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Crítica | O safismo, blasfêmias e o male gaze de ‘Benedetta’

Por
Felipe Novoa
Última Atualização 30 de março de 2023
6 Min Leitura
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divulgação Benedetta
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Gostar de “Benedetta” é uma passagem só de ida para o inferno. Profanidades, intrigas, blasfêmia, sexo, perversão e pecado; parece ser disso que o filme trata. Além disso, o longa retrata um pouco do catolicismo medieval em algumas das locações mais belas de todo o interior da Italia. “Benedetta” apresenta uma história tão insana e mentirosa que em alguns momentos não dá pra saber o que é real e o que não é.

Enredo

A princípio, “Benedetta” é só sobre a fé; a inegável e inabalável fé de uma jovem donzela que vai crescer num convento na cidade italiana de Pescia, na região da Toscana. É o começo do século 17 e toda a região está lentamente sendo consumida pela peste; o povo busca a Deus para lhes proteger e guiar nesses tempos de incerteza e de medo.

A pequena Benedetta Carlini (Virginie Efira) é entregue a Abadesa de Pescia (Charlotte Rampling) para ser criada num convento, como ela foi prometida desde o nascimento. Já no seu primeiro dia ela sofre um milagre, o que leva a Abadessa e a sua filha Christina (Louise Chevillotte) a manter um olhar atento sobre a menina.

Absurdos

Talvez, o ponto mais fascinante que “Benedetta” abrange é a credibilidade não só desta mulher tocada pelo divino, mas a de todos os santos da Igreja Católica. Os milagres a principio parecem reais, mas sempre existe margem para interpretação, ou até para a dúvida, como a própria Christina atesta. Assim, é difícil saber se a Benedetta era sincera, louca, mentirosa ou simplesmente uma enxadrista brincando com a fé e sentimentos alheios.

Dessa forma, o que seria a fé senão a loucura socialmente aceita? Uma mulher começa a sangrar e a apresentar feridas nas mesmas partes do corpo que o Cristo, além de incorporar o próprio nos momentos mais oportunos; quem pode ou não dizer que estes milagres são reais. “Benedetta” aparenta ser uma obra mais focada na credibilidade dos dogmas centrais do catolicismo do que na mulher Benedetta em si, mas o diretor, Paul Verhoeven, concilia perfeitamente a narrativa e o aparente subtexto.

Triste previsibilidade

A partir disso, do enredo e do que parece ser a real mensagem, Verhoeven acaba vacilando em um ponto simples. “Benedetta” é simples demais. Em dois momentos o diretor usa do foreshadowing, ou um prenúncio narrativo, para mostrar objetos e ideias que serão importantes mais tarde no filme.

Em ambos os momentos essa oportunidade de criar tensão é desperdiçada, de forma que você adivinha o que vai acontecer, e quando a aposta se paga, não existe nenhuma recompensa emocional. As reviravoltas são previsíveis, e dessa forma o os clímaces se tornam insatisfatórios.

Sexualização e machismo

Infelizmente, “Benedetta” tem um detalhe quase insuportável, o male gaze, ou o ponto de vista masculino. Male gaze, é um retratar a mulher numa obra a partir da visão do homem hétero, uma visão que assume a mulher como um objeto criado para o prazer masculino.

Ainda que essa visão seja obra do acaso, “Benedetta” fica desconfortável nas diversas e sinceramente pesadas cenas de sexo. O contato feminino brutalmente aberto dessensibiliza a audiência de uma forma pornográfica, que é honestamente desconfortável.

Mesmo que toda a sexualidade ali seja verdade, existe algo inerentemente voyeur e invasivo nessas cenas. Por conseguinte, a audiência sem pensamento crítico pode ficar desconfortável com o as cenas carnais. Finalmente, a pequena estátua, sendo um dos pontos mais chocantes do filme, parece não ter realmente existido.

Conclusão

Em conclusão, sintetizar “Benedetta” não é uma tarefa fácil, justamente por conta da ambivalência com que a construção da história e o filme em si coexistem. Em termos puramente técnicos, “Benedetta” é fenomenal. Com uma trilha sonora absolutamente bela, atuação impecável, design de produção crível e uma direção precisa.

Por outro lado, a forma como a história é apresentada é problemática e, em alguns momentos, pedestre. Ver “Benedetta” é uma experiência impactante, grave e transformadora, resta saber se é por um bom motivo ou não.

O filme dia 13 de janeiro, quinta-feira, em 40 salas de cinema das cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Porto Alegre, Recife, Brasília, Salvador, Belém, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Florianópolis, João Pessoa, Maceió, Natal e Vitória.

Enfim, o trailer:

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Tags:benedettabenedetta criticabenedetta resenhacinema francêsfilme católicofilme francêsfilme italianopaul verhoeven
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Crítico/fotógrafo. Atualmente focando na graduação em jornalismo e escrevendo muito.
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