Contrapor (Contradict) é um documentário de dois cineastas suíços que traz sete músicos de Gana. Logo nas primeiras cenas, lembrei do meu amado Brasil, em especial, da cidade do Rio de Janeiro. A passarela, as construções, pareciam a Avenida Brasil. No decorrer do filme, muitas outras comparações vieram à tona em minha mente. Entre África e Brasil tem uma ponte invisível e fácil de ver. Vi esse filme, Contrapor, antes que viesse a ser exibido no 8º Panorama Digital de Cinema Suíço, a convite da produção do evento.
A proposta de unir artistas e trazer a visão de cada um, ao mesmo tempo em que fazem videoclipes especialmente para o filme é uma árvore que dá bons frutos e gera cenas únicas. Alguns deles afirmam que é dever, como mais privilegiados, tentar mudar o sistema desigual em que vivem. Nana Akosua Hanson, radialista e ativista, diz que eles não podem ficar confortáveis com a forma como as coisas são.
Entretanto, tive vontade de separar aqui alguns outros trabalhos desses artistas que apresentam um sabor ganense temperado pelas consequências da globalização. Por exemplo, Wanlov The Kubolor e M3NSA criticam com ironia ferina a América e filmam um clipe onde pedem esmolas para os Estados Unidos. Ele são os FOKN Bois, os mais engraçados do filme, sim, fazem rir – e pensar. Abaixo tem uma apresentação deles para a BBC.
A cantora Adomaa é uma das forças artísticas que ganham o mundo hoje a partir de Gana. Ela canta o que vive e sente.
Aliás, veja a cantora Adomaa:
Em seguida, temos Worlasi, um músico que tem uma visão diferenciada e propões canções e clipes bem produzidos que conseguem demonstrar e dar alguma noção sobre a realidade de seu país de origem.
Por exemplo, veja “One Life”, um retrato de Gana:
Além disso, Worlasi tem o costume de falar sobre religião e fé em seu trabalho. O poder que Deus dá… Ou a religião, e como pode ser usada de formas estranhas por um poder material, dinheiro, sexo. Contudo, ele traz também a força da possibilidade, porém com foco nos negros. O clipe a seguir é a junção de diversos momentos icônicos e marcantes de negros vitoriosos. De Muhamad Ali passando por Usain Bolt, chegando em Michael Jordan, e até Obama, com ganhos do boxeador ganense Azumah. A música tem sabor e ritmo e deixa claro que sim, tudo é possível.
Poetra Asantewa faz arte criticando os estereótipos da sociedade do que é beleza. Em seguida, no clipe abaixo, ela dá seu recado sobre amor próprio. As imagens que provocam reflexão sobre a cobrança que o mundo exerce.
Enquanto isso, Mutombo Da Poet, é o artista da palavra falada, buscando reflexões sobre os problemas sociais.
Então se liga nesse bloqueio de escritor de Mutombo Da Poet:
Inclusive, saiba que Gana é um país multilíngue. Aproximadamente oitenta línguas são faladas por lá, entre elas o akan. Akan é também o rapper que não se preocupa em cantar em inglês.
Enfim, saca só o Akan:
Sinopse de Contrapor (Contradict):
Com direção de Peter Guyer e Thomas Burkhalter. Afinal, como se deu o desenvolvimento da globalização e as mudanças de valores desde o seu início em Gana e no continente africano? Como queremos confrontar e nos contrapor a essas mudanças? A nova visão do futuro pode se tornar realidade global? Dois cineastas suíços buscam estas respostas. Tudo com a ajuda de sete músicos de Gana – M3NSA, Wanlov The Kubolor, Adomaa, Worlasi, Akan, Mutombo Da Poet e Potera Asantewa. Eles criaram novas músicas e produziram videoclipes especialmente para o documentário.
SERVIÇO:
8º Panorama Digital do Cinema Suíço
Quando: De 27 de agosto a 6 de setembro
Onde: Online pela plataforma Sesc Digital: www.sescsp.org.br/panoramasuico