Estreia neste dia 20/07, o aguardado filme da Barbie, de Greta Gerwig. Inspirada na famosa boneca, criada por Ruth Handler em 1959, e que marcou (e ainda marca) a infância de muita gente até os dias de hoje. Margot Robbie dá vida à Barbie clássica (estereotipada) que vive no mundo da Barbielândia.
Ela vive em seu mundo perfeito, onde todas as mulheres (que se chamam Barbie também) podem ser o que quiserem e todos os dias divertem-se em festas e mais festas. Até o dia em que durante uma grande celebração rotineira, a Barbie protagonista tem um pensamento soturno sobre a eventualidade da morte. Esse evento desencadeia a trama do filme.
Barbie é um musical?
Uma das expectativas em relação ao filme é se ele seria um musical. Há muitos momentos musicais e com canções marcantes, porém não o bastante para chamar “Barbie” de musical. Embora alguns números musicais interessantes apareçam ao longo da projeção. Mas, se você não é fã de musicais, não precisa torcer o nariz, pois os números se encaixam perfeitamente na trama e na proposta do filme.
A grande sacada que o filme apresenta na representação da Barbielândia é muito boa. A terra dos sonhos onde todas as Barbies vivem segue a lógica lúdica de como as crianças brincam com bonecas. É quase como se tudo fosse um faz de conta. O imaginário infantil que é materializado na mente da criança como real, e agora no filme da Barbie.
Barbie no mundo real
No entanto, Barbie precisa ir ao mundo real, após saber que seu pensamento sobre morte pode ser resultado da infelicidade de uma criança que brinca com ela. Quando chega ao mundo real, após passar por uma jornada muito bem bolada, tal qual uma fábula, ela se depara com diversos problemas do mundo real que ela desconhecia. Desde crise de ansiedade e assédio a falta de dinheiro.
No mundo real, Barbie se depara com Gloria (America Ferrara) e sua filha adolescente (Sasha), que têm uma relação um pouco conturbada. Essa trama paralela traz uma associação da presença da Barbie na vida das crianças e os diferentes impactos de acordo com a visão de diferentes gerações. Porém, a relação delas parece que podia ter sido mais aprofundada, em especial na personalidade da filha.
Barbie autocrítica
Greta Gerwig parece ter tido total liberdade (ou quase total) para fazer seu filme, pois ela não abre mão de uma “autocrítica” (digamos assim) sobre a Mattel (fabricante da Barbie) e a famosa boneca. Desde a presença de uma boneca grávida que foi descontinuada ao fato de que todas as Barbies acreditam que o mundo real é perfeito graças a elas. Pode-se pensar por exemplo na paródia da Barbie realizada nos Simpsons: a Malibu Stacy.
Há também críticas sobre a própria estrutura da Mattel e do mundo corporativo em geral, na figura do grupo de executivos da empresa, liderados por um hilário Will Ferrell, que se acha a “mãe” da Barbie e se orgulha em chamar a empresa de feminina, mas não consegue nomear nem duas CEOs que estiveram na liderança, que ele ocupa.
Barbie & Ken
A trama também aborda a relação entre Barbie & Ken. Existe Barbie sem Ken, mas existe Ken sem Barbie? Assim como Barbie, todos os homens chamam-se Ken na Barbielândia. O Ken interpretado por Ryan Gosling é apaixonado pela Barbie da Margot Robbie.
Inicialmente, apresentado como um personagem essencialmente engraçado, quase como um alívio cômico, ele também sofre uma grande reviravolta ao entrar em contato com o mundo real. A forma como Barbie e Ken se deparam com uma realidade impactante é bem distinta entre ambos. Cada um, à sua maneira, tenta lidar com o fato de buscar e entender a própria essência. Aquilo que os move, mas que eles desconhecem.
Cinema e o mundo dos brinquedos
Quando pensamos em filmes inspirados em brinquedos, pensamos em algumas (com o perdão do termo) bombas. Mas, “Barbie” se destaca, e muito nesse nicho. Porque ele explora justamente o aspecto lúdico que os brinquedos contém, mas que acabam sendo ignorados na transposição para o audiovisual.
Brinquedos têm um importante papel no desenvolvimento da imaginação criativa das crianças. Em tempos de uma profusão de pequenas telas e redes sociais dominando grande parte da infância de muitas das crianças atuais, é até um alívio ver um filme baseado em uma boneca que perpetua a valorização da imaginação criativa e o pensamento lúdico sem auxílio de algoritmos.
Elenco dá vida ao mundo de Barbie
Margot Robbie e Ryan Gosling estão em uma sintonia incrível como Barbie e Ken, e dosam suas partes cômicas e dramáticas de forma exuberante. O elenco de apoio também está afiadíssimo como Kate McKinnon interpretando a hilariante Barbie Estranha, Issa Era como a Barbie presidente, Micahel Cera como o único Allan, e Rhea Perlman como a criadora da Barbie, além de uma ponta da filha da criadora e inspiração original para Barbie: Barbara Handler.
O filme da Barbie tem o potencial de agradar todas as idades. Independente, se tiveram ou não alguma proximidade com a famosa boneca. Tem doses certas de humor, aventura e momentos mais reflexivos com muitas referências ao universo da Barbie, ao mundo do cinema e a pautas atuais e até uso de metalinguagem, e poderosos e eficazes monólogos.
Onde assistir
O filme estreia dia 20/07 nos cinemas. Consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.
P.S. Uma curiosidade: Se você jogar Barbie no Google, o navegador vai ficar todo rosa, com um botão que dispara fogos de artifício rosas. O mesmo acontece se pesquisar o nome da diretora Greta Gerwig, da atriz Margot Robbie e do ator Ryan Gosling e outros nomes do elenco.