Adverse foi o filme escolhido para a sessão ‘Opening Night’, a abertura oficial do Festival Internacional de Cinema de Porto, o Fantasporto, que ocorreu na sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020. O longa-metragem foi dirigido, escrito e produzido por Brian Metcalf (“Living Among us”). A sinopse oficial é que, para salvar a irmã, o motorista Ethan (Thomas Ian Nicholas) tem de se infiltrar num perigoso grupo criminoso, sob indicação de um dos seus passageiros. O longa conta com renomados atores como Penelope Ann Miller (“O Artista”), Mickey Rourke (“O Lutador“) e Lou Diamond Phillips (o eterno Ritchie Valens no drama biográfico “La Bamba”).
No geral, Adverse falha em muitos aspectos, em especial nos técnicos. A montagem de som não é boa, falta variação e a impressão é que todos estão sempre em um lugar fechado, mesmo nas cenas externas. O longa-metragem começa parecendo que irá seguir um caminho sério, mas o protagonista acaba se tornando uma espécie de anti-herói justiceiro cuja principal arma é um pé-de-cabra extremamente eficiente e mortal. Tem cenas violentas, que provavelmente buscam beber na fonte de Quentin Tarantino, contudo, passa longe da sagacidade dele.
Cômico – sem querer
Em verdade, Adverse fica parecendo um filme B, de estilo trash. Em momentos que deveriam ser de grande tensão, o público caía no riso. Ou seja, o longa-metragem é engraçado – sem querer ser. Lou Diamond Phillips, como Dr. Daniel Cruz, é um dos que consegue passar seriedade nas cenas em que aparece. Além disso, um atrativo é ver Mickey Rourke, como Kaden, um chefe do crime, apesar de certa falastrice. A jovem Kelly Arjen como Mia fornece alguns momentos cômicos (propositais dessa vez), como na cena do jantar com o irmão Ethan e a vizinha Chloe. Uma das poucas cenas que consegue passar alguma emoção, com Ethan e Chloe, passa tão rápido que acaba por trazer outro sentimento à tona: frustração.
Aliás, o protagonista Ethan ganha vida através de Thomas Ian Nicholas (mais conhecido no Brasil por seu papel como Kevin Myers em “American Pie”). Um atuação irregular, como a maior parte das que estão na película. Entretanto, a culpa parece não ser do elenco, mas sim de uma má direção. Ainda temos Sean Astin (o Sam de “O Senhor dos Anéis”). Ou seja, o elenco poderia ser capaz de impressionar, todavia, a película é extremamente irregular, com um roteiro fraco e diálogos bregas, rasos e repetitivos. Um festival de clichês mal apresentado. Soa amador. A fotografia é inconsistente e atrapalha mais do que ajuda. Outro problema é que o ritmo narrativo errôneo acaba tornando o filme longo em demasia. Poderia ser muito mais curto, até mesmo pela falta de profundidade.
Para compensar, logo depois de Adverse, passou a ótima antologia de curtas de todo o mundo A Night Of Horror: Nightmare Radio.
*O jornalista Alvaro Tallarico viu o filme credenciado pela organização do Festival Internacional de Cinema do Porto – Fantasporto 2020