Dirigido por Waldemar Fast, Grand Prix: A Toda Velocidade apresenta uma animação fluida e visualmente interessante, voltada principalmente para o público infantil.
Quando criança, um dos meus desenhos favoritos era Tom e Jerry: Velozes e Ferozes (2005, Bill Kopp). Essa aventura maluca do gato e do rato mais famosos do cinema mostrava uma corrida grandiosa ao redor do mundo, cheia de armadilhas, paisagens diversas e emoções contraditórias. Assim que assisti ao trailer de Grand Prix: A Toda Velocidade, essa lembrança me veio imediatamente à mentem afinal, há algo de familiar na mistura entre velocidade, humor e cor.
Apesar de o arco dramático do filme de Waldemar Fast ser mais coerente que o caos desenfreado da produção da minha infância, ele segue uma estrutura narrativa básica, utilizando uma animação colorida e expressiva para prender a atenção das crianças, recheando-a de cenas de ação grandiosas envolvendo corrida. Ainda assim, o filme parece se esforçar demais para se manter interessante, concentrando-se nos elementos errados e negligenciando as interações mais marcantes.

Cena de “Grand Prix”- Divulgação Copyright 2025 MACK Magic : Warner Bros. Entertainment GmbH
A trama gira em torno de Edda, uma jovem ratinha que vive no subúrbio de Paris, ajudando o pai a administrar o parque de diversões da família, enquanto sonha em competir no Grand Prix. Sua vida muda completamente quando descobre que o parque será tomado, e, após um acidente, a única forma de salvá-lo é participando da corrida ao lado de seu grande ídolo, Ed. Disfarçada como o famoso piloto, Edda realiza o sonho de competir, enfrentando obstáculos que testam tanto sua coragem quanto seus valores.
Se há um elemento em que Grand Prix: A Toda Velocidade realmente se destaca, é na parte técnica. A animação 3D é surpreendentemente bonita, com uma paleta vibrante dominada por tons de azul e dourado que reforçam o clima aventuresco, com cenas de corrida bem coreografadas, cheias de fluidez e energia, cumprindo perfeitamente o papel de encantar as crianças, que, afinal, são o público-alvo do filme.
Apesar do espetáculo, a premissa não é original, sendo uma mistura de Carros (2006, John Lasseter) com Mulan (1998, Tony Bancroft e Barry Cook), mas sem o brilho de nenhuma das duas. O roteiro raramente ousa, preferindo caminhos previsíveis em vez de explorar possibilidades mais instigantes. Personagens marcantes como o corvo Nachtkrabb e a vidente Rosa, são desperdiçados, servindo mais como enfeites narrativos do que peças importantes na jornada da protagonista, resultando em um filme que aposta alto no espetáculo visual e nas lições sobre amizade e família, mas que raramente mergulha na profundidade emocional que poderia torná-lo memorável.

Cena de “Grand Prix”- Divulgação Copyright 2025 MACK Magic : Warner Bros. Entertainment GmbH
Comparado a Velozes e Ferozes, que quase não possui um arco dramático mas mantém um ritmo de ação constante, Grand Prix: A Toda Velocidade busca equilibrar emoção e narrativa. Entretanto, o resultado é irregular: o filme chega ao seu destino, mas com tropeços e longas pausas narrativas que diminuem o ritmo com longas cenas que não ocorre nada. Nessas partes, quando poderia explorar mais o caos e a criatividade, o longa se mostra contido, repetindo fórmulas já conhecidas.
Se o direcionamento criativo fosse mais ousado, Grand Prix: A Toda Velocidade poderia facilmente se destacar, no entanto, ao olhar demais para o que veio antes e não arriscar algo verdadeiramente único, capota no meio da pista. Após um segundo ato enfraquecido, resta apenas atravessar a linha de chegada com um espetáculo visual bonito, mas vazio, emocionando as crianças e entretendo os mais sensíveis, mas dificilmente ficará na memória como algo além disso: um passatempo divertido, mas passageiro.
Distribuído pela Paris Filmes, Grand Prix: A Toda Velocidade estreia nos cinemas em 6 de novembro.
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