O mês de novembro foi o mês da cor, mês do “Black”, mês das culturas e das artes Negras. Mês de choros pelos finados e das lembranças. Vários eventos que enfatizaram a cor negra. Personalidades originadas dos guetos, que cresceram em meios periféricos de pequenas ou grandes favelas, houve também os que ascenderam para algumas vielas e os que permaneceram porque quiseram.
Ao falarmos de alguma consciência no Brasil, e que seja voltada as artes e culturas negras, não podemos deixar de falar da saudosa Chica Xavier ou melhor, Francisca Xavier Queiroz de Assis, que era produtora e atriz de teatro, e de outros segmentos como televisão e cinema. Mulher, negra, nos deixou aos 88 anos em agosto de 2020.
Mas não deixou de ser lembrada como a mãe do Brasil e sua carreira continua servindo como uma grande referência para muitos artistas. Mesmo não estando em vida, Chica tem recebido algumas homenagens e a mais recente foi no Projeto Ilumina Zona Oeste, evento on-line da consciência negra que reuniu ou homenageou algumas figuras de grande representatividade negra que habitaram ou habitam na região.
Quilombo
Em uma videoconferência intermediada por Pablo Ramos trouxe um encontro entre Ernesto Xavier (Neto de Chica Xavier e editor da Revista GQ Brasil), Roberta Calixto (Designer e mestranda sobre relações étnico raciais) e Sandro Santos do Quilombo Cafundá Astrogilda.
Ernesto Xavier lembra como o Quilombo de Sepetiba foi fundado por Chica Xavier. Aliás, ainda fala das experiências que teve no terreiro desde o casamento de seus pais, as festas e encontros em família e alguns
eventos promovidos pela sua vó.
“A casa de Sepetiba era a casa de veraneio da família e para minha vó, tudo era festa e tudo muito regado a feijoada. O terreiro ficava cheio, vinha muita gente da família, amigos. Ela era uma pessoa tão cativante que pessoas ligavam para Globo, empresa que ela trabalhou grande parte da vida, para buscar o endereço do terreiro e começar a frequentar”, declarou Ernesto.
Vó
Ernesto, neto da atriz, diz que as pessoas viam em suas personagens muita verdade ao ponto de querer se aproximar dela e se sentirem acolhidas. “Ela transferia muitas características dela para suas personagens. Para mim, era minha vó, a que eu enxergava com bastante naturalidade, mas para os outros acabava sendo algo a mais, algo que transcendia. Ela era aquela pessoa bondosa que cuidava das pessoas que precisavam de algo”, falou, emocionado, Ernesto.
Já Roberta Calixto, fala sobre a grande representatividade de Chica Xavier enquanto esteve em vida. “Ela representou em alguns momentos nossas avós que sempre nos acolheram e lutaram para tentar proporcionar o que fosse de melhor para nossos pais, almejando o sucesso deles, sempre. O projeto Josefinas, carrega muito disso, na questão do acolhimento, trás a figura das mulheres negras numa tentativa de apoio mútuo em prol da solidariedade. Por ser um trabalho social, que acaba atingindo muitas pessoas. Só para ter uma idéia, conseguimos arrecadar bastantes alimentos para distribuição e caridade.”, disse Roberta.
E Sandro Santos fala sobre o Quilombo Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande. Tenta enfatizar a vida do negro na história e a importância dos quilombos em suas vidas no passado e como ainda influencia negros nos dias de hoje. Afinal, o quilombo sempre foi um lugar de resistência e isso permanece.