Dirigido por Bruno Barreto, Traição entre Amigas entrega madura Larissa Manoela em uma novela que chega um pouco tarde demais aos cinemas
Antes de se tornar “a Thalita Rebouças” que conhecemos hoje, famosa por livros voltados ao público infantojuvenil, como Confissões de Uma Garota Excluída, Mal-Amada e (Um Pouco) Dramática (2016) e Tudo Por Um Pop Star (2011), ambos já adaptados para o cinema, a escritora lançou seu primeiro livro, Traição Entre Amigas. A obra, uma de suas mais maduras em termos temáticos, apresenta discussões que vão além do universo adolescente, tocando em traumas e questões essencialmente humanas, e que atraíram desde o começo a atenção de Bruno Barreto.
Durante a coletiva realizada em 24 de novembro, Thalita, que também assina o roteiro da adaptação, destacou que este é um de seus filmes mais fiéis ao material original, apesar das mudanças necessárias devido aos 25 anos que separam o livro do longa. Segundo ela, o filme só ganhou corpo graças à soma de todos os elementos envolvidos, especialmente a direção de Bruno Barreto e o trabalho das protagonistas Larissa Manoela e Giovanna Rispoli, que em papéis bem mais maduras do que estão acostumadas, constroem personagens que são acima de tudo: falhas e empáticas.

Larissa Manoela e Giovanna Rispoli em “Traição Entre Amigas”- Divulgação Imagem Filmes
A direção de Barreto se impõe com força, demonstrando novamente o seu amor por personagens femininas complexas e dúbias. A fotografia preenche a tela com cuidado, ressaltando detalhes por meio de uma paleta vibrante e de uma direção de arte robusta, especialmente perceptível no figurino de Penélope, personagem de Larissa Manoela, e nos cenários tanto do Sul do Brasil, quanto de Nova Iorque, que esteticamente são completamente distintos. O design de som, por sua vez, se destaca pela organicidade entre ruídos, diálogos e trilha, reforçando a presença de Luiza, interpretada por Giovanna Rispoli, que na adaptação, se tornou cantora.
Narrativamente, a produção segue a clássica estrutura das tramas adolescentes, já tão conhecidas pelo público, a ponto de permitir que se prevejam os principais acontecimentos, como o twist envolvendo Gabriel, André Luiz Frambach. Se no início dos anos 2000 esses temas ainda eram pouco explorados, hoje soam repetitivos e, em certos momentos, até bregas, o que tira a força das viradas e discussões que são tão orgânicas no livro. Ainda assim, as fortes atuações de Larissa e Giovanna conferem personalidade e força ao filme.
Apesar do título, Traição Entre Amigas, as protagonistas dividem a tela juntas apenas em um curto trecho. Em seguida, o longa adota duas linhas narrativas paralelas, distintas, mas semelhantes, acompanhando Penélope e Luiza enquanto ambas amadurecem e lidam com relacionamentos, dúvidas, desejos e com a própria vida adulta, algo que ganha ainda mais peso quando observamos o processo de crescimento artístico das duas atrizes.
Tanto Larissa Manoela quanto Giovanna Rispoli começaram suas carreiras como atrizes mirins. Agora, aos 24 e 23 anos, respectivamente, ingressam em uma fase de amadurecimento também em seus papéis. Ao abordar temas como aborto, traições, paixões, trabalho, erros e acertos, Traição Entre Amigas funciona como porta de entrada para este novo momento profissional, inclusive por conta de teor mais sexual presentes no filme, colocando ambas em posições que não tinham abordado anteriormente em suas respectivas filmografias.
“Meu público cresceu comigo, se transformou comigo, e acho que eles vão se reconhecer nesse momento em que busco histórias mais complexas, mais adultas, mais desafiadoras. Tenho muito carinho por tudo o que construí, mas é lindo poder expandir, ousar, me reinventar. Espero que eles abracem essa nova fase — porque eu estou muito feliz e orgulhosa dela.” — Larissa Manoela

Larissa Manoela em “Traição Entre Amigas”- Divulgação Imagem Filmes
Traição Entre Amigas é direcionado principalmente aos jovens que cresceram acompanhando Larissa desde a infância, sendo uma produção que trata com empatia temas complexos como o aborto, ao mesmo tempo, que tenta abraçar diversas homenagens e subtramas, como o arco envolvendo a peça de Carmen Miranda, que ao final se revela uma construção que não leva a lugar algum, servindo apenas como um modo de inserir a personagem em um novo e mais complexo desafio, algo recorrente em algumas das tramas do filme.
Com menos de duas horas de duração, Traição Entre Amigas começa como um típico filme adolescente, mas evolui para algo mais maduro. Apesar disso, e embora mereça crédito por essa tentativa, o resultado final ainda é uma história que significa muito para seus envolvidos, sobretudo como marco artístico para as protagonistas, mas pouco para um público que talvez esperasse algo mais ousado, entregando uma narrativa familiar, com nuances de maturidade que poderiam ter sido exploradas de forma mais inovadora e original.
Distribuído pela Imagem Filmes, Traição Entre Amigas estreia nos cinemas brasileiros em 11 de dezembro
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