Cinema
Rio de Janeiro ganha biblioteca gratuita especializada em cinema
Publicado
3 anos atrásem
A Biblioteca de Cinema Marialva Monteiro ganha inauguração no dia 04 de fevereiro, nas Casas Casadas no espaço anexo ao Centro Cultural Cavideo. Será a primeira biblioteca dedicada ao cinema do Rio de Janeiro. Ou seja, com foco em livros, catálogos, revistas e álbuns ligados à Sétima Arte.
Em conjunto com o acervo gratuito de filmes de arte da Cavideo, a nova biblioteca pretende funcionar como um centro de pesquisa para estudantes, professores, pesquisadores e cinéfilos em geral.
A princípio, o acervo já conta com dois mil livros, que foram doados por curadores, artistas, cineastas e colecionadores que atenderam a um chamado nas redes sociais do cineasta e produtor cultural Cavi Borges, idealizador do projeto.
Dessa forma, em menos de 30 dias, chegaram cerca de 2000 livros doados por profissionais do audiovisual como o diretor Cacá Diegues, Hernani Hefner (diretor da Cinemateca do MAM), Isabel Diegues (editora Cobogó), Vik Birkbeck (curadora do Festival do Rio e videomaker), Carlos Alberto Mattos (crítico de cinema e pesquisador), Mario Abbade (crítico de cinema e cineasta), Denise Lopes (professora de cinema da PUC), Fabiano Canosa (conhecido programador e responsável pela Geração Paissandu), Ilda Santiago (uma das sócias do Estação Botafogo e diretora do Festival do Rio), Sandra Villela ( jornalista e assessora de imprensa), Bernadete Duarte (repórter do canal Brasil), entre muitos outros amigos e frequentadores da CAVIDEO.
Empréstimos gratuitos
A Biblioteca de Cinema Marialva Monteiro emprestará os livros gratuitamente por até uma semana para os interessados, que também podem ler e consultar os livros no Espaço Cultural Cavideo.
O nome da biblioteca é uma homenagem a educadora e fundadora do Cineduc, Marialva Monteiro. Ela se dedica há mais de 50 anos em usar o cinema como instrumento e ferramenta de educação para crianças e jovens.
Aliás, no mesmo dia acontece o lançamento do livro “O Cinema Carioca na Lente da História”. A obra da Rio Filme fala sobre os cinemas antigos de rua da cidade do Rio de Janeiro. Será distribuído gratuitamente para quem doar outro livro de cinema para a Biblioteca.
Além disso, também acontecerá o lançamento do livro “O Cinema Independente Brasileiro Contemporâneo em 50 Filmes de Marcelo Ikeda”.
A saber, o funcionamento da biblioteca seguirá todas as medidas preventivas de combate à pandemia.
Serviço:
Evento de abertura Biblioteca de Cinema Marialva Monteiro
Data: 4 de fevereiro de 2021
Horário: das 14h às 18h
Local: Ruas das Laranjeiras, 307, Laranjeiras, Rio de Janeiro
Horário da biblioteca: Inicialmente de segunda à sexta das 10h às 17hs, os livros serão emprestados gratuitamente por até uma semana para os interessados, que também podem ler e consultar os livros no Local (Espaço Cultural Cavideo).
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
Cinema
‘Névoa prateada’, de Sacha Polak, é filme para refletir | Crítica
O longa estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Publicado
9 horas atrásem
18 de abril de 2024Por
Livia BrazilNévoa prateada é um filme arrebatador que, com certeza, não vai passar incólume. O longa propicia emoções intensas, sejam elas positivas ou negativas. Fato que muitos não irão gostar. Alguns podem considerá-lo extremo demais, pesado demais. Os espectadores acostumados a tratar o cinema somente como forma de entretenimento e diversão provavelmente não irão gostar, já que é um filme que propõe análise e questionamentos. E que retrata uma realidade comum em alguns lugares da Inglaterra – e também de outros locais. Contudo, para quem gosta de assistir filmes que criticam a sociedade e comportamentos é um prato cheio. E para quem pretende aprender com o audiovisual também.
Mas sobre o que fala Névoa prateada?
A protagonista do filme é Franky, uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade. Até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral, onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.
A saber, a atriz Vicky Knight, intérprete de Franky, venceu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Além disso, o longa recebeu indicação de Melhor Filme no Panorama Audience Award e foi destaque na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Participou, também, dos prêmios Dinard British Film Festival (vencedor como melhor filme), Tribeca Film Festival (indicado ao Best International Narrative Feature), FilmOut San Diego US, Sunny Bunny LGBTQIA+ Film Festival, entre outros.
A diretora de Névoa prateada, Sacha Polak, costuma levar para filmes temas difíceis, que poderiam facilmente ser assunto de terapia. A necessidade de se sentir amada, preconceitos, dificuldade de esquecer uma situação, aceitação. No longa em questão, Sacha trata de vários assuntos, como autoaceitação e, também, dificuldade de perdoar. Porém, apesar de ter uma gama de temas, o filme não se torna cansativo ou confuso. Muito pelo contrário, o roteiro passa para o espectador muito bem todos os conflitos da protagonista.
Além disso, Franky não é apresentada de forma piegas ou clichê. Por ter sido vítima de um incêndio, a personagem tem marcas em sua pele que poderiam, em uma narrativa mais lugar comum, transformá-la em uma pessoa que se vitimiza ou que é vista como coitadinha o tempo todo pelos outros. Mas não é isso que Sacha quer passar para quem assiste. E, apesar de não ter uma vida fácil, é possível enxergar Franky para além de suas cicatrizes. Franky é uma personagem complexa, completa e muito bem desenvolvida, tanto pelo roteiro quanto por sua intérprete.
Talvez por já ter trabalhado com Sacha Polak anteriormente, Vicky Knight tem facilidade em transpor para a tela os conflitos internos de Franky sem deixá-la simples demais ou transformá-la em um mártir. Também ajuda ter passado por situações parecidas com as da personagem. O fato é que foi justo o prêmio Teddy Awards que Vicky recebeu, já que consegue trabalhar nos detalhes, algo que nem todo ator tem sucesso.
Fotografia
Apesar de ser um recurso bastante comum, não deixa de ser interessante ver o filme em cores mais frias, já que Franky não tem uma vida fácil e passa por conflitos internos durante todo o filme. Também é possível que tal característica seja por ter sido filmado na Inglaterra, onde não há mesmo muito sol. Todavia, fica claro que Sacha Polak – e também a fotografia de Tibor Dingelstad – quis expressar o interior de Vicky nas cores frias que vemos nas cenas.
Além disso, a escolha de planos abertos quando Vicky se encontra perdida em sua vida e planos mais fechados quando ela começa a se encontrar ajudam a contar a história da protagonista. E, também, de sua coadjuvante, Florence. Aliás, Esme Creed-Miles arrasa na interpretação da menina totalmente sem rumo e influenciável. Se há algo negativo nesse filme é que Florence poderia ter tido mais espaço. E também, talvez, poderia ter havido mais cenas de Franky e Alice. Vicky Knight e Angela Bruce têm uma química muito boa em tela e poderia ter sido mais explorada.
Para resumir, é um filme bastante introspectivo, bonito e reflexivo, que mostra, de forma original, o valor das pessoas que nos rodeiam. Névoa prateada estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Por fim, fique com o trailer:
Ficha Técnica
NÉVOA PRATEADA (Silver Haze)
Holanda, Reino Unido | 2023 | 1h42min. | Drama
Direção e roteiro: Sacha Polak.
Elenco: Vicky Knight, Esme Creed-Miles, Archie Brigden, Angela Bruce, Brandon Bendell, Carrie Bunyan, Alfie Deegan, Sarah-Jane Dent.
Produção: Viking Films.
Distribuição: Bitelli Films.
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