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Fronteiras | Cine África traz a diretora Apolline Traoré de Burkina Faso

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Apolline Traoré

O filme dirigido e roteirizado por Apolline Traoré mostra a sororidade entre quatro mulheres que vai acontecendo durante uma viagem pela África Ocidental (do Senegal à Nigéria), passando pelas fronteiras de alguns países. Adjara, Emma, Sali e Visha se unem para enfrentar obstáculos e desafios que ocorrem durante a travessia. Além da amizade construída por essas personagens, a
trama traz para cena outros assuntos como: corrupção, violência, relações interpessoais que acontecem, principalmente no espaço do cruzamento entre os países, na fronteira que, no filme, também possui um valor simbólico.

Aliás, a relação entre elas vai sendo construída não só fisicamente, mas também dentro do imaginário de quem faz a travessia. As relações, nesse espaço, se dão de maneira diferente, é nesse espaço do não lugar, da junção e do intercâmbio entre territórios que acontece o processo de união entre as personagens e a sororidade se estabelece.

“Deus não vai desistir da gente”

A fala da personagem Adjara para Emma, dentro do ônibus, durante a viagem física e simbólica, coloca o espectador dentro da trama. Nesse ponto do filme, personagens e espectadores se fundem e passam a questionar os vários tipos de fronteiras que devem e precisam cruzar ao longo da viagem e na vida de cada um que está mergulhado nesta fusão.

As fronteiras geográficas existem, mas a sensibilidade de Traoré, como diretora, apresenta outras fronteiras que as mulheres enfrentam e necessitam atravessar ao longo da vida, tais como: a fronteira do machismo, do sexismo, da misoginia, da violência, do patriarcado, porém a que chama mais atenção é a fronteira interna/emocional que se coloca na frente de cada uma delas.
A viagem, que começa no Senegal e termina na Nigéria, modifica cada mulher e essa mudança é tão marcante e ao mesmo tempo metafórica que percebemos como é difícil ultrapassar as fronteiras de si mesma, já que esse é um lugar de fluidez e inconstância.

Superação

Mudar, ultrapassar, desvendar, descortinar, enfrentar vários desafios, emoções, sensações não é muito fácil para mulheres, ainda mais quando se está em movimento, na estrada. Afinal, a sociedade ainda se desenha sob o olhar masculino. Mas as personagens revelam essa possibilidade, cada uma com seu jeito, com seu olhar e sua cultura. O filme Fronteiras, ainda que leve, é para assistir com muita atenção, pois, além de apresentar sentimentos, medos e sensações, apresenta também uma bela fotografia. As cores locais por onde a câmera se desloca, nos levando para um local, ainda que fronteiriço, cabem afetos e conquistas.

No final. e afinal, qual é o limite? Estar ou não dentro da legalidade? Confiar ou não no outro? Viver ou não uma nova experiência? Certamente, o que permanece é perceber que não é fácil cruzar todas essas fronteiras, principalmente as internas.

Enfim, para ver o filme é só acessar: mostradecinemasafricanos.com

*Sylvia Helena de Carvalho Arcuri é Doutora em Literatura Hispano-americana pela UFRJ e escreve na página Rolé Literário, que está cobrindo a Mostra de Cinemas Africanos em parceria com o Vivente Andante

Afinal, confira uma conversa com a idealizadora e curadora do Cine África:

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Cinema

Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante

‘Meu Vizinho Adolf’ aborda as consequências do nazismo em uma dramédia tocante.

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Após a Segunda Guerra Mundial muitos nazistas se refugiaram na América do Sul, algo que já foi abordado das mais diversas formas no cinema. Meu Vizinho Adolf, traz o tema novamente agora colocando um suposto Hitler como vizinho de um judeu que sofreu com o Holocausto. Um tema delicado que o diretor Leon Prudovsky consegue tratar bem e com um tom de humor mais discreto.

Mr. Polsky (David Hayman) perdeu toda sua amada família e decidiu viver isolado em uma velha casa na Argentina. Sua paz termina quando Mr. Herzog (Udo Kier), um alemão irritadiço, se muda para a casa ao lado. A aparência e o comportamento dele fazem com que Polsky desconfie que seja Adolf Hitler disfarçado.

Um clima triste mas que ainda nos faz rir

O personagem de Hayman passou anos evitando contato humano, sequer aprendeu espanhol, ele carrega uma dor que aperta o coração desde o início. Ainda, assim ele é um velho teimoso e também ranzinza do tipo que nos faz rir. Ao colocar na cabeça que seu vizinho é o próprio Führer, ele tenta alertar as autoridades sem sucesso.

Com isso Polsky começa a estudar a figura funesta para poder provar sua teoria. Todas as brigas e tentativas de invasão e espionagem são divertidas, não é aquele humor de fazer gargalhar e provavelmente não era essa a intenção do diretor. Conforme o filme avança, ambos vão criando uma amizade que obviamente é extremamente incômoda para Polsky. Mas ele começa a achar que estava errado até encontrar provas um pouco mais substanciais.

Um filme simples mas bem feito

Meu Vizinho Adolf não é um longa que exige cenários grandiosos, é tudo muito simples, são poucas locações. O foco são as atuações de David Hayman e Udo Kier que consegue cativar. Ambos os personagens carregam um passado cruel e toda a dor que eles sentem é revivida com força no final. A comédia fica um pouco de lado para falar de algo sério de forma acertada. Ao final temos um bom filme que consegue mostrar a crueldade do nazismo sem ter que colocar nenhuma cena pesada demais.

Estreando hoje nos cinemas brasileiros, Meu Vizinho Adolf é uma boa opção para quem quer fugir dos pipocões. Fique com o trailer:

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