Dirigido por Jonathan Entwistle, Karatê Kid: Lendas entrega diversão e fan-service, porém, não inova a franquia
O impacto do primeiro Karatê Kid (1984, John G. Avildsen) é inegável, com uma premissa simples, divertida, e extremamente anos 80, a produção é amada até hoje, sendo até considerada um dos 50 melhores filmes com temática de ensino médio, segundo o site americano Entertainment Weekly. A franquia se mantém forte após 40 anos, tendo diversas continuações e uma subversão de sua história original em Cobra Kai (2018, Jon Hurwitz), com tudo isso, era inegável que a indústria continuaria achando novas maneiras de achar sucessos com a franquia, eis que entra Karatê Kid: Lendas.
A produção apresenta todos os beats de uma história que os fãs já conhecem de coração: um jovem se muda de cidade com sua mãe, se apaixona pela menina bonitinha que namorou o valentão, e deve lutar em um concurso de karatê, sendo treinado por um sábio mentor no processo. Já vimos esta história mais vezes do que conseguimos contar, somente 3 vezes dentro da própria franquia, em 1984, em 2011, e em 2018 na série Cobra Kai, porém, desta vez, com algumas mudanças e inovações muito bem vindas.
Ao contar a história de Lin (um excelente Ben Wang), sua mudança de Pequim para Nova York, sua aproximação com Mia (Sadie Stanley), e com seu pai Victor (Joshua Jackson), e o futuro torneio iminente de Karatê, Karatê Kid: Lendas não inova a fórmula, se analisarmos friamente, é a produção mais adolescente e com menos carga dramática, de toda a franquia, porém, encontra seu brilho na promessa de franquias que duram mais tempo do que deveriam: seu legado.
Confira abaixo o trailer de Karatê Kid: Lendas e continue lendo a crítica
Todo fã adora um respeito com seu material original, se feito com respeito, é um sucesso na certa, algo que a NETFLIX entendeu quando comprou os direitos de produção de Cobra Kai e expandiu o seu universo. A audiência almeja este fan-service, ela quer ver Hugh Jackman fazendo Wolverine até os 90 anos, quer que a futura série biográfica do Chespirito tenha os mesmos dubladores da série original do Chaves (1980, Roberto Gómez Bolaños), e aplaude quando William Zabka aparece em Karatê Kid: Lendas, somente com o intuito de fazer uma piada.
O retorno de Jackie Chan e de Ralph Macchio, pode ser considerado gratuito, principalmente de Macchio, que não apresenta arco ou relação nenhuma para com Li, sendo somente uma ponte entre a franquia original e o novo filme, porém, é inegável a força que eles apresentam em cena, principalmente Chan como um Senhor Han bem mais divertido do que fomos apresentados em Karatê Kid (2011, Harald Zwart), quase como se fosse outro personagem.

Ralph Macchio, Ben Wang e Jackie Chan em cena de Karatê Kid: Lendas- Divulgação Oficial
A presença de personagens OG, termo usado em demasia na franquia Pânico (1996, Wes Craven), apesar de servir como um lembrete e um ode aos fãs, não acrescenta muito mais à franquia, Senhor Han pelo menos apresenta uma ligação emocional com Lin, porém, o Daniel LaRusso de Ralph Macchio, acaba não acrescentando nada para a franquia além de um lembrete de outro filme, não apresentando um arco ou sequer cenas memoráveis, porém, apresentando uma força que muitos personagens não apresentam, somente pelo fato de ser Daniel LaRusso, da mesma forma que Harrison Ford em Star Wars: O Despertar da Força (2015, J.J. Abrams), sua força vêm de seu legado, a base deste filme.
Com soluções um pouco fáceis de roteiro, um ritmo bem mais frenético do que outras produções da franquia, e lutas que poderiam ter sido melhor coreografadas com os movimentos de câmera, Karatê Kid: Lendas é uma produção que não faz questão de inovar na história, assim, se diverte com esta consciência da audiência e entrega o que o público quer ver: uma história leve, adolescente, com momentos de humor e certa dose de nostalgia, nada mais do que isso.

Ao final de uma produção que apresenta altas doses de dejà-vu, a mensagem final é que devemos sempre seguir em frente, tanto para o protagonista Lin, que aceita que não se pode prender aos erros do passado, quanto talvez para a própria franquia Karatê Kid, que necessita urgentemente de novidades, afinal, por mais quanto tempo conseguirão entregar uma boa repetida história, antes do público exigir algo novo?
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