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Do Sul a Vingança
CinemaCrítica

Crítica: Do Sul a Vingança é um resgate ao cinema marginal

Dirigido por Fábio Flecha, Do Sul a Vingança é um filme independente legitimamente brasileiro

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 12 de maio de 2025
6 Min Leitura
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Nos anos 70, o cinema brasileiro estava em crise. Após o advento do Cinema Novo, um movimento que produziu filmes marcantes como Vidas Secas (1963, Nelson Pereira dos Santos) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964, Glauber Rocha), o cinema nacional chegou em um período complicado na medida que não conseguia mais falar com grande parte do seu público, ainda mais durante um período de ditadura militar, assim, desta dificuldade, surgiu o movimento do cinema marginal.

Indo na contramão do cinema novo, que almejava o espetáculo, o cinema marginal, seguindo os ideais da contracultura, buscava o grotesco, o absurdo, o feio, o desfocado, o tecnicamente questionável, abrindo margem para grandes cineastas como Zé do Caixão e outros diretores que tomaram como inspiração os filmes trash do cinema norte-americano. Grandes produções como A Mulher de Todos (1969, Rogério Sganzerla) e diversas adaptações de Nelson Rodrigues, como A Dama da Lotação (1978, Neville de Almeida), surgiram neste período para maravilhar o público brasileiro, que achou gosto novamente em ir ao cinema.

Os anos se passaram, o cinema marginal morreu, e novos movimentos cinematográficos surgiram como o cinema de retomada, o cinema brasileiro contemporâneo e atualmente o novo cinema brasileiro contemporâneo, porém, produções como Do Sul a Vingança, provam como os seus mandamentos continuam vivos na alma de cineastas brasileiros.

Confira abaixo o trailer do filme Do Sul a Vingança e continue lendo a crítica

Da mesma forma que as chanchadas da década de 50 e o cinema marginal da década de 70/80, Do Sul a Vingança abraça uma estética trash de algum gênero que alcançou sucesso no exterior, neste caso em específico é o filme de faroeste, com interações cômicas salpicadas em toda a produção, afinal, a partir de uma estética tão amadora quanto a usada em Do Sul a Vingança, com atuações nem um pouco naturalistas, objetos cenográficos falsos, uma edição bizarra, uma decupagem amadora, e por aí vai, não a nada a fazer a não ser abraçar com gosto toda esta estética, e rir junto com a audiência.

Do Sul a Vingança

Cena de Do Sul a Vingança- Divulgação Oficial

O brasileiro apresenta uma capacidade muito forte de rir de si mesmo, em todos os sentidos, afinal, não importa quão ruim seja a situação, nós conseguimos achar algo para rir. Acredito que esta tenha sido a missão de Fábio Flecha ao fazer o primeiro filme de ficção inteiramente produzido no Mato Grosso do Sul, um feito honrável.

Ao contar a jornada do escritor Lauriano e sua jornada na fronteira entre Mato Grosso do Sul, Paraguai e Bolívia, em busca de material de inspiração para seu novo livro sobre true crime, Do Sul a Vingança nos apresenta bizarrices técnicas nível The Room (2003, Tommy Wiseau) ou Cinderela Baiana (1998, Conrado Sanchez), como flashbacks em preto e branco, que são obviamente filtros, personagens desfocados e na contra luz, além de soluções de roteiro que até mesmo os próprios personagens comentam que são absurdas, de novela, ou “retirada de um filme B da década de 80”.

Durante as duas horas da produção, percebemos o peso que Do Sul a Vingança deseja colocar em seus acontecimentos, porém, o próprio amadorismo técnico impede, uma característica vista no cinema marginal como forma de transgressão à estética perfeita que o cinema novo apresentava. Em um momento de O Bandido da Luz Vermelha (1968, Rogério Sganzerla), o protagonista diz:

“Quando você não pode mudar, você avacalha”, que é exatamente o que ocorre em Do Sul a Vingança, do começo ao fim.

Do Sul a Vingança

Cena de Do Sul a Vingança- Divulgação Oficial

Diferente de produções do novo cinema contemporâneo, Do Sul a Vingança é um filme bem mais barato, com orçamento de R$ 397 mil reais, e apesar de não ser tão denso ou complexo quanto estes, merece seu valor por conta da ousadia de abraçar o ridículo, e a limitação, em todos os sentidos, que não impediu de ser feita uma produção de ação, comédia e faroeste, com um sangue extremamente brasileiro, abrindo portas para demais produções independentes que podem sair do Mato Grosso do Sul e de demais estados brasileiros.

Após vencer a categoria de melhor longa metragem Indie no Los Angeles Film Awards 2025, Do Sul a Vingança estreia nos cinemas nacionais no dia 15 de Maio de 2025.

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Tags:cinema independentecinema indie brasileirocinema marginalcrítica do sul a vingançaresenha Do Sul a Vingança
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