O Rio de Janeiro está na linha de frente do futuro dos jogos digitais no Brasil. E quem afirma isso é Rodrigo Terra, presidente da Abragames e coordenador de Relações Institucionais da entidade. Em entrevista exclusiva, Terra detalhou como o estado se tornou um dos pilares estruturais das novas estratégias da associação e por que o ecossistema fluminense aparece cada vez mais como referência nacional.
A conversa aprofunda a atuação da Abragames, o diálogo com o governo, a força das universidades, o impacto das políticas públicas e o papel crescente da criação autoral no Rio. Mais do que números, Terra descreve um momento de maturidade e projeção internacional.
“Tudo que a Abragames faz sempre vai incluir o Rio”
Quando questionado sobre o lugar do Rio nas novas estratégias da Abragames, Terra foi categórico: o estado não é um “polinho promissor”, mas parte estrutural do planejamento nacional.
Ele destaca que o Rio concentra empresas relevantes, estúdios experientes e profissionais reconhecidos internacionalmente, um conjunto que a entidade considera essencial em qualquer política para impulsionar o desenvolvimento de games no país.
Segundo ele, o crescimento fluminense não é episódico. É histórico, constante e agora estratégico:
“O Rio contém um conjunto de empresas significativas de reconhecimento internacional há bastante tempo. Ele é parte integrante de qualquer estratégia nacional que a Associação busca promover.”
Isso significa que programas de aceleração, iniciativas de exportação, debates sobre o Marco Legal dos Games e articulações políticas incluem obrigatoriamente o estado.
Uma das análises mais fortes da entrevista aparece quando Terra fala de educação.
Para ele, o Rio se destaca não só pela quantidade, mas pela qualidade do ensino e, principalmente, pela interseção entre tecnologia, cultura e audiovisual.
É onde o modelo fluminense se diferencia de outros centros do país.
O Instituto Federal do Rio de Janeiro, citado por Terra como uma referência nacional, não apenas forma profissionais técnicos: forma criadores. Em Niterói, universidades mantêm núcleos de pesquisa e software que alimentam laboratórios e projetos com resultados diretos no mercado.

Terra enfatiza:
“A formação em games não depende apenas da base tecnológica. É necessário considerar também o olhar cultural, audiovisual e criativo na preparação de talentos.”
É justamente essa visão híbrida que cria um ambiente fértil para narrativas autorais, diversidade estética e projetos que dialogam com um mercado globalizado.
Articulação com governos e investidores: o Rio como laboratório de políticas públicas
A entrevista também revela o papel do estado como um laboratório vivo de articulação entre poder público, setor privado e academia. Terra explica que a Abragames mantém diálogo constante com governos municipais e estaduais para apoiar iniciativas de fomento.
Ele destaca o potencial fluminense para jogos educacionais e a aproximação crescente com investidores locais:
“Temos dialogado com investidores para estimular aportes em estúdios e publicadoras. O Rio possui vocação não apenas para jogos de entretenimento, mas também para a produção de jogos educacionais.”
Essa dupla vocação amplia as fontes de financiamento e cria caminhos para estúdios que buscam nichos mais específicos ou alinhados a agendas públicas.
Quando o assunto é exportação, Terra reforça que o objetivo da Abragames não é apenas “exportar mais”, mas criar bases para competir melhor.
Ele lembra que a entidade trabalha há mais de 13 anos estruturando ações de internacionalização e que muitos estúdios do Rio participam ativamente desses programas.
“Buscamos garantir que os profissionais e empresas do Rio tenham acesso a capacitação, redes de contato, mercados externos e políticas públicas que estimulem competitividade.”
O foco é criar condições para que empresas fluminenses disputem espaço em mercados da América do Norte, América Latina, Europa e Ásia — sem perder a identidade criativa local.
Para Terra, esse processo não fortalece apenas quem exporta: fortalece toda a cadeia produtiva.
O que o Rio ensina ao Brasil: criatividade, diversidade e formação multidisciplinar
Em um ponto central da entrevista, Terra explica por que o modelo fluminense serve como referência nacional.
Segundo ele, o Rio conseguiu consolidar pilares que se complementam:
- formação técnica sólida;
- base cultural forte;
- tradição audiovisual;
- políticas de fomento;
- aceleração e incubação;
- ecossistema criativo diverso.
Essa combinação cria um terreno ideal para a criação autoral, uma área em que o Brasil tem ganhado mais destaque lá fora.
Terra encerra a entrevista com um diagnóstico claro: o Rio continuará ocupando um papel estratégico na criação autoral e no posicionamento internacional da indústria brasileira de games.
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Rodrigo Terra descreve o estado como um ecossistema robusto e sustentável, com capacidade de formar talentos, estimular inovação, atrair investimentos e produzir conteúdo original com identidade própria.
“O Rio tende a se firmar como referência nacional e modelo para outras regiões, consolidando seu papel estratégico no crescimento e na internacionalização da indústria brasileira de games.”
A fala resume a visão da Abragames: o Rio não é apenas mais um polo, mas sim um motor criativo, econômico e cultural da nova fase do setor de jogos no Brasil.



