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Crítica | Espiral: O Legado de Jogos Mortais

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Eu lembro até hoje do impacto que o primeiro filme Jogos Mortais causou em mim e nos meus amigos quando estreou nos cinemas em 2004. Todo mundo só falava do “assassino” que não era assassino porque que não matava suas vítimas, falavam das armadilhas bizarras e das reviravoltas para descobrir quem era o verdadeiro Jigsaw. O filme foi marcante não só para uma geração inteira, como também foi o primeiro grande lançamento do estreante a diretor e roteirista James Wan, que daí pra frente iria fazer história no gênero de terror e suspense.

A premissa do filme era interessante. Pessoas que não valorizavam a vida que tinham eram sequestradas pelo Jigsaw e postas em situações que lhe davam duas alternativas; a mutilação ou a morte, mas antes teriam que entender o porquê estavam ali, para que assim, caso decidissem tentar sair daquela situação, pudessem entender que a vida é um presente e que todos os seus dias na terra precisavam de celebração. O resultado é que a maioria das vítimas se desesperavam e morriam devido aos ferimentos.

O filme é ótimo, o orçamento dele foi bem baixo ($1.2 milhão) e o retorno nas bilheterias foi absurdo ($104.7 milhões). Com esse imenso sucesso financeiro, Hollywood fez o que faz de melhor (ou não): transformar fenômenos cinematográficos em franquia, lançando o maior número de sequências possíveis, extraindo o maior lucro possível dela sem se importar com a qualidade das sequências. Com isso foram 8 filmes, ano após ano, e duas promessas de encerramento da história.

Achou mesmo que tinha acabado? Achou errado, otário!

Como já dizia Harvey Dent no filme Batman O Cavaleiro das Trevas “Ou você morre como herói, ou vive o bastante para se tornar um vilão”, e foi o que aconteceu. Os diretores das sequências passaram a ignorar completamente a ideologia do Jigsaw e focaram apenas nas cenas de mutilações, assim a fórmula foi cansando com o tempo, e consequentemente isso foi afastando o público. Com menos gente indo ao cinema, o estúdio prometeu encerrar a franquia com um último filme que foi lançado em 2017.

Em 2019 ( dois anos após o “último” filme da saga ) foi anunciado que o ator e comediante Chris Rock escreveria o roteiro de um spin-off da franquia de filmes Jogos Mortais. Isso mesmo, Chris Rock, o criador da famosa série Todo Mundo Odeia o Chris, o nosso eterno “carinha que mora logo ali”. Fã declarado da saga, ele apresentou algumas ideias ao estúdio e ajudou a dar vida como protagonista à história que foi escrita pelos roteiristas Josh Stolberg e Pete Goldfinger.

Dessa forma, já que aqui a ideia era a de voltar às origens, calhou da direção do projeto ficar nas mãos de Darren Lynn Bousman, o responsável pelo segundo, terceiro e quarto filme da franquia, que prometeu algo bem diferente de tudo o que havia sido feito antes, mas com a essência dos primeiros filmes, algo como um reboot, só que com US $20 milhões de dólares de orçamento. O maior de um filme da saga.

A história:

Zeke (Chris Rock) é um detetive da polícia de Nova York que se vê envolvido em um caso de suicídio que por algumas particularidades remete as táticas do falecido Jigsaw. Ao descobrir a identidade da vítima, Zeke pede a delegada Angie (Marisol Nichols) para assumir o caso, mas sabe que não pode contar com a cooperação dos outros policiais do departamento já que no início de sua carreira optou por denunciar a corregedoria um de seus colegas por ter assassinado uma testemunha de um crime que ambos estavam investigando, e desde então, é visto como o dedo duro da corporação. A partir daí, começa uma corrida contra o tempo para tentar descobrir quem estava imitando as táticas do Jigsaw e atacando os policiais corruptos de Nova York.

A premissa é bastante interessante, ainda mais em tempos onde não podemos confiar em nossas polícias, ver alguém aplicando algum tipo de justiça ( mesmo que na ficção ), lava um pouco a alma. Pena que a execução da ideia se perde no desenrolar dos minutos seguintes e se repete em cenas de drama forçadas e cenas de desmembramentos e mutilações que só servem para te deixar com aflição.

O roteiro segue por três linhas narrativas que se juntam no final; enquanto o imitador do Jigsaw segue aplicando a sua justiça eliminando os policiais corruptos, ao mesmo tempo acompanhamos a relação de Zeke e seu pai (Samuel L. Jackson), antigo delegado da polícia de Nova York, idolatrado por toda a corporação por ter sido implacável no combate ao crime quando estava na ativa. Além disso, Zeke está responsável por treinar o novato William (Max Minghella), um policial que acredita que o detetive é um exemplo a ser seguido, mesmo que às vezes utilize métodos controversos para resolver seus casos. Vide a cena inicial, que não só causou um escândalo na corporação, mas irritou bastante a delegada Angie a ponto de obrigar Zeke a ter um novato como parceiro, mesmo contra a sua vontade.

Dessa forma a história caminha com atuações caricatas como a do protagonista Zeke (Chris Rock) soltando uma piadinha aqui, outra ali, forçando atuações mais dramáticas fazendo com que a gente sinta vontade de rir durante cenas que deveriam ser sérias. Samuel L. Jackson tem pouco tempo de tela, mas consegue roubar os nossos corações com a sua atuação clássica. Max Minghella entrega bem como o parceiro novato de Zeke, é fácil gostar de seu personagem logo de cara.

Conclusão

Espiral: O Legado de Jogos Mortais tem personagens cativantes e é bastante competente quando se trata de apresentar corpos sendo mutilados. Porém, se a ideia aqui era reiniciar a franquia e voltar às suas origens, esqueceram de focar mais nos quebra-cabeças e seus porquês, já que tudo aqui é bastante genérico (com direito a explicação do vilão no final) e nada te deixa realmente com vontade de descobrir quem está por trás dos homicídios. Você simplesmente se deixa levar pelo que está sendo apresentado. A nova sequência de Jogos Mortais estreia dia 17/06.

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‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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