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Cinema

Belfast | Um belissimo filme norte-irlandês

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Temos um favorito no Oscar desse ano, “Belfast”! O belíssimo filme do diretor Keneth Branagh traz um olhar nostálgico para o período dos Troubles, o conflito étnico e religioso que marcou o século XX na Irlanda do Norte. O longa acompanha a vida do Buddy, um menino de 9 anos, enquanto a cidade de Belfast e o país como um todo se desmoronam a sua volta.

Longe de ser um filme infantil, “Belfast” entrega um olhar realístico na vida de uma família protestante que, mesmo não sendo o alvo da injustiça sistêmica, encontram dificuldades no meio de um conflito que matou milhares. O belo em “Belfast” é justamente a resiliência da comunidade e do amor familiar que permeia o longa.

O homem do momento, Keneth Branagh

O diretor e ator norte-irlandês viveu na pele os problemas que o Buddy passou, dessa forma ele pôde apresentar um filme que, mesmo nos momentos mais pesados, tem a realidade da vida por detrás. As suas assinaturas visuais são claras em “Belfast”: a câmera posicionada de forma íntima e em alguns momentos, estranha, dando a impressão de estar invadindo o espaço pessoal dos atores.

Juntamente por causa desse uso criativo da câmera, observa-se uma sensibilidade e foco cirúrgicos para a expressão e presença dos atores. Vindo de uma educação focada no teatro inglês, Branagh carrega uma bagagem expressiva que pode ser vista nos seus trabalhos cinematográficos. Brincar com a câmera é um traço perceptível, que o diretor até exagerou em “Thor”, mas com o tempo, se assentou num espaço menos caricato e mais sóbrio, porém ainda perceptível.

Os atores e a atuação

Além da bela direção e da temática bem desenvolvida, “Belfast” tem um elenco que funciona como um relógio bem alinhado. Ainda que sejam poucos atores principais, temos papéis que se complementam de forma emocional. Mesmo sem pensar nas indicações para o Oscar, Judi Dench e Ciarán Hinds roubam a cena. Apesar dos sotaques comicamente carregados, as suas expressões são claras, e o seu amor, palpável.

Além dos melhores coadjuvantes do último ano, outros atores também têm os seus bons momentos, mesmo que sejam menores e menos expressivos. O protagonista Buddy (Jude Hill) rouba a cena, com uma pronúncia fofa e uma natureza bondosa que encanta todo mundo. O casal de principal, Jamie Dornan e Caitríona Balfe, tem belos e intensos momentos juntos, principalmente quando dançam. O irmão do Buddy (Lewis McAskie) funciona bem, apesar de ser basicamente irrelevante para a trama. Outros personagens também têm os seus momentos, como a prima Moira (Lara McDonnell) e principalmente o terrorista Billy (Colin Morgan), ambos são interessantes mas acabam meio caricatos.

Finalmentes

Concluindo, “Belfast” é uma obra como poucas outras já feitas. Sem o olhar pessoal e único do Keneth Branagh o filme não teria o mesmo impacto. As escolhas tanto de estilo quanto de direção complementam bem a trama e ajudam a criar uma ambientação coerente.

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‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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