World of Wine, o WOW. Mais um dia do diário de bordo do geosommelier. Venho relatar mais experiências, pois voltei a esse grande local. Na sexta-feira, dia 31 de julho, fui à abertura para andar e compreender os espaços sem questionamentos, ou seja, a passeio. Desta vez, quis me sentar e me senti mais à vontade para conhecer e degustar uma tacinha olhando o rio Douro, a velocidade do metrô passando por cima da ponte e as casinhas no entorno, muitas com arquitetura antiga, roupas na janela, dando uma percepção de pertencimento àquele lugar.
Angel’s Share e VP
Fui na segunda-feira à tarde, já imaginando um movimento menor e mais um tranquilo, estava um dia bem agradável. Primeiro fui ao Angel’s Share, um dos restaurantes do segundo andar, em cima do Root and Vine e do The Golden Catch; o primeiro, voltado à gastronomia vegetariana e o outro aos peixes. No Angel’s Share, descobri, inclusive, que o nome do restaurante provém de uma etapa do envelhecimento dos vinhos em barris. Na verdade, já tinha ouvido referências dessa expressão também na produção de uísque.
De todo modo, a carta é bem servida tanto de vinhos de Portugal, o que falo mais abaixo, quanto dos próprios destilados, com lugar até mesmo para uma maravilhosa cachaça brasileira. Além disso, há champanhe, drinks e outros aperitivos. É possível usar a bússola interior e viajar por Portugal de taça a taça. Me pareceu escolhido a dedo cada vinho para representar as diversas regiões que o país detém em produção.
Após irmos ao restaurante do andar superior do WOW, fomos ao VP, que é tido como a referência em comida portuguesa. Com uma bela carta dividida em espumantes, verdes, rosés, brancos e tintos leves, aromáticos, encorpados, delicados e/ou versáteis, nomenclaturas da própria casa, oferece opções para quem bebericar ou mesmo degustar. Há a opção dos fortificados como Porto e Madeira também e, na ocasião, vi a garrafa passando. Estes, aparentavam estar mais frescos que de costume, o que é interessante pra torná-los suaves, mostrando que podem ser tomados em um dia de algum sol. Pedi uma tacinha do Quinta do Passadouro Passa 2019, um vinho branco justo, bem a ver com a estação e o dia de sol razoável que estava. Ah, custou 4 euros.
Geografia, vinho e WOW
Como disse anteriormente e, “puxando a sardinha” pra geografia, região é um dos cinco conceitos chave dessa ciência que a enologia também utiliza constantemente. Portanto, trago alguns conceitos sempre que possível nos meus textos. O professor
Renan Boscariol, professor da rede pública no Distrito Federal, Brasil, o define assim:
“O conceito de região é um dos mais importantes da geografia e foi desenvolvido como uma forma de entender o espaço geográfico a partir de sua fragmentação em particularidades detentoras de características relativamente homogêneas e/ou identificáveis.”
Voltando ao mundo dos vinhos, podemos “traduzir” a região como aquele local onde a produção de uvas é determinada por alguma legislação e possuem características próprias, seja na forma de manejo e plantio, limite de produção, dentre vários fatores
que normalmente o governo fiscaliza. Em Portugal, isso é reconhecido principalmente nos Vinhos Verdes, no famoso vinho do Porto, nos Madeira, mas também no Dão, Alentejo, Lisboa, etc.
Trocando em miúdos, pudemos mais uma vez falar de geografia no vinho e fazer uma viagem sem sair do lugar – conhecer mais de Portugal e suas nuances – e saber que nos restaurantes do WOW é possível beber/tomar/degustar o país inteiro dentro de um copo. Aliás, essa é uma das ideias do local: perceber toda essa riqueza de Portugal através de um dos produtos de orgulho nacional.
Mais uma vez, saúde!