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A Mais Preciosa das Cargas
CinemaCrítica

Crítica: A Mais Preciosa das Cargas é uma bela poesia sobre a força do amor

Dirigido por Michael Hazanavicius, A Mais Preciosa das Cargas é um retrato sobre o holocausto, os horrores da guerra e a nossa resiliência

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 21 de abril de 2025
6 Min Leitura
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Durante o primeiro ato de A Mais Preciosa das Cargas, a mulher do lenhador, tendo percebido que seu “presente dos deuses”, um bebê encontrado nos trilhos, necessita de leite, vai até um homem recluso e deformado pela guerra. Após o homem aceitar em ajudá-la, a mulher do lenhador se ajoelha e agradece, o homem fica indignado, a levanta e fala para nunca mais se ajoelhar novamente perante ninguém, levando-a até sua cabra, para alimentar a criança.

Cena de A Mais Preciosa das Cargas- Divulgação oficial

Acho interessante começar a crítica de A Mais Preciosa das Cargas com esta pequena interação, pois a produção está rodeada delas. De modo singelo e esteticamente agradável, o mais novo filme de Michael Hazanavicius, vencedor do Oscar por O Artista, trata de relações humanas em um mundo desolado e solitário, que parece ter sido abandonado por Deus. Apesar das crenças da mulher lenhadora, ela está sozinha neste mundo e deve achar um modo de sobreviver e continuar lutando, o bebê atua como este símbolo de esperança e dias melhores.

Confira o trailer de A Mais Preciosa das Cargas e continue lendo a crítica

Um bebê é um artifício narrativo muito usado no cinema e na literatura como um símbolo de esperança, como no caso de Rashomon (1951, Akira Kurosawa), e/ou como forma de liberar a humanidade e o bem que existe dentro de um personagem inicialmente fechado, como no caso de A Era do Gelo (2002, Carlos Saldanha). Em A Mais Preciosa das Cargas, a criança atua como ambos, ela quebra a fria barreira do lenhador, da mesma forma que se torna um símbolo de esperança ao se tornar, já adulta, uma grande estrela, trazendo paz ao seu culpado pai.

A Mais Preciosa das Cargas é uma fábula que apresenta duas tramas paralelas, a primeira é da mulher do lenhador, seu marido e A Mais Preciosa das Cargas em si, um bebê encontrado nos trilhos do trem. A trama B envolve o pai da criança, um judeu levado para o campo de concentração de Auschwitz, junto com sua esposa e seus dois filhos gêmeos, e que com consciência de seus destinos, joga a filha do trem, para dá-la uma chance de sobrevivência.

A animação é um estilo que permite muitas liberdades visuais que o live-action não permitiria, principalmente em questão de design de personagens. A Mais Preciosa das Cargas utiliza deste estilo para mostrar de forma lúdica o horror que foi o Holocausto, ao mesmo tempo que constrói paralelos imagéticos que seriam muito menos impactantes em live-action, como por exemplo o paralelo entre o quadro expressionista O Grito (1893, Edvard Munch), e o horror que ocorre quando o pai da menina, após ser liberto de Auschwitz, olha seu reflexo na janela e se assusta consigo menos. Em live-action, este impacto seria muito menor, juntamente com os momentos lúdicos de paz e silêncio.

A Mais Preciosa das Cargas

Cena de A Mais Preciosa das Cargas- Divulgação Oficial

A trilha sonora de Alexandre Desplat, vencedor do Oscar por O Grande Hotel Budapeste (2014, Wes Anderson), traz uma sensibilidade que é a marca do compositor, auxiliando na construção de uma produção que definitivamente não é para crianças, o filme até mesmo apazigua certas temáticas que poderiam ter sido melhor exploradas. Acredito que o dedo de Hazanavicius poderia ter sido mais pesado em certos momentos, apesar de o filme apresentar a mensagem final de como o amor é uma das únicas verdades no mundo, algo está faltando em A Mais Preciosa das Cargas.

Baseado no livro de Jean-Claude Grumberg intitulado A Mercadoria Mais Preciosa: Uma Fábula, o filme de Hazanavicius não esconde a estética de contos de fadas, da forma mais bruta da linguagem: como modo de retrato da vida humana que são de difícil compreensão e de grande importância, porém, relembro de outros cineastas como Guillermo Del Toro, que juntou estas duas estéticas, a infantil e a adulta, com muito mais organicidade.

O casamento frio do lenhador e sua mulher, que é aquecido pela chegada da criança, o homem amargurado pela guerra que se torna um grande aliado, um pai que se culpa por uma difícil tomada em modo impulsivo, tudo parece muito simples e “fofo”, quando poderia ter sido levado a extremos para um maior impacto no público, afinal, o tema já é pesado, a produção mostra o melhor e o pior do ser humano, por que passar esta camada de açúcar em cima e dosar o que tornaria o filme tão melhor?

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Tags:A Mercadoria Mais Preciosacrítica A Mais Preciosa das CargasJean-Claude Grumbergmelhores animaçõesrashomon
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