Dayton), e A Noiva de Frankenstein (1935, James Whale), sendo justamente esse último que mais dialoga com Make a Girl, e também o que evidencia o quanto o filme de Yasuda desperdiça o potencial de sua premissa.

Na obra de Whale, sequência direta de Frankenstein (1931), a criatura exige que seu criador lhe conceda uma companheira. Quando finalmente ganha vida, a noiva se recusa a aceitá-lo, levando a um desfecho trágico e poderoso. O filme amplia o material original de Shelley, ao mesmo tempo que reforça a monstruosidade moral de Victor Frankenstein, um homem incapaz de reconhecer sua própria arrogância. Make a Girl tenta seguir caminho semelhante, mas fracassa justamente ao tentar humanizar demais o seu criador.

Cena de Make a Girl- DIvulgação Sato

Cena de Make a Girl- DIvulgação Sato Company

Akira, o protagonista, deveria ser um personagem trágico, mas acaba sendo visto apenas como antipático. Mesmo em seus momentos de sofrimento, ele não desperta empatia. Sua motivação: criar uma namorada perfeita para se tornar um cientista melhor, é rasa e autocentrada. Diferente de Victor Frankenstein, cujas motivações, embora condenáveis, são compreensíveis, Akira parece apenas um jovem mimado, perdido em sua própria vaidade emocional, e esta falta de complexidade impede o envolvimento do espectador.

Há, contudo, lampejos de potencial. O mundo que Yasuda constrói tem espaço para uma interessante mistura de gêneros, da comédia romântica à ficção científica existencial, mas o filme apenas tangencia essas possibilidades. Zero, a androide criada por Akira, é um reflexo direto do mito de Galateia, mas sua trajetória é subaproveitada. Em vez de explorar a consciência emergente e o dilema de amar sem livre-arbítrio, Yasuda a transforma em uma figura passiva, cuja presença serve apenas como espelho para as inseguranças do protagonista.

Os personagens secundários não escapam da superficialidade, e suas interações pouco contribuem para o desenvolvimento da trama. O filme poderia ter seguido uma linha mais filosófica, questionando o que significa amar e ser amado, mas opta por uma jornada centrada na autorredenção de Akira, uma narrativa terapêutica que jamais se concretiza. Zero, nesse contexto, torna-se um símbolo freudiano do vazio afetivo do protagonista, mais uma extensão de seu trauma do que um ser com agência própria.

Com 90 minutos de duração, Make a Girl parece mais longo do que realmente é. O ritmo irregular e a transição confusa para o thriller de ação diluem qualquer força emocional que ainda restava. Yasuda tenta abarcar demasiadas ideias dentro de um mesmo filme, sem desenvolver nenhuma com profundidade, resultando em uma colagem de conceitos que nunca se unem.

Cena de Make a Girl- DIvulgação Sato

Cena de “Make a Girl”- Divulgação Sato

Mesmo tecnicamente, a produção oscila. A animação 2D apresenta momentos criativos, especialmente nos delírios visuais dos personagens, mas a trilha sonora desalinhada, ora romântica, ora melancólica, quebra a imersão e enfraquece o impacto das cenas mais tensas, deixando a sensação de um projeto que queria ser grandioso, mas esqueceu de construir uma base sólida o suficiente para sustentar suas ambições.

Mesmo sendo considerável a produção ter sido financiada por meio de catarse que permitiu esta primeira direção de Yasuda, Make a Girl funciona somente como exercício, falhando em despertar emoção, ironicamente, o mesmo sentimento que move a produção. Entre o amor artificial e o vazio humano, Gensho Yasuda entrega um filme que carece justamente daquilo que tenta criar: amor.

Distribuído pela Sato Company, Make a Girl estreia nos cinemas no dia 13 de novembro.

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Tags:CinemacríticaCrítica Make a GirlFrankensteinGensho YasudaIAMake A GirlPigamaliãosato company
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