Cinema
A Imagem da Tolerância | Conheça o documentário sobre um símbolo da benevolência
Publicado
4 anos atrásem
Aparecida apareceu. Era uma quarta-feira de noite, quando vi um documentário chamado A Imagem da Tolerância. O rio e suas águas, a voz de Maria Bethânia, o mistério de uma imagem. Fiquei ali escutando os depoimentos de uma sambista que louva a Santa Negra; ou da drag queen Nany People com suas falas contundentes e sua fé na Mãe Aparecida. As vivências pessoais de Nany apresentam um algo mais que tem tudo a ver com o título do filme. Além disso, as palavras de pessoas como o rabino Nilton Bonder e do lama Michel Rinpoche, entre outras religiões que aparecem, trazem sempre um novo ponto de vista. A conclusão que o filme conduz é que Nossa Senhora Aparecida não tem preconceito e que em seu coração de mãe, tem espaço para todos.
O conceito de energia feminina e aspecto feminino de Deus está ali presente. Várias religiões tem suas Mães Divinas. Lembro até de uma bela canção de Chandra Lacombe que diz “Mãe Divina eu quero ser um filho realizado, e perante o seu poder, me entrego pra ser libertado”. Não, essa não toca no filme. Quem toca mais é Maria Bethânia, historicamente conectada com as religiões afro-brasileiras, cantando algumas das canções que homenageiam uma Mãe Maior como “Mãe de Deus das Candeias” e falando sobre a importância da fé na sua vida.
Símbolo de amor
Enquanto assistia A Imagem da Tolerância recordei também de uma vez que comentei sobre a Mãe Aparecida para um ogan de candomblé e ele disse que, para ele, Ela era Deus. A imagem de Aparecida traz essa coisa da mãe cuidadora que ama todos os filhos. Aquela pequena grande escultura barroca é um símbolo de amor, que não se preocupa com classes, idades, crenças, ou seja lá o que for. Em dado momento do filme, o carismático padre Fábio de Melo fala sobre verdade. A verdade é que a simbologia de Nossa Senhora Aparecida é a proteção da mulher, a força materna que ensina através do amor. Aparecida é a ausência do medo e o aroma da pureza; o poder da fé em toda sua riqueza.
Os devotos de Nossa Senhora Aparecida são muitos e não param de crescer. E são de muitas religiões. Pedem e são atendidos. A Mãe Aparecida é famosa por ser milagreira. O amor é um sentimento milagroso e Ela simboliza esse amor infinito da mãe que pega seus filhos no colo e ensina o caminho – até do cinema.
A saber, o filme vai ao ar no domingo (24/05), às 19h30, na TV Aparecida.
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
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Cinema
‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
Publicado
9 horas atrásem
24 de abril de 2024Por
Livia BrazilUns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.
Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.
Muito rock
Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.
Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.
Roteiro
Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.
Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.
Sintonia fina
George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.
Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.
Nostálgico
Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!
Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:
Ficha Técnica
AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL
Brasil | 2023 | Comédia
Direção: Tomás Portella
Roteiro: L.G. Bayão
Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.
Produção: Luz Mágica
Coprodução: Globo Filmes e Mistika
Distribuição: H2O Films.
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