Sim, senhoras e senhoras, falaremos aqui nesse site da CCXP, que começou hoje e vai até domingo. Esperada por tantos todos os anos, muitos acharam que a famosa Comic Con Experience não ocorreria esse ano por conta da pandemia que estamos cansados de falar por aqui (e de vivenciá-la). Porém, todavia, contudo, os organizadores da feira deram um jeito pra que ela acontecesse toda de forma virtual. E conseguiram!
Depois de um dia inteirinho mergulhada na plataforma da CCXP Worlds, como foi denominada a plataforma da CCXP, posso dizer que ela está tão fantástica e cheia de atrações quanto o evento presencial. Óbvio que a sensação de estar no pavilhão da São Paulo Expo com aquele bando de gente que gosta das mesmas coisas que você é única. Mas poder participar de painéis e estar em contato com a cultura geek e pop, ainda que virtualmente, ainda é muito melhor do que a opção de não ter a feira. A saber, a CCXP acontece desde 2014 na capital paulista.
Trago hoje, e o farei todos os dias até domingo, um pouquinho do que rolou na feira nessa 6ª feira. Será um resumo dos destaques, porque, infelizmente, não dá pra estar em dois painéis ao mesmo tempo. Eu bem que queria.
Um começo estrondoso
O evento começou com ninguém mais, ninguém menos que Neil Gaiman. O poderosíssimo escritor/roteirista/deus de muitos brasileiros bateu um papo com Marcelo Forlani sobre a adaptação de Sandman, uma de suas obras mais famosas. A conversa aconteceu na Thunder Arena, o palco principal da CCXP. Após 33 anos de seu lançamento, a idolatrada HQ será adaptada como série. Depois de muita negociação com várias produtoras, Gaiman fechou negócio com a Netflix, que, segundo ele, foi a que conseguiu entender e respeitar melhor seu projeto.
Ele também falou sobre o que os fãs podem esperar da terceira temporada de American Gods, baseado em seu livro homônimo. Segundo Gaiman, a nova temporada, que estreia no início de 2021, está mais condizente ao livro e mostra mais aspectos do mundo e dos novos deuses.
Além disso, Gaiman também falou de seu processo de escrita em relação à série Good Omens e sobre o que tem feito durante a quarentena. E, pasmem, Neil Gaiman está no time dos que aprenderam a fazer pão durante o isolamento. Parece que esse deus é gente como a gente.
Filme brasileiro
Um dos painéis mais interessantes da Thunder Arena foi, sem dúvida, sobre o filme Medida Provisória. O longa traz Lázaro Ramos na direção pela primeira vez e mostra um Brasil no futuro, onde é feita uma medida provisória que obriga todas as pessoas negras a voltarem para a África. Segundo Lázaro, é um filme que congrega três gêneros: a comédia, o thriller e o drama e, por causa disso, poderia inaugurar um novo estilo de filme no país.
O painel também contou com Taís Araújo e Seu Jorge, protagonistas da produção, junto de Alfred Enoch, de How to get away with murder. Ambos atores elogiaram a direção de Lázaro que, segundo eles, é agregadora e valoriza cada profissional do set. Lázaro devolveu o elogio aos dois, dizendo que Taís uma atriz extremamente dedicada e Seu Jorge, muito criativo.
A saber, Lázaro soltou uma curiosidade que nem Taís sabia! Todos os personagens do filme têm nomes de pessoas negras importantes para a história do país.
Thunder Arena
Além de Lázaro e Taís, outros atores globais estiveram presentes no palco principal. Tony Ramos, Christiane Torloni e Cauã Reymond participaram de um painel para falar sobre como é interpretar gêmeos. Os três atores contaram um pouco das dificuldades e do processo de gravação para fazer dois personagens na mesma novela. Muito simpáticos e bem-humorados, eles não cansaram de tecer elogios uns aos outros.
O painel que fechou a noite foi sobre o clássico O poderoso Chefão e contou com a presença virtual de Andy Garcia. Ele falou sobre como foi trabalhar com Francis Ford Coppola e o que isso acarretou em sua carreira. Contou também que o diretor foi um dos poucos que tirou tempo para ensaiar com os atores antes e durante as filmagens. “Ele trabalhava como se estivesse ensaiando uma peça de teatro. Tirava tempo para trabalhar com os atores, para ajustar o tom das cenas e ensaiar com os atores”, disse.
O filme, que completa 30 anos, foi remasterizado e reeditado por Francis Ford Coppola. Além disso, ganhou um novo título que, na verdade, seria o seu original. O desfecho: A morte de Michael Corleone. Segundo Andy Garcia, a nova versão está muito emocionante.
Creators & Cosplay Universe
O palco de criadores e cosplays foi comandado por Lorelay Fox e Blogueirinha. A dupla fez um belo time, já que Lorelay fazia perguntas mais sérias aos convidados enquanto Blogueirinha fazia suas brincadeiras de sempre. O dia começou com Kemla Batista, do Caçando Histórias, contando um conto africano. Seu intuito é trazer histórias que não foquem na hegemonia europeia e conectar as crianças a narrativas novas. Logo após, Gabriela Bailas, do canal Física e Afins, falou um pouco sobre viagens no tempo em séries de TV. Ela aproveitou para dizer o quanto é importante divulgar a ciência e desmitificar o tipo de pessoa que faz ciência.
Logo após, Sarah Oliveira liderou uma conversa sobre os 30 anos da MTV Brasil. Ela recebeu alguns VJs que passaram pela emissora, como Thunderbird, Penélope Nova, Didi Wagner, Marina Person e Marcos Mion. Foi uma delícia de conversa sobre a importância da MTV para eles e para o público. Quem era fã do canal com certeza se identificou quando eles disseram que a MTV dava protagonismo ao jovem, que, na época, não era valorizado.
Lembraram que, além de música, também levaram conscientização para o público e era um espaço onde os jovens se sentiam protegidos, podendo falar de assuntos muitas vezes tabu, como HIV e sexualidade. Eles também levantaram um tema muito importante, que é a denúncia de assédio pelas mulheres. Por conta da entrevista que saiu hoje com Dani Calabresa, que também já trabalhou na MTV, denunciando o assédio que sofreu de Marcius Melhem, Sarah e Marina conversaram sobre como a MTV falava sobre assuntos como assédio já naquela época. As duas mostraram solidariedade à comediante e Sarah terminou o painel com as palavras “Dani Calabresa, estamos com você. Parabéns pela força e pela coragem”.
Acharam que não ia ter Choque?
Um dos painéis mais esperados do palco Creators foi com os atores de Choque de Cultura. Caíto Mainier, Daniel Furlan, Leandro Ramos e Raul Chequer contaram sobre a nova temporada do programa, que estreou hoje no Canal Brasil. Essa temporada analisará somente filmes nacionais, começando por Tropa de Elite 1 e 2. O próximo episódio será sobre o sucesso Bacurau.
O grupo também respondeu perguntas de fãs com a diversão de sempre. E de lá saíram pérolas incríveis, como o interessante que seria se, em um Transformer brasileiro, Stênio Garcia se transformasse em um caminhão. Ou que Gwyneth Paltrow mereceu o Oscar que ganhou no ano em que Fernanda Montenegro concorreu porque é muito mais difícil ser boa atriz em uma personagem que não tem nada do que em uma personagem complexa como a de Central do Brasil. Ou então que Glauber Rocha seria o Adam Sandler brasileiro. Por quê? Bem, segundo Daniel Forlan, isso será explicado em um dos episódios dessa temporada de Choque de Cultura. Resta a nós assistir pra descobrir. E quem não, não é mesmo?
A saber, após sua estreia no Canal Brasil, os episódios irão para YouTube, no canal da TV Quase.
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