A abertura já impressiona pela atmosfera e as belas cenas. Como um nascimento, ou renascimento. A fotografia com um tom azulado, sombrio, enevoado, impacta. E vêm o logotipo: Katla. A princípio, a Islândia é uma país que gera muita curiosidade para quem lê sobre, afinal, é uma grande ilha vulcânica que fica ao norte do oceano Atlântico um pouco ao sul do Círculo Polar Ártico. Tem cultura nórdica. Pessoalmente, ainda não tive oportunidade de ir, mas tenho essa intenção.
No Brasil não temos vulcões ativos, o que gera ainda mais curiosidade pela série. Tive a oportunidade uma vez de ir ao Chile e fui até o topo de um vulcão ativo, o Villarrica, e é algo impressionante. Só vi o enxofre saindo e não era bom ficar perto. Nessa produção islandesa que a Netflix traz acompanhamos vulcanólogos que percebem mudanças contínuas acontecendo ao redor. São vários termos novos e científicos que você vai aprender.
A série começa com a erupção do vulcão que nomeia a série, o Katla, na localidade de Vik. Em seguida, alguns toques de fé e misticismo começam a surgir, como a ótima personagem Bérgrun (Guðrún Gísladóttir, perfeita) que joga cartas e prevê mudanças, com sua sabedoria, vê além. Além disso, tem corvo trazendo presságios e gatos. Pensei em uma antologia que participei com uma crônica, da Editora Morse, em cima da obra do estadunidense Edgar Allan Poe (saiba mais e baixe o livro gratuitamente aqui). Há um clima de suspense e mistérios que faz lembrar desse autor que usava o sombrio com perfeição.
Tem qualidade?
Sim, desde o começo Katla entretém e prende o espectador em sua trama. A partir da sucessão de acontecimentos que advém do surgimento da personagem Gunhild Ahlberg (Aliette Opheim), o piloto vai respingando questões interessantes, aos poucos, num ritmo eficiente, no tempo certo. De alguma forma, lembrei de Twin Peaks (1990-1991), talvez pela aura de suspense que ronda tudo. O segundo episódio tem início também provocador (final ainda mais) e o ritmo segue sem acelerar em demasia, nem ser lento. Os planos abertos trazem uma noção do quando o lugar é inóspito, um cenário muito distinto e único. Os closes amplificam a surpresa dos personagens e a diferença da cultura brasileira para a islandesa pelo modo como reagem.
Fica difícil não maratonar com a forma como as coisas estranhas aparecem e ocorrem. A produção é eficiente em instigar o espectador com seus toques de sobrenatural que afetam toda a comunidade de Vik e as relações interpessoais mal resolvidas. O folclore islandês é uma das bases de tudo.
Uma questionamento que a série nos apresenta é: o que fazer quando o passado vem de encontro ao presente?
Por fim, Katla vem pelas mãos do diretor Baltasar Kormákur (?Everest, Trapped)tem qualidade em vários sentidos, desde elenco, direção, até roteiro, e não decepciona.
Aliás, se liga no trailer:
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