Estamos em um momento de muitas cinebiografias e podemos arriscar a dizer que é um estilo que veio para ficar. A mais recente, “Bob Marley – One Love” apresenta uma visão abrangente da vida e legado do famoso cantor de reggae.
O filme traz um recorte de um período bem específico da vida de Bob Marley tentando mostrar seu lado humano sem ocultar suas falhas ao abordar de maneira sutil suas traições e bebedeiras sem ridicularizar o mito.
A montagem habilmente alterna os momentos-chave da vida de Marley, proporcionando ao espectador uma imersão na jornada do artista. O filtro sépia busca fazer o espectador viajar no tempo. No entanto, a falta de destaque para as cores e simbolismos presentes na obra de Bob Marley é uma lacuna a ser considerada.
Atuações
A atuação de Kingsley Ben-Adir como Bob Marley é envolvente, capturando a essência do cantor de forma impressionante. Lashana Lynch também se destaca em sua interpretação de Rita Marley, contribuindo significativamente para a profundidade emocional do filme. O enredo aborda as lutas e polêmicas enfrentadas por Bob Marley, oferecendo um retrato honesto e multifacetado do artista. No entanto, a abordagem da religião Rastafári e do uso da cannabis poderia ter sido mais aprofundada, assim como as raízes humildes e a luta incansável pela igualdade que caracterizam a trajetória de Marley.
O filme transmite mensagens poderosas de paz, união e amor, refletindo a essência das canções icônicas e da filosofia de Bob Marley explicitando sua inspiração na Bíblia e a relação com Deus. No entanto, o foco excessivo na música em detrimento do ativismo e da luta pela liberdade pode deixar a desejar para aqueles que buscam uma compreensão mais abrangente do legado do artista. Tal escolha vai na contramão do período escolhido para contar a história: a Guerra civil na Jamaica.
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Após apresentar muitas ideias, o filme tenta mostrar que o cantor passou por muita coisa. Desde tentativa de assassinato a exílio da Jamaica, período de mudanças de vida que o faz repensar seu propósito, e termina com seu retorno para o show na África. Contudo, se prende mais à filosofia do cantor e menos ao seu ativismo, principalmente no combate ao racismo e à opressão vivida por seu povo e termina deixando uma sensação de que o rei do reggae merecia um encerramento mais espetacular.
Em suma, apesar de não ser inovadora ou revolucionária, “Bob Marley-One Love” é uma cinebiografia carinhosa que oferece uma representação cativante da vida e obra do lendário músico, embora careça de maior profundidade em certos aspectos-chave. É uma homenagem digna a um dos ícones mais influentes da música mundial.
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