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Crítica | ‘Boca do Mundo’ é um espetáculo que namora a encruzilhada

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em

boca do mundo Crédito Mauricio Mocar

A montagem inédita da Cia Líquida, Boca do Mundo, estreou na última terça-feira (20/12), no Teatro João Caetano, no Centro. O espetáculo busca acessar através da dança a energia do orixá Exu, com direção e coreografia por Mery Horta.

Os cinco intérpretes parecem jogar entre si, e tem muitas passagens em dupla muito instigantes, onde eles parecem se amalgamar e criam novos corpos. Ou seja, todo o espetáculo é transpassado por encruzilhadas. Risadas, deboches e cenas até assustadoras estão presentes, num algo que vai além da dança, trazendo uma pegada teatral muito relevante, que eleva a qualidade do trabalho.

Exu é o orixá senhor do corpo, da comunicação, do fogo da vida, do movimento. Segundo a Marrom Glacê Assessoria, Mery Horta usou como principal referência o livro “Pedagogia da Encruzilhada”, de Luiz Rufino. O uso de pembas (um tipo de giz usado em religiões de matriz afro-brasileira, principalmente Umbanda) traçando caminhos no palco e nos corpos dos dançarinos é outra forte referência, assim como tantas outras possíveis de serem percebidas. Está aí uma das grandes graças da obra, essa percepção de Mery para combinar e alcançar coisas novas.

Thriller

Lembrei diversas vezes do marcante clipe “Thriller”, de Michael Jackson. Além disso, o samba se faz presente, assim como outros ritmos, tirando da mesmice. Há ótimas sequências de dança em câmera lenta que, em seguida, ganham uma aceleração. O trabalho de corpo dos dançarinos impressiona pela versatilidade e vigor.

A trilha sonora de Rodrigo Maré, os figurinos de Raquel Gomes e a iluminação de Jhenifer Fagundes criam todo um cenário avermelhado, que brinca com o escuro e envolve o espectador. Nenhum dos intérpretes-criadores deixa a desejar, são eles George Louzada, Largarthixaa, Lorrany Araújo, Mery Horta e Sanguessuga.

Após as belas apresentações em abril de 2022 do espetáculo Líquida, a Cia entrega outro bom trabalho, se colocando ainda mais como potência no atual cenário da dança contemporânea.

Afinal, o espetáculo Boca do Mundo volta aos palcos no dia 29 de dezembro, às 20h, no Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes.

SERVIÇO:

“BOCA DO MUNDO”

APRESENTAÇÃO MARECHAL HERMES

Data: 29 de Dezembro

Horário: 20h

Onde: TEATRO ARMANDO GONZAGA

Endereço: Av. Gen. Osvaldo Cordeiro de Farias, 511 – Marechal Hermes

Venda de Ingressos Onlinehttps://funarj.eleventickets.com/#!/home

Ingressos: R$ 10 (inteira) | R$ 5 (meia-entrada)

Bilheteria do Teatro: Quinta-feira à Domingo, de 14h às 18h. Em dia de espetáculo, aberta até às 20h30.

Duração: 60 minutos

Classificação Indicativa: Livre

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Crítica

‘O Admirável Sertão de Zé Ramalho’ brilha no Teatro Prudential

Publicado

em

Foto mostra o elenco do musical Admirável Sertão de Zé Ramalho

“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é um bom musical que oferece uma bela parcela de diversão e, ao mesmo tempo, pincela a história de um magistral artista, refletindo um pouco da essência de algumas de suas principais criações. Durante as quase duas horas de espetáculo, essa imersão na vida e obra de Zé Ramalho acontece de forma tão envolvente que nem percebemos o tempo passar. Notei isso assim que terminou e lembrei de olhar o relógio. Foi um susto ver quanto tempo havia passado e logo senti uma alegria pela capacidade que o espetáculo teve.

Uma das primeiras impressões quando a cortina abre é a ausência de cenografia, o que inicialmente pode surpreender. No entanto, essa escolha pode ter sido feita para destacar ainda mais os músicos e instrumentistas, que mostram grande habilidade e paixão pela música de Zé Ramalho. Especialmente Muato brilha sempre que aparece. Porém, é impossível não mencionar a luminescência da sanfoneira Ceiça Moreno, que estreia aos 76 anos de idade no teatro encantando a plateia com sua interpretação apaixonada e voz acolhedora. Ela é uma ótima tradução de “Avôhai” e inicia o espetáculo de forma genial.

A elegância poética de Adriana Lessa

Se não vemos um cenário tão cheio de nordestinidade e cor, temos um figurino deslumbrante concebido por Wanderley Gomes, que enche o espetáculo de brasilidade. No elenco, a participação de Adriana Lessa adiciona elegância e poesia à narrativa, especialmente quando encena a história por trás da música “Chão de Giz”, em uma cena cheia de beleza poética, onde podemos apreciar a capacidade cativante dessa grande artista em falar muito com poucos gestos e expressões. Isso já vale o ingresso. É o momento em que ela empresta seu talento para dar vida a Gisa, um dos grandes amores de Zé Ramalho, que inspirou a emblemática canção, uma das minhas preferidas do músico.

Desafios de “O Admirável Sertão de Zé Ramalho”

O repertório de Zé Ramalho é tão vasto que é bastante desafiador condensá-lo em apenas duas horas de espetáculo, mas a peça procura seguir uma cronologia coerente. O texto de Pedro Kosovsky busca pintar um quadro geral da vida de Zé Ramalho, destacando algumas nuances, como suas incursões na psicodelia e na sociedade alternativa. Ademais, logicamente, o espetáculo também faz incursões na crítica política, uma característica marcante das composições desse gênio que escolheu ir contra o fluxo das massas.

Um dos pontos mais interessantes da peça é a forma como tenta equilibrar a narrativa da vida de Zé Ramalho com a história por trás de algumas de suas músicas. Isso reflete a própria complexidade do artista, que mistura elementos da cultura nordestina com influências do rock, como os Beatles. Há inclusive uma cena, que usa bem a imponente e lindíssima estrutura do Teatro Prudential, onde parece que vemos Beatles brasileiros.

Além disso, outro destaque é a interação com o público. Essa conexão cria laços emocionais e exacerba a vitalidade do espetáculo.

Em resumo, pude ver a peça a convite da crítica teatral Paty Lopes, e devo dizer que ” O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é uma celebração da rica trajetória musical e pessoal de um dos maiores artista brasileiros. Uma experiência que faz mergulhar na complexa e fascinante jornada de Zé Ramalho.

Serviço:

Teatro Prudential

Rua do Russel 804, Glória.

De 28 de setembro a 29 de outubro

De quinta a sábado, às 20h. Domingo, 18h.

Obs: 05 de outubro não haverá apresentação

Dias 28, 29, 30 de setembro e 01 de outubro [Estreia com preços promocionais]
R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)

A partir de 06 de outubro [Ingressos com preços normais]
Quinta e sexta – R$ 90,00 (inteira) / R$ 45,00 (meia)
Sábado e domingo – R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)

*Obs.: 05 de outubro não haverá apresentação

Classificação: 12 anos
Duração: 105 MINUTOS

INGRESSOS:

Atendimento Presencial: De terça à sábado de 12h às 20h, Domingos e feriados de 12h às 19h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Prudential possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos.

Ficha técnica:

Texto: Pedro Kosovski
Direção: Marco André Nunes
Idealização e produção artística: Eduardo Barata

Direção musical: Plínio Profeta e Muato
Direção de movimento: Caroline Monlleo
Elenco: Adriana Lessa, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro, Tiago Herz e Genilda Maria (atriz stand-in)
Cenário: Marco André Nunes e Uirá
Figurinos: Wanderley Gomes
Iluminação: Dani Sanchez
Desenho de som: Júnior Brasil
Visagismo: Fernando Ocazione
Assistente de direção: Diego Ávila
Programação visual: Felipe Braga
Fotos: Cristina Granato

Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa

Direção de produção: Elaine Moreira
Produção executiva: Tom Pires
Produção: Barata Produções

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