Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou é um documentário intimista sobre a vida e a morte de Héctor Babenco. Sua carreira, seus filmes, sua batalha contra o câncer são documentados para que os espectadores se sintam tão próximos do diretor quanto as pessoas que estão participando de seus últimos momentos de vida. O filme de Bárbara Paz compartilha não apenas as reflexões de Babenco sobre fazer cinema, mas, também, sua intimidade como esposa de alguém que está consciente da proximidade da morte.
É a intimidade entre o casal que nos conduz nessa jornada. É a esposa que busca contar a história final do marido; e o marido que precisa compartilhar memórias e reflexões de sua vida. Algumas das cenas nos colocam tão próximos a Babenco quanto alguém que estaria ao seu lado no leito hospitalar. Sua fotografia em preto e branco, incomum nas produções audiovisuais atuais, talvez possa trazer algum desconforto a quem assiste. Ainda assim, o documentário prende a atenção do espectador.
Reflexões e Memórias
Principalmente, durante as reflexões do diretor que transformava sua inquietude de ver e entender o mundo em filmes repletos de críticas sociais. Desde “Pixote, a lei do mais fraco“ (1980) passando por “O Beijo da Mulher-aranha” (1984), que lhe rendeu a indicação ao Oscar de melhor diretor em 1984, chegando a “Carandiru” (2003), Héctor Babenco marca a história do audiovisual brasileiro. Mesmo depois de décadas, seus filmes continuam essenciais para mostrar a realidade de um país marcado por desigualdades.
Enfim, Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou mostra a dualidade do vigor intelectual e a fragilidade física que marca vida e a morte de Héctor Babenco. O documentário homenageia sua trajetória, mas não o endeusa. Nos lembra que os ídolos são humanos e a única certeza da vida é a morte, que está muito mais próxima do que gostaríamos.
Premiações Internacionais
O documentário foi escolhido para representar o país na Oscar 2021 e foi exibido, inclusive premiado, em diversos festivais internacionais de cinema. Ficou à frente de M8 – Quando a morte socorre a vida, que também queria ir para o Oscar, um filme que denuncia o racismo estrutural no Brasil.
Babenco é uma história de vida emocionante, misturando vitórias do passado e a batalha presente contra a doença. O documentário é tanto uma homenagem à obra quanto a vida de Héctor Babenco. Por fim, nos resta esperar para saber se essa foi a escolha acertada para tentar o Oscar.